"...errou, sozinho, através da planície Aléia, consumindo o seu coração, evitando as pegadas dos homens..."
Defronto-me ausente na própria essência. O espelho diz que não sou.
Sinto-me causador do sopro, das intermitências do coração, que tudo se anula. O vazio atinge como se fosse só o que restasse. Um vazio abismal reduzido a um corpo desprovido de espírito encerrado em seus próprios limites. O olho que não crê, o sorriso que mente, as mãos que não tocam. O corpo se encerra numa nostalgia que trava os músculos e doe os ossos. Não rio, não choro, não soul.
Produzo meu espaço nos intertícios das estrelas, num espaço que não é meu. Nostalgia deste lugar inexistente, onde nunca me encontrei. Envencilhado numa terra cercada de inesperanças e falsas pontes. Flores que se fortalecem do salgado orvalho de lágrimas.
Aguardo insensantemente o trem após a meia-noite. Ele nunca vem. Respiro meio-dia, meia-vida, esse ar envenenado. Numa vida morta, lembranças se tornam remorsos e as ações cumpridas, culpas. A bile negra que me liquifica. Essa mélas cholé¹...
¹melancolia: mélas "negro"; cholé "bile negra"
Um comentário:
como é angustiante não te ter por perto
Postar um comentário