Hoje não é 13, mas como se fosse. Dois gatos brancos idênticos cruzaram meu caminho e em seguida posaram para um quadro. Déjà vu. Decidi pintá-los. Minha caneca preferida se partiu ao meio esparramando todo o café pela cozinha a fora. Decidi ignorar o fato. Meu cigarro matinal queimou todos os meus dedos. Meu pincel pinta o pulmão de preto. Quando vi, tinha pintado o dia inteiro.
Tropeços pelo caminho não contam, acontecem todo dia, toda hora - Ops! O elevador estava quebrado - só seis andares. Só! O 13º é abandonado e tem um terraço secreto, fui lá guardar meus segredos. Subi no parapeito e o vento me fazia dançar. "Hoje não, meu filho. Cair é fácil, difícil é ficar aqui em cima". Vou à máquina de café - Um espresso, por favor [pedi assim com s mesmo - blasé]. Ela não me respondeu - Alooôu, esssspresso! - me ignorou, estava quebrada.
Minha companhia matinal de garras vermelhas, meu peito solitário tão cheio... cheio. (De quê?). Meu coração estilhaçado. Nosso, espalhado e misturado no chão da passagem, grudando na sola dos transeuntes. Percebi que estava sem a minha corrente da sorte. Todo mundo sabe da minha corrente da sorte. - Oi, você viu minha corrente? Oi, minha corrente? Não?...Ela é da sorte.
Perguntei e ninguém respondeu. A história não pode se repetir. Os dois gatos cruzam meu caminho novamente. Olhava à minha volta, tudo estava quebrado.
[Futuro, passado... Fui eu.]
Um comentário:
Quem sabe nesse andar aquilo que não queremos mais deixa por fim de ser nosso, torna-se parte integrante do lugar e naquele andar abandonado, finalmente nos abandona.
Para isso não precisa de corrente.
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