11 de setembro de 2014
Out of season
26 de junho de 2014
Tuti
27 de março de 2013
Eu costumava rir dos meus Yuris, mas hoje eu vou chorar
20 de fevereiro de 2013
Blue Valentines
Tem coisas que não são pra mim. Mas a gente vive mesmo assim.
10 de junho de 2011
Grizzly
Um momento me abate, depois de outro me tirar a franja dos olhos. Andei por outros e desejei o que já tinha. Voei de volta, outra eu, para o mesmo de antes. Vi tudo que ansiava nas nuvens e, tola, imaginei que o tinha. Esqueci que isso eu não tinha. Então não pousei, despenquei. E vi de novo a visão das nuvens e vi que sonhei. O final não era feliz. Chorei e me desesperei, não sabia onde tinha ido tudo para o que ansiei voltar. E assim, tão rápido quanto as coisas mudam nessa história, meu choro fez tudo ser o que era antes, e fiquei confusa e com medo. Vi novamente o delírio das nuvens, e o final triste agora não era tão triste, tinha esperança ali e o prólogo alegre compensava a incerteza que se seguia. Valia a pena, pensei.
Mas, quase sem pontuação e num só fôlego, a visão se tornou música e o final veio antes do esperado. O meio mais breve não avisou que o impacto do triste fim estava logo ali. Por horas e dias ouvi sem parar a trilha do sonho e tudo ficou azul, triste, com tanto espaço e sem esperança. Fui jogada de um lado para o outro da trama, enquanto piscava, e perdi todo o meio. Não sei mais qual visão tive, se a linda e esperançosa, ou a triste e fatalista.
Sinto, porém, que neste frio, um urso cinzento me abraça e esquenta.
25 de março de 2011
Não me escreva
Eu estou te mandando esse email porque estou com um certo medo esses dias... de que você tome decisões, bem, não sei...
A questão é que, com poucas palavras, qualquer coisa pode acabar, desde brincadeiras até sonhos. Coisas que até um pequeno post it pode destruir assim, de repente, e tudo se foi.
Alice, saiba que eu te amo... eu sinto como se você sempre esquecesse isso e todo dia eu tenho que te lembrar, toda hora. Até parece que faz de propósito.
Por favor, Alice, eu te peço... você sabe que sempre tive medo das suas ideias. Você é capaz de muita coisa, e é sempre tão sincera que às vezes dói. Muitas vezes dói, na verdade.
Mas sabe... eu andei pensando e parei de deixar as coisas de lado. Comecei a pensar jeitos de te enfrentar, porque não é certo só você ter a razão porque eu não sei me explicar ou pensar rápido. Você acha mil defeitos em mim, mas eu posso te dar mil outros pra você me suportar.
Alice, por favor, me dê só mais uma semana... nesse tempo a gente descobre outro jeito. Só não me escreva aquele email, aquela carta ou aquele post it, tá? Porque eu não vou aguentar.
Te amo (todo dia e toda hora).
***
Alice, não me escreva aquela carta de amor.
5 de março de 2011
Espectadora de mim - Segundo Ato
(Qualquer lugar)
Tâmara
Estou com algum cheiro particular hoje, para esta inspiração tão profunda?
Homem
Não... na verdade, você está cheirando como sempre.
Tâmara
Eu tenho cheiro de quê??
Homem
Nada, cheiro de nada.
Tâmara
Nossa, tão incomparável assim?
Homem
É estranho, mas você não tem cheiro de nada. Sempre te cheiro procurando um cheiro de alguma coisa, mas nunca encontro nada. Nada nos cabelos, nos abraços, nem nas minhas roupas depois de uns amassos nervosos. Nem nas toalhas que te empresto, nem na minha camiseta que você usa pra dormir. Nem no travesseiro.
Tâmara
(Nervosa) Quer dizer que quando diz que estou cheirosa, é apenas o Dove, o Elsève ou o Armani?
Homem
Agora você está exagerando.
Tâmara
(Mais nervosa) Então eu tenho cheiro de água. De nada, água. Nem de terra molhada. Nem de chuva. Não é aquela brisa antes da tempestade. Mas só água. É isso? E eu tenho gosto de água também, sem gosto?
Homem
Você mata minha sede. Um oásis na areia.
Tâmara
Nhóóóóó.
(Foco na frente, entra A)
A
Mulher é isso. Idiota. Acredita em qualquer merda. Ainda mais quando na fase Tâmara de ser. Tâmara é domada facilmente com elogios piegas no início de todas as relações. Um domador experiente sabe lidar muito bem com este animal selvagem. Mas um homem de pouco tato...
