Quantas noites, sozinha na cama, eu não passei, gastando minhas energias, pensando no que eu faria se algo grave estivesse mesmo acontecendo. Se a genética tinha me causado esse problema ou se me causaria no futuro (pensamento este que ainda me atormenta todos os dias).
Eu pensava em como contar para as pessoas, como poderia eu ficar ao redor delas sem que soubessem. Decidi que contaria. Mas agora, como? Imaginava se as pessoas iriam chorar, nesse caso, seria melhor escrever uma carta, para que elas pudessem chorar no conforto e intimidade da solidão? Ou será que este é um assunto tão profundo, que eu deveria contar cara a cara?
Por outro lado, não seria presunção minha achar que as pessoas iriam chorar, apenas por que não me teriam mais por perto? Por que não teriam a mim para zuar, humilhar, encher o saco ou pedir ajuda na escola? (Por muito tempo sentia que essas eram as minhas funções).
Imaginava quem sentiria a minha falta, de verdade. O que diriam de mim, eu queria ver a marca deixada por mim nessas pessoas. Lembrariam de mim por quais atitudes minhas?
Mas antes de avisar as pessoas, é preciso passar pelos estágios da dor: negação, raiva, barganha, depressão, aceitação. Só quando estiver na fase da aceitação eu poderei fazer as loucuras que quiser!
Ficaria com minha família, viajaria com eles. Ficaria com minha cã, choraria com ela. Amigos. Passaria tempo com eles, conhecendo melhor eles, amando-os mais. Gostaria de ver neve. Apaixonar mais uma vez... porém acho cruel fazer a pessoa me ver morrer. Não sei. Falaria tudo, tudo que sinto sobre as pessoas, tudo o que acho delas, coisas boas e ruins... elas merecem melhorar. Veria clássicos do cinema com alguém que fala muito durante o filme. Absorveria conhecimento das pessoas. Andaria na chuva. Daria carinho nos cachorros mais pulguentos da calçada. Faria um testamento, daria minhas coisas para as pessoas com quem me importo. Ficaria bêbada. Procuraria Johnny Depp. Faria listas e listas de coisas para fazer. Faria o que quisessem que eu fizesse. Conversaria cara a cara com você.
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Você acredita nas fases da dor? Eu acredito, já vi.
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