Imagino que se fosse honesto comigo, eu não ficaria tentada a olhar suas coisas na sua ausência. Fazia-o antes por curiosidade, para conhecer o que ainda não havia dividido comigo, descobrir seus hábitos secretos e suas organizações. E, claro, porque era proibido.
Imagino tantas coisas sobre você. E tudo que te envolve quero que me envolva também. E tudo que me envolve, quero que saiba. E tudo que tenho, quero que seja em parte seu também, pois o que é solitariamente secreto perde o gosto. Mesmo que não ativamente presente, seria um pouco nosso, se ao menos soubesse.
Imaginei na festa tomar posse da guitarra abandonada na pausa, atrever-me a ser ridícula e cantar para você a música que havia escrito. Mas não sou sem-vergonha, sou imaginativa apenas. E, no mais, meu medo agora de fazer tudo errado é demasiado grande para tentativas como tal. A frustração virou degustação.
Imagino ser surpreendida, ser preenchida ao menos uma vez nas expectativas que crio na minha cabeça.
Imaginei na festa tomar posse da guitarra abandonada na pausa, atrever-me a ser ridícula e cantar para você a música que havia escrito. Mas não sou sem-vergonha, sou imaginativa apenas. E, no mais, meu medo agora de fazer tudo errado é demasiado grande para tentativas como tal. A frustração virou degustação.
Imagino ser surpreendida, ser preenchida ao menos uma vez nas expectativas que crio na minha cabeça.
Imagino nossas discussões terminando. Chegando a um entendimento que perdurasse além do momento, chegasse a um ponto final. Sem mais continuações, exclamações ou interrogações.
Imagino suas cartas, suas promessas realizadas. Imagino os tesouros ali contidos para por tanto tempo privar-me delas, suas palavras. Imagino todas as coisas que não me diz, as coisas boas, os charmes há tanto deixados de lado.
Imagino o que elas ganham de você. Por que elas têm os seus sorrisos e eu os silêncios pesados? As mensagens sem retorno?
Imagino o que fiz para tudo estar assim e o que deixei de fazer. Imagino o que mais tentar e chego sempre ao vazio. Esperar é doloroso, perdoar também. Mas ter que escolher entre estes é ainda mais sofrido.
Imagino o que pensa agora. Não, esta não é mais uma. Faço isso para me desarmar das dores. E tentar sofrer menos sozinha. Imaginei que minhas palavras, ditas ou escritas, fossem te tocar. Imaginei que meu chorar não fosse mais te irritar, mas apenas mostrar o quanto tudo pesa para mim também e de como você é importante o suficiente para eu aturar essa Alice que eu tanto desgosto para que você faça a Alice, que aqui se esconde por medo, reaparecer.
Ouvi Tom Waits e imaginei que tivesse sido você quem escreveu tais versos para mim.
E, entre tantos imaginar, percebo que vivo um relacionamento platônico nos momentos em que me convém.
(22.03.09)
2 comentários:
eu simplesmente amei esse texto e digo mais tem muito haver comigo...
Foda!
muito bom, muito bom mesmo!
foda!²
[escreva mais, cacete!]
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