Depois de ouvir as palavras que não devia, as palavras que não eram para ela, fugiu. Saiu silenciosamente para que não soubessem que ali estava, desceu para o fundo do poço e lá ficou. Se desfez em choro para preencher o poço. Encher e encher até o topo. Até a boca. Tremia e começou seu corpo a formigar. Seu coração murchou e ficou pequenininho. Quase desapareceu. Não cabia mais ninguém, cabia a todos sufocados por sua carência, por suas necessidades. Gemia como uma menina. Buscava o ar profundamente dentro de si, mas ele não estava mais lá. Puxava fundo e mais fundo e nada vinha. Ela não sentia. Só podia sentir sua tontura, seu embaraço, sua desorientação. Parou de sentir seu braço esquerdo. Aos poucos, o resto do corpo. Tremia. Estava tudo tão quente. Estava tão sozinha. Apenas uma menina. Sufocou-se no seu choro apertado.
Tinha acabado de perder o que a mantinha ali. Ela sabia agora que quando a coragem chegasse, diria seu adeus. Mas até lá, ficaria no seu desespero.
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