***
Na onda dos cheiros.
16 de fevereiro de 2011
A melhor Alice - 5 anos
Entre favoritos, como Companheiro, Pareidolias, Desabafo em 2 tempos - II e Espectadora de mim, escolho este de junho de 2009, que é atemporal, inteligentíssimo, inocente, surpreendente e melancólico [não nesta ordem]:
Meu coração é na esquerda
´rtfo ,ri vpts~sp
***
sabe quando a gente digita rápido, sem olhar para a tela ou teclado e só depois percebe que está tudo errado, pois estava digitando uma tecla além para a direita?
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Ao Wonder o que é de Wonder, então toma! 5 anos pra nós, parabéns!!!
[será que no Wonder se conta idade igual de cachorro?]
15 de fevereiro de 2011
O melhor Yuri - 5 anos
Where Do You Go To (My Lovely)
- Alô?!
Neuilly Park Hotel, 23, rue Madeleine Michelis. É para onde ela está indo. Exatamente onde eu estou. Paris nunca pareceu tão bela. Tão bela e injusta.
Termino de escrever uma baboseira ou outra em rascunhos mais perdidos que eu, coloco uma música e vou tomar banho. Não sabia quanto tempo fazia que não tomava um banho. Minha barba também não está apresentável. Já não sabia quanto tempo fazia que eu não saia na janela. O cheiro da França nunca tinha sido tão suave.
A campainhia avisa que só a porta nos separa.
- Feliz Natal - ela esparrama as palavras que dividem atenção com os gestos de suas mãos. E o mesmo sorriso de antes.
- Você fez luzes no cabelo.
- Estou aqui. Gostou do presente? - Meu presente... Meu passado. Gostava do meu presente sem ela. Mas dela eu gosto muito mais.
- Não vai me convidar para entrar? - Ela já estava entrando, e sabia que não precisava de convite algum. Na verdade, ela nunca havia saído.
Um abraço. Nós ainda encaixamos perfeitamente. É como se tocasse sua pele baunilha sob suas roupas, como seu eu fosse seu próprio cheiro. Sentia seu coração inseguro como se sussurrasse segredos com o meu pedindo abrigo em mim. Aqueles segundo pareciam eternos. E se pudesse, diria sim.
Cigarros. Nunca mais havia fumado desde que ela foi embora. E lá estávamos.
- Que flores lindas!
- É. É mostarda. Você sempre duvidou delas.
- São lindas.
Você é linda.
Nos beijamos exilando a tensão que nos cercava. Ela passava segurança, mas suas mãos não. Suas mãos suavam pelo meu corpo enquanto eu a despia e a cercava de dentes. Uma marca de cigarro que antes não tinha. Um olhar triste que eu não conhecia. Ela respirava em cima de mim.
- Você não deveria ter me encontrado.
- Você não deveria ter vindo para um lugar tão óbvio.
- Talvez no fundo eu quisesse...
- Pensei que fosse ficar em Champs-Élysées¹. Combina com você.
- Pensei em ficar lá. Mas combina com você.
- Sabia que iria te encontrar por aqui.
- Viva la résistance!
Uma longa pausa. Um longo beijo. Ela diz o óbvio:
- Eu vou embora.
- Pra onde?
- Pra longe.
- Eu acho que também vou. Alemanha ou Amsterdã, ainda não sei... Fiquei tempo demais aqui.
- A Alemanha engorda. E vai te partir o coração.
- Mais do que você eu acho que não.
Ela levanta. Pego três flores de mostarda e coloco em seus cabelos. Ela fica perfeitamente bela vestida só com flores. Como Paris. Eu não queria deixar a França, e não queria deixá-la. Mas que escolhas eu tenho? Ela sabe porquê estou aqui, que escolhas eu tenho?...
Silêncio.
- Quer ver a visão que eu tenho de Paris? - Ela concorda com a cabeça. Pego em sua mão e caminho em direção à sacada. Então, no meio do caminho, coloco-a em frente a um espelho e a abraço por trás. Dançamos a noite inteira. A última de várias outras últimas.
31 de dezembro de 2010
Novidades
Este foi o ano das novidades. O final de 2009 já anunciou que tudo seria diferente dali em diante e decidi mergulhar de cabeça em deixar essa parte de mim dar as caras frequentemente. Tudo foi meio estranho no final do ano passado, mas me mudou de tal forma que comecei 2010 apostando em coisas novas. E fiz: mais de 365 novidades em 365 dias!
