Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

30 de abril de 2011

Peixes do Absurdo (Lágrimas Psicodélicas Parte 2)

A areia branca deu forças pro meu ódio social, porque não arriscar tudo quando não há nada mais pra se perder? Todo dia acordo passando mal, corro pra qualquer lugar sem direção pra tentar fazer sumir, fazer fugir, essa dor que há em mim.

Eu sempre estou a seu encontro, porque nado pra parte segura e lá te vejo, e se nado pro fundo quando não te alcanço, a tempestade me faz surfar em nuvens carregadas de lágrimas psicodélicas. Chove sem parar no mundo inteiro. Alaga tudo, todos somos peixes do absurdo.

De tanto arriscar, acabou toda riscada sem conseguir nada. Nadar.

- Tô no fundo do poço e tô cavando, até a puta que pariu, tô cavando! – ela gritou sete palmos abaixo da terra, enquanto tirava os vermes de sua pele ainda fresca. Escrevo sobre sua vida sem nem ao menos conhecê-la direito, não nos conhecemos em vida. Isso em que vivemos não é vida, é uma pseudo vida, uma matrix artificial na qual vagamos como vírus sem motivo pra existir.

No final, ela sempre diz que estou certo, por mais que queira estar errado. A realidade é um liquidificador com um buraco negro infinito dentro do copo.

todos somos peixes do absurdo















Alaga tudo, a tempestade
De lágrimas
Psicodélicas.








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parte 1 no próximo post.

21 de abril de 2011

Enter the Void

As letras se embaralham e se escondem na ponta da caneta e na ordem das teclas, o peso do sorriso derruba minha cabeça e as lágrimas escorrem no meu rosto de cinzas, transformando tudo em lama.

Na maioria das vezes a anestesia não me permite sempre sentir, tentei ver de uma maneira diferente, mas meus olhos doentes só enxergam o meu horror espelhado no brilho de seus olhares vazios. Sem as armadilhas da morte não há motivo algum para viver.

eu sinto saudade de um tempo que não foi, de onde eu não existi, do que não aconteceu. A inércia deste instante me incomoda, ele se estende eternamente no passado e no futuro, me deixando divagar no agora. Eu vi o futuro e tudo estava morto, eu também estou e fico aqui, me perguntando sem saber de quem eu sou o erro.

Vejo e sinto coisas que não são daqui, que são de mim.
Eu sou a dor infinita do meu próprio fim.

17 de abril de 2011

Máquina de Diversão

Todos sacam as armas mesmo antes de nos dirigirmos a palavra, agindo como se não nos atingissem as consequências, apontando-as aos outros, que invariavelmente nos apontam. O dedo coça no gatilho, ninguém se importa mais mesmo, por que não?

Mais justo seria se todos fizéssemos uma festa de facas, doces lâminas apaixonadas prontas para nos beijar e nos marcar pra sempre. Mas as deixamos guardadas em nossas costas e nunca conseguimos alcançá-las, isso sim parece justo. Com armas a bala fere, com lâminas nós ferimos. Nunca e para sempre.

O melhor é a tentativa, quando atingimos o maior nível de mediocridade e parecemos minhocas fora da terra nos contorcendo para alcançá-las. Quando essa cegas chance falha, é hora de mudarmos.

Em mim há várias marcas e buracos negros que faz escapar tudo que está dentro. Sangue, sêmem, merda, palavras, pensamentos, sonhos... Derretidos e diluídos. Escorrem pelos meus orifícios sem parar, nunca vai parar. E para sempre.

Como venceremos se lutamos contra nós mesmos?


Epílogo
Vejo o futuro escorrendo pelas nossas mãos, como água suja que só beberíamos se tivéssemos muita sede. Mas dançamos no compasso da Máquina de Diversão, na qual os gritos inocentes se calam à nossa dor... E tudo termina escorrido no chão, alimentando vermes.

2 de abril de 2011

Estrela de cadente


Observar a noite da cidade nessa varanda sozinho me acalma. As nuvens e luzes me lembram a Noite Estrelada, de Van Gogh, enquanto a fumaça sai da minha boca. Aqui do alto eu sinto o vento frio arrepiando meus pelos e esfriando minhas lágrimas, mas eu não quero sair daqui. Na verdade, eu nem tenho aonde ir. Fico.

Luzes que se comunicam dizendo que há vida em movimento, até tudo se apagar, sobrando só a iluminação da rua e eu, inertes, inofensivos... A diferença é que ela brilha independente do humor, como as estrelas vulgares que vagam no céu. Enquanto eu me misturo às sombras, que dançam as músicas inaldíveis da noite.


Eu não sei expressar como estou por dentro, como bate apertado o coração. Essa fruta que apodrece a cada dia, sendo mordida por todos os lados, fazendo o estômago doer, o corpo regurgitar. Eles todos roubaram minha mágica, mas eu insisto em querer voar.


Mergulho na noite mesmo que meu céu seja o chão.