O pão é duro e esfarela. O queijo está embolorado, assim como aquele corpo no sofá. Mas pouco importa. Tudo aqui em casa venceu. Menos nós. Nós perdemos. Nós Nos perdemos. O ovo tem umas "coisinhas" estranhas, o chocolate virou plástico branco. O danone é ácido, o miojo venceu em fevereiro. 2006. Tem muita comida. Muita invalidez. Tudo venceu. Tudo menos eu.
Minha mãe tem essa mania, de comprar muita comida para pouca fome. Minha mãe tem essa mania, de achar que somos muito. De morrer sem avisar. A casa estava quieta e a comida cada vez mais podre. Mais podre éramos nós que comíamos sem se importar. Uma cara feia, um gole de qualquer coisa, e pronto. Tudo vira merda do mesmo jeito. Eu estou no caminho.
O bolo não estava mais tão bom, estava duro. E xingava por comer aquilo, mas sequer me mexia para preparar outra coisa. Sequer me importava o gosto ruim que tinha. Podia fumar em casa, agora ninguém me incomodava. Minha mãe dormia e dormia, passava dia nem a via. - E daí? Melhor assim - eu dizia. O lixo do banheiro não esvaziava sozinho. Minhas roupas acabaram e o guarda-roupa está vazio. Tudo está no mesmo lugar. Eu também.
Era um sofá, onde encontrei um corpo. O sofá que ela nunca sequer sentou, agora ela jazia. Nossa diferença é que eu respiro.
Um comentário:
Esse vc vai me explicar...
Adoro o modo que vc finaliza seus textos.
Nice pra xuxu.
Beijo
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