Lembro do meu primeiro sorriso falso. Foi aqui no hotel Mercure Santo André, o lugar dos sorrisos inventados.
Meus músculos pareciam ter dado câimbra no pescoço de tanto que a pele puxava. Minhas sobrancelhas se contraiam uma querendo encontrar a outra enquanto meus olhos arregalavam-se. Minha boca esticava horizontalmente mostrando meus dentes amarelos e tortos. Podia até sentir uma gota de suor escorrer. [Receita: vá até seu espelho, realize a proposta e chore, porque o resultado é de arrepiar]
Me senti péssimo. Me senti culpado e então conversei baixinho comigo mesmo para não repetir uma vulgaridade dessas novamente:
- Pô, Yu. Que que tá acontecendo cara?
- Não sei, porra, não sei.
- Você tem que se dar uma chance.
- É... eu sei.
- Que história é essa, cara, de sorrir assim sem vontade? Não é assim que funciona um sorriso.
- Por aqui é assim mesmo. Somo obrigados a imaginar que estamos no meio de um pique-nique cercado de amigos. Mas esses amigos só querem sua comida, depois vão embora sem nem se despedir. Filhos-da-puta!
- Mas olha essa sua cara. Você parece um diabo com essa careta ridícula.
- É um sorriso!
- ahUHAuaHUAhuaHUa! Isto é um sorriso. Mais que isso, é uma risada. Percebeu a diferença?! Cara, quando foi que você esqueceu isso? Não te conheço mais.
- Mas você sabe, eu não sou assim, não consigo.
- Por isso eu ainda estou com você, parceiro. Exatamente por isso.
Lembro do meu primeiro sorriso falso. Você se lembra do seu?
Ao longo dos anos, só o que pareço é estar sempre assim, sorrindo em vão. E era tão fácil... tão automático. A risada e o sorriso sincero estão caros e em falta no mercado. Que medo.
Às vezes invento tantas histórias, tantas lembranças que já perdi o que realmente aconteceu. E imagino ter sido feliz ontem. Sempre ontem. Mas ontem eu estava no meu quarto, chorando...
Meus músculos pareciam ter dado câimbra no pescoço de tanto que a pele puxava. Minhas sobrancelhas se contraiam uma querendo encontrar a outra enquanto meus olhos arregalavam-se. Minha boca esticava horizontalmente mostrando meus dentes amarelos e tortos. Podia até sentir uma gota de suor escorrer. [Receita: vá até seu espelho, realize a proposta e chore, porque o resultado é de arrepiar]
Me senti péssimo. Me senti culpado e então conversei baixinho comigo mesmo para não repetir uma vulgaridade dessas novamente:
- Pô, Yu. Que que tá acontecendo cara?
- Não sei, porra, não sei.
- Você tem que se dar uma chance.
- É... eu sei.
- Que história é essa, cara, de sorrir assim sem vontade? Não é assim que funciona um sorriso.
- Por aqui é assim mesmo. Somo obrigados a imaginar que estamos no meio de um pique-nique cercado de amigos. Mas esses amigos só querem sua comida, depois vão embora sem nem se despedir. Filhos-da-puta!
- Mas olha essa sua cara. Você parece um diabo com essa careta ridícula.
- É um sorriso!
- ahUHAuaHUAhuaHUa! Isto é um sorriso. Mais que isso, é uma risada. Percebeu a diferença?! Cara, quando foi que você esqueceu isso? Não te conheço mais.
- Mas você sabe, eu não sou assim, não consigo.
- Por isso eu ainda estou com você, parceiro. Exatamente por isso.
Lembro do meu primeiro sorriso falso. Você se lembra do seu?
Ao longo dos anos, só o que pareço é estar sempre assim, sorrindo em vão. E era tão fácil... tão automático. A risada e o sorriso sincero estão caros e em falta no mercado. Que medo.
Às vezes invento tantas histórias, tantas lembranças que já perdi o que realmente aconteceu. E imagino ter sido feliz ontem. Sempre ontem. Mas ontem eu estava no meu quarto, chorando...