Paramos a nave num campo abandonado, uma praça da noite. Lá costumava ser mal frequentado. A causa do medo da madrugada é o caminho das pedras, de homens zumbis. Mas estava deserta. Descemos para cumprir a missão. Chamamos atenção e estamos completamente vulneráveis, sem armas ou itens para escambo ou oferenda, a não ser nossas ferramentas para outros portais. Primeiro aparece um nativo, ergue a bandeira branca em sinal de paz. Troca meias palavras e vai embora.
Sentamos para explorar melhor as experiências sensoriais. Luzes vindas do céu iluminavam árvores distorcidas a nossa frente. Elas falavam entre si uma língua que não entendemos. Anotamos em nossos diários que a única coisa que cai para cima é o que nasce da terra. As luzes são outras naves espaciais que não pousam nunca, ficam camperando, vigiando, enquanto fazemos nosso serviço. Aposto que trabalham para o governo.
A escassez da vida é pertinente nesse campo. Até eles chegarem, os zumbis da pedra. Um se aproxima, cumprimenta, senta ao nosso lado. Outro senta um pouco mais atrás, nos emboscando. Não falam nada com nada, nós também não estamos tão bem. As árvores nos olham com pesar enquanto mais quatro sombras chegam cada vez mais perto. Nos entreolhamos e pensamos “fodeu grandão”. Eles se aproximam e ficam ao nosso lado, conversando, de bobeira, zumbis empedrados são assim.
Eles nos encaravam de igual para igual.
Igual para igual, semelhantes. Eu é quem nunca tinha percebido.
-------------------------------------------
sobre um caso verídico de uma experiência com usuários de crack em uma praça qualquer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário