A música cobria todo o som ao redor. Love Dream tocava enquanto meu reflexo e eu brincávamos de Jedi com lâmpadas fluorescentes compridas, dessas de escritório. Em câmera lenta, estourávamos um no outro e respirávamos aquele pó de vidro que subia no jardim. As faíscas pareciam mini fogos de artifícios que confundiam os insetos com um ano novo fora de época. A luz cegava lentamente e dominava o ambiente, deixando tudo pálido e com aspecto frio.
Ao piscar, meus pesadelos assombravam por um período longo de tempo. Eu abria os olhos e a luz me obrigava a fechá-los. Quando se aperta os olhos com as mãos, as cores alaranjadas e roxas tomam a vista do cérebro, fazendo tudo ficar divertido como um caleidoscópio natural. Enfrentava as luzes coloridas porque era gostoso e curioso descobrir outros olhos em mim. Minha cegueira temporária era o motivo das minhas risadas.
Cavalos brancos relinchavam e corriam entre nós, pisando e deixando explodir mais vidros e luzes pelos ares. Eles passaram por mim e pude sentir seu cheiro enquanto era ignorado pelos equinos. O vento me dava a sensação de liberdade e pude flutuar baixinho por um instante. Tudo bem devagar, como se estivesse tudo acontecendo embaixo d'água.
Quando eles se foram, Allan apareceu com corpo de Homo sapiens e cabeça de Equus caballus segurando um porta-joia chinês com a única gravação original e inexistente da canção tema deste texto. Entramos todos na caixinha mágica e dançamos a triste valsa, eu, Allan e meu reflexo que reviveu no espelho de ilusões históricas e segredos guardados ali.
Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).
Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.
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Um comentário:
humm... gostei dessa cena!
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