Parece muito, mas aprendi duas coisas com essa aventura: 1) que eu era uma pessoa muito privada da vida! e 2) que não ligamos para as pequenas coisas novas que fazemos todos os dias. Por exemplo: eu nunca tinha andado de shorts no ônibus, ou comido uma ameixa ou pintado minhas unhas. São coisas banais, que ninguém acredita que eu nunca tinha feito antes. Mas também fiz coisas como ir à casa de novas pessoas, ir a novos lugares, experimentar coisas... tudo possível no dia-a-dia. Fiz, claro, coisas inusitadas também, sendo a mais estranha ter ido a uma casa de swing. Em 2011, pretendo continuar com minhas novidades.
Este ano, porém, teve outras novidades. “Conheci uma pessoa”, é a peça na qual eu opero o som. Ela ainda está em cartaz. Não parecia muito boa quando comecei a fazer, mas aprendi a rir com ela e gostar muito de seus detalhes – e odiá-los também. Sempre temos maus dias, mas me divirto com ela. Em 2011, continuarei amando fazê-la.
Além disso, meu irmão foi para a Inglaterra. É estranho não o ter comigo sempre. Mas o Skype ajuda e ele está gostando muito. Em 2011, vou visitá-lo, estou ansiosa.
Uma amiga está grávida. Serei tia de um menininho. Em 2011, espero gostar mais de crianças.
A faculdade acabou. Eu me formei. Sou psicóloga. E agora? Acho que vou fazer um curso de adestramento para, um dia, trabalhar para o bem estar canino. Não há nada que eu ame mais que cães. Em 2011, farei isso dar certo.
E, se minha calcinha do ano novo passado funcionou, desse ano há de funcionar de novo! Para dar continuidade à minha fase amarela, vou de amarelo e trarei dinheiro! Mas quero também ter coragem para fazer dar certo meus sonhos.
22 de outubro de 2010
Sobre um suéter
“I want to have fun, I want to shine like the Sun, I want to be the one that you want to see, I want to knit you a sweater, want to write you a love letter, I want to make you feel better, I want to make you feel free”. Faltava o suéter. Aceitei o desafio e coloquei-me a aprender como fazer um. Comecei pela cor, lógico, o que eu já sabia. Azul-royal, já que ele, bobo, me disse que essa era a sua cor. Ri da surpresa na resposta sobre a cor favorita, pois não bastava ser “azul é a cor que mais gosto”, nem o já estranho “azul-royal é minha favorita". Tinha que ser “azul-royal é a minha cor”... havia perguntado a predileção, não sua destinação cósmica de cor! Ele riu comigo.
Então, aprendi o resto. Mas logo percebi o tempo que isto me tomaria. Não seriam dias, nem semanas. Seriam meses e meses... um grande investimento. Suspirei. Decidi ir em frente.
Escolhi com cuidado a linha, o tipo de costura e fiz um planejamento de onde queria estar ao final de cada mês. Ele, só observava... deixou todas as decisões para mim – mesmo sendo o suéter para ele.
No início, funcionei como de costume: dediquei-me e trabalhei muito. Nenhuma trança sequer fora de ritmo. Porém, os dias passaram.
Num desses, ele me perguntou como poderia sair com o suéter no tempo, de chuva e vento. Mas como! Mal começado e já com essas perguntas... pressionava-me para uma data de entrega e cogitava a possibilidade de expor meu lindo presente a tais condições perversas. Como poderia imaginar isso em tão pouco tempo de costura? Não me entendeu. Ficou em silêncio na beirada da cama... aposto que imaginando ser aquela época do mês. Dormi enfurecida, enquanto ele me olhava. Não devia.
Acordei. Triste. A vontade de tecer o suéter se foi e eu queria ir junto. Esses detalhes significavam muito, delatam como somos e predizem o futuro. E não gostei do que vi. Decidi ir e fui. Ele nem se mexeu. Mas devia.
Foi a primeira vez que deixei nosso canto. Não encostei mais no suéter. Senti a falta dele, mas ele não veio me buscar. Minha dor aumentava e decidi dar mais uma chance e ignorar os efeitos dos detalhes. Voltei. Assim, de repente. Agora que ele ia pensar mesmo que o que se passou foi a época do mês. Mas não foi.
Surpreso, levantou-se depressa para observar-me novamente tecendo o suéter no meu colo. Eu sorria, pois a saudade era tanta e senti-me boba por ter-lhe deixado. Remendei as linhas que tinha deixado fora do planejado e dormimos juntos.
O inverno chegou. E a vontade de partir também. Os detalhes voltaram para confirmar o futuro de meses atrás. Ele me fazia querer partir, a linha, a agulha, os remendos... tudo. Fazia tudo como um bobo, inclusive silenciar-se na beira da cama. Acabamos dormindo, sem palavras, sem respostas, sem decisões, sem nos tocar.
Acordei e fui. Ventava e estava frio, mas não me importei. Deixei meu lindo suéter para trás... aos pedaços e inacabado. Ele ficaria no frio o restante do inverno, assim como me deixou quando este começou. E em silêncio continuaria, na beirada da cama, imaginando como resolver nossos detalhes. Imaginando o suéter acabado, imaginando ser do meu agrado. Imaginando chorar ao não me ver. Imaginando buscar-me. Mas ele me deixou partir.
“Do you see how you hurt me, baby, so I hurt you too. And we both get so blue...”
Cantava.
28 de setembro de 2010
Companheiro
Cadê?!
Cá! Cantando com colegas, comigo conjuntamente. Chantageei-o com curtas cobertas cobrindo coxas, caindo cuidadosamente com chão. Chato, cessou contato!
Caramba... cadê?!
Contando cada canto, consegui calar comigo carnais chances.
Choque! Cá, compartilhando comigo calorosa calmaria. Como conseguir? Comecei criando contato: caminhei casualmente cabisbaixa. Cruzamos com compostura... corei! Cravei cobiça carnal. Cabe comportar-me com classe convincente, cedendo caras com chances concretas.
Cruzamos, correspondeu-me claramente com cara convidativa.
Calma... chama-me!
Calma... convide-me!
Calma... conquiste-me!
Canalha! Chega, cansei!
Cerco-o com corpo, cicio cínica charada “cansei, camundongo”. Cortês, comigo concorda. Concedo chance conquistadora... contesta-me “cual ceu cigno?”.
COMO?!?!!?!?!
Conquistou... como compreender?
10 de setembro de 2010
Como eu quero*
Sabe o que vou fazer? Vou te passar a tinta. Tirar-te deste rascunho borrado por outras, vou te transformar em arte final. Longe de mim, nada dá certo pra você. Deixa eu te ensinar como ser bem melhor. Isso já estava decidido desde o início, não há como fugir. Você entrou sabendo da cilada, que seria cada um por si, menos você, que será sempre por mim.
Eu quero você como eu quero. Cara de mistério, sempre sério...
***
* Kid Abelha - "Como eu quero"
** Kid Abelha, que nem gosto, mais uma vez de fundo dos meus relaciona-mentos.
31 de agosto de 2010
Imagino
Imaginei na festa tomar posse da guitarra abandonada na pausa, atrever-me a ser ridícula e cantar para você a música que havia escrito. Mas não sou sem-vergonha, sou imaginativa apenas. E, no mais, meu medo agora de fazer tudo errado é demasiado grande para tentativas como tal. A frustração virou degustação.
Imagino ser surpreendida, ser preenchida ao menos uma vez nas expectativas que crio na minha cabeça.
25 de junho de 2010
Yuri
O primeiro, amigo do meu irmão, lindo, cobiçado no colégio, usava tiara (época de Cauá Reymond em Malhação), veio dormir em casa. E depois, ah, ele me cumprimentava no colégio... com a mão na cintura ainda! Isso significava muito naquela época, hoje, nem tanto. Paixão platônica e só.
O segundo caiu perdido na minha classe, loiro, dentes um pouco tortos, nariz grande, cabeludo, uma graça. Todas as meninas gostavam dele também. Virou meu melhor amigo e meu primeiro amor. Com ele descobri o valor da amizade masculina - coisa que eu nunca mais vou dispensar. Ele nunca me olhou com os olhos que eu secretamente queria, mas publicamente negava. Às vezes, bem raramente, sinto o cheiro do perfume que usava e lembro com um grande carinho dele e da nossa aliada caneta bic verde.
O terceiro eu odiava. Mesmo. Cara tosco, metido, com cabelo cacheado como o primeiro e dentes tortos como o segundo, se achava o gostoso e mano do rap. Por meses o odiei. Até que fomos apresentados e nem sei como já dividíamos um blog. Ele me encantou de tal forma que me apaixonei. Platonicamente, como nos dois anteriores, ele também nunca me olhou com aqueles olhos. Até que eu cresci e virei mulher. Então, me viu. Um pouco tarde, mas assim foi melhor, melhor amigo, isso foi, isso é, isso continua firme. Com muito amor.
O quarto, desconhecido, barbudo, misterioso, dentes um pouco tortos também, ficou só me observando, tímido. Fui me apresentar e, quando ouvi o nome Yuri, soltei um incontrolável "Ah, não! Jura?". Como podia? Sou um imã de Yuris. Enfim. Yuri, o quarto, se tornou. E se mantém me mostrando outros "Ah, não! Jura?" - coisas maravilhosas que eu não acreditava que podiam existir, mas que existem.
Meus Yuris me fizeram e me fazem muito feliz. Nome abençoado.
***
(Sujeito a número de vagas)
19 de maio de 2010
Sobre cabelos
***
Então, chega a meu conhecimento um tal devaneio. Não sonho, mas aquelas experiências sensoriais semioníricas. Seguem segundos de apreensão sobre o conteúdo. Será que quero saber, será que consigo aguentar, o que será? Como uma eterna curiosa, nunca direi não. Então, peço que me conte. E descubro que a dúvida paira dos dois lados: não sabe se eu devo saber também. Mas me conta e me alegra. Digo novamente sobre a timidez que tenho nestes contextos, algo que você ainda não vê. Dirá que não se importa, verá minha vulnerabilidade inicial.
***
No banho, pedi que lavasse meu cabelo, só por preguiça e porque você é mais alto. Fechei meus olhos para que não me cegasse com a espuma. Embaixo do chuveiro, senti a água escorrendo e tapando meus ouvidos. Então me lembrei da minha mãe lavando meus cabelos quando eu era pequena e senti seus toques suaves, retirando o shampoo de todos os fios, até dos mais escondidos. Quando terminou e quis ser adulto, pedi um segundo para aproveitar minha infância, nunca havia me recordado disso.
E foi neste dia que cantei “All I Want” de Joni Mitchell e disse como ela falava sobre mim. Você significou uma parte da música que ainda não fazia sentido... agora só falta eu aprender a tricotar um sweater.
19 de abril de 2010
Taking these broken wings and learning to fly
19 de março de 2010
Primeira tentativa
Então por que fere?
Sem respota, coube a mim pontuar a sentença: vi, claramente, seu desespero, ainda coberto pela indiferença do “tanto faz”. Segurou meus pertences como certeza da minha estadia. Veja bem: há o concreto e a ideação. Poderia me pôr em cativeiro, mas eu não mudaria de ideia. Tentei uma saída algumas vezes mais e desisti sentada na cama, a chorar baixinho. Naquele momento, não poderia ter nada do que queria.
Entre grosserias e brutalidades, desatei a desistir. Chorei para expelir-te de mim. De dentro pra fora. Ao meu lado, me abraçou. Tentava tirar-te de dentro de mim e você lá, tentando se colar dentro novamente.
Tempo se passa, as posições se alteram. Frente a frente, evito seu olhar para chorar comigo mesma. Em território inimigo, nos escondemos como podemos. Você, também, conversa consigo mesmo. E chora. Desconfiada, observo para ver o quão real é, será que é teatro? Ao ver seus lábios vermelhos tremerem, reconheço tal fenômeno, sentido por dentro. Segura o choro, afinal, é isso que os homens fazem. Suas lágrimas escorrem, sem olhar para mim.
Em busca da verdade dita, questiono “por que chora?”. Ouço um discurso sobre minha ausência. Percebo que você senti-la-ia mais do que o inverso. Se é assim, te abraço.
Se você não quer me perder, por que tenta?
14 de março de 2010
Adeus, Rambo
Com o passar dos anos, Rambo foi envelhecendo. Já não corria com os outros, mas ainda comandava a matilha. Em seu lar, era o único com uma casinha, na qual se lia "RAMBO".
Nestes últimos anos, Rambo estava velho e doente. Saía pouco de casa, latia pouco, andava com dificuldade. Fedia. Fedia muito, tinha problemas de pele. Mas quando viu um de nós, encostava seu pesado e cansado corpo no nosso, pedindo carinho.
Soube hoje que ele estava muito mal. Uivava muito de dor. Até que não se ouviu mais seus uivos. Quando foi-se verificar o que aconteceu, Rambo estava na represa. Acredito que ele viveu tudo o que quis e decidiu seu fim.
15 de fevereiro de 2010
4.
Eu sempre me impressiono por mais um ano.
Eu sempre me emociono com cada texto. Toda vez que eu leio.
Porque é tudo verdadeiro.
Obrigado Lice, pessoas que me inspiram (escritores, pensadores, amigos filósofos e não-filósofos, musas) e a todos que leem e principalmente, que comentam - só sinto vontade de explorar e escrever mais.
4.