Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

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10 de março de 2010

Papel Molhado

Eu estou me tornando indefinido a cada dia que passa. Desaparecendo, perdendo o foco do que é. Às vezes eu me sinto tão fino e frágil. Às vezes eu acho que minha insignificância me torna invisível e posso ver através de mim mesmo. Então sinto seu abraço para mostrar que somos reais. Eu sinto suas unhas fazendo feridas que eu insisto em cutucar. É só uma tentativa de cavar uma porta e tentar me esconder em mim mesmo. Eu consegui atravessar e me tornar o invisível dentro do invisível, a forma mais abstrata na qual me vejo.

Como se eu soubesse que era algo ruim, me deixei amar. Me deixei guiar pelo perfume da sua pele de papel, embrulhar meus segredos nos seus cabelos mortos e mergulhar fundo dentro de você. Eu sou essa dor no teu coração, e quando pensei que estivesse livre, você se tornou o vazio infinito dentro do meu peito. Eu acho que te inventei só para me machucar. E funcionou.

Quase todo dia eu esqueço que estou vivo. Eu não devia ouvir e não devia acreditar. Mas eu ouço. Mas eu acredito. Eu costumava ser alguém, e agora nada pode me parar. Não há nada a temer, porque tudo o que eu sempre quis está dentro de uma lágrima.

Seus olhos de amendoim bóiam no choro tempestuoso. Encosto meu rosto no teu, misturando o sumo de corações apertados. Somos tão frágeis e tristes quanto papéis molhados, de letras borradas, até nos resumirmos ao nada. Agora eu sei porque as coisas não são tão lindas por dentro.











Tudo é de papel e está cheio d'água.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah, que bonito isso...
Tem umas partes que realmente me fizeram triste agora.