Que momento ruim que se passa e que não passa. De novo. E de novo. A enorme macha preta reaparece (ou nunca me deixou). Mas surge a oportunidade de uma fuga, um velho escapismo. Meu amigo, minha droga, para você estou sempre disposta e animada.
Porém, não estava preparada. Para nada, nem mesmo para o que tinha planejado, previsto e prevenido. O meu já dito “não” lamentado me impedia de seguir em frente, fosse com o que fosse. Minha culpa interna fez-se ainda mais sentida, mas um segundo alterou meu estado de insatisfação. Surgiu a certeza da necessidade de consolo, a pergunta das horas para mim, despreparada.
Dessa vez também não pensei duas vezes, minha angústia não deixou. Me inquietou ao longo da manhã, empurrando-me para fora, decidida e negligente. Necessidade valiosa e nem um pouco aparente. Percebo isso agora, quando elogiada pelo meu sorriso. Falseamento.
Infelizmente, nem tudo que eu precisava naqueles dias veio no abraço apertado e sincero que pedi. Minha garganta estava aberta e livre, mas ligada à minha cabeça e não ao coração. Ainda não pude destrancá-lo, tem medo de sair do escuro. Me desculpe.
Andamos decididos e apressados, como sempre. Nossas dores nos empurravam para frente, colidindo por vezes. Nalgum lugar nos encontraríamos, ainda naquele dia.
Vamos? Vamos! Fomos aonde nos achamos. É sempre melhor estar acompanhada. Nosso canto foi revelado. Lá jazia a árvore, a qual durante meses carregou a cicatriz de nosso carinho. Testemunha de nós. Hei de retornar (novamente), hei de apanhar o momento, para sempre momentaneamente.
E foi diferente, éramos dois confidentes no encontro póstumo, questionando nossas vidas, nossos fins, nossos encontros. Conseqüentes, aproveitávamos o manto de folhas, curiosos com o outro. Ora quietos, sem ter o que dizer (ou como dizer), ora assustados, fosse com suspiros ou sérias palavras.
Creio que fomos gentis, concorda? Rimos e nos fizemos presentes na eterna memória dos que descansam eternamente. Eu estava fascinada por ter voltado e ainda envolta no mesmo abraço. Mas estava perturbada com o lugar que nunca habitarei. Talvez eu não mais queira um ponto de lembranças, muito menos permanecer inerte. Quero cada vez mais voar no depois, no céu, ao vento. Ao menos uma vez, sem controle...
Te encontrei nas minhas palavras, finalmente, nas palavras sempre caladas. Você não me olhou, baixou a cabeça e se escondeu na sombra. Evitou meu olhar. Nem me deixou tocar seu braço, mas tudo bem. Por que soas tão satisfeita? Para mim é raridade. Vislumbrar alguém por estes olhos já tão confusos não é simples. Mas creio que o acaso sempre me dá forças para presenciar o que é único. Foi a primeira vez que realmente te vi.
Mas o tempo me incomoda, por mais que tente esquecê-lo. As horas cortam meu desejo de permanência e deixam cicatrizes. Muitas vezes, elas se dão para lembrar o que valorizo, mesmo não podendo me entregar. Entretanto, nada é tão efetivo quanto o abraço de quem nos sacia a saudade.
Um comentário:
Belo texto lice, belos momentos. ^^
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