Leio minhas letras ao meu redor. Quantas palavras desperdiçadas no meio de tanta bagunça. Bilhetes meus para mim mesmo, notícias velhas e desinteressantes, copos plásticos, sacolas, roupas, papéis amassados, restos. Só me resta ser esse resto que se mistura ao meu próprio lixo.
Quantas milhares de vidas eu consigo enxergar do 16º andar, ao mesmo tempo em que tudo parece estar tão morto e a cidade tão vazia. A neblina de hoje não me permite ver além do que é permitido. Abaixo a cabeça. Meus pés estão gelados.
Brinco sem vontade de decifrar quem somos nós à minha volta. Ouço-a chorando em meus ouvidos enquanto repito aquelas palavras decoradas no mesmo alemão vadio que aprendi só para escrever um texto de outro dia. Não chego a lugar nenhum com nada disso.
Coisas não faladas resultam em situações precipitadas, ações enganadas. Ouço minha ansiedade passiva, sinto meus olhos querendo mergulhar em lágrimas. O relógio passa devagar, indicando que cada minuto a mais é um minuto a menos. Gostaria de adiantar as horas. Deixar de ser o resto...
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