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7 de julho de 2008

Muzak e o Vácuo do Espaço Infinito Acoplado

Sigo em passos curtos na estrada umidecida pela chuva e dourada pelas luzes amarelas da madrugada. Me entorpeço, esqueço meu coração, frágil badulaque¹. Ando com ele nas mãos e rio ironicamente: "Tanta gente querendo entrar e ele aqui, dando sopa na minha mão". Percebo que só está fora porque eu estou sozinho; que não tem fechadura em meu peito2, podem ter um molho de chaves, morrerão do lado de fora. Assim como tantos outros, que os ossos jazidam na porta. Eu m3smo desconfio que me tranquei pra fora e não consigo mais entrar.

4ndo sem direção por caminhos que não fazem sentido ou questão. Minha alma dorme num velho porão empoeirado. Um anjo acorda à minha espera para me castigar. Minha fé secou e eu não pedi perdão. O que o deixou mais nervoso foi por não me impressionar com suas asas e áurea, por não me sentir melhor com sua presença.

Sigo ouvindo a musiquinha de elevador. Tenho nas mãos um coração maior que tudo. Nem tudo é meu, e quem sou eu, além de tudo? Nem tudo é bom... Meu coração é um porão empoeirado, o vácuo do espaço infinito acoplado.

Sentado, o anjo espera seis dias por minha redenção. O 5om da morte se espalha pelos meus ouvidos. Nunca mais deixei aquele porão. E o muzak segue soando imperceptível para os menos sensíveis. 6.




[No sétimo dia, descansamos.]

















*Muzak é uma expressão utilizada para se referir a música de elevador ou música de espera ambiental. Muitas vezes usa-se o termo no sentido pejorativo ao referir-se a música sem conteúdo ou que causa aborrecimento.

**Este texto foi feito sob inspiração das músicas Muzak - Zeca Baleiro e Count to Six and Die - Marilyn Manson.

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