E se todos nós ficássemos cegos?
O fato de ter que me privar de um dos sentidos me faz pensar já tem um tempo. E pensei muito em ficar doente dos olhos, pois cego enxerga melhor as verdadeiras coisas, aflorar e desenvolver mais os outros sentidos... Mas, e as cores? E as expressões? Os filmes e paisagens que tanto gosto de ver, fotagrafar? O comer com os olhos...? Não teria coragem de me privar das lentes do mundo.
Audição, nem fudendo! Desculpe mas não tem outra expressão pra demonstrar o quanto é importante o som. Eu não sei o que é silêncio, a não ser quando as vozes param de falar, e a música emudece.
Tato, você mesmo já disse. Encoste em mim, nem que seja pra agredir.
Sobra então olfato e paladar. Deixar de sentir o cheiro de flores, de lixo, de mulheres, de homens, de gasolina, de feijão, de cachorro molhado, de saudades, de pipoca doce[não tem cheiro mais afrodisíaco que o de pipoca doce! Sempre digo que um dia vou inventar um perfume com esse cheiro]... É complicado, mesmo porque paladar e olfato estão interligados. Eu cheiro, logo eu sinto o gosto; e vice-versa. Imagina o que é um beijo sem paladar?! Horrível. Lamber uma nuca sem o gosto ácido do perfume, ou não sentir o cheiro que faz parte da persona. Não sei se seria capaz. Não sei se seria capaz também separar o olfato e o paladar, mas abriria mão do olfato, como você, por mais doloroso que isso seja... O último perfume
xXx
Por que guardamos pensamentos? Por que as pessoas nunca dizem tudo que sentem vontade de dizer? Talvez seja esperança ou conforto de que vá reaver a pessoa, e que não há necessidade de falar tudo de uma vez. Além do que, as pessoas não são honestas e quando encontram quem são, se aproveitam e abusam de sua nobreza*. Pois dizendo o que sente, o que pensa, você se torna vulnerável, não tem como se defender. Defender do que? Se todos nós fôssemos mais sinceros com nós mesmos, não precisaríamos realmente nos defender de nada nem de ninguém, principalmente. Mas aconselho o exercício de sempre falar, sempre sorrir, sempre amar, como se fosse realmente a última vez. Nunca saberemos se vamos reencontrar aquela pessoa, aquela harmonia, aquela liberdade. Estamos vulneráveis à morte, pode vir tanto pra mim quanto pra você quanto pra quem está lendo isso agora, em qualquer situação, tempo e espaço. Confesso que não digo sempre o que tenho vontade de dizer para algumas pessoas, mas são poucas as situações que isso ocorre, e tenho certo orgulho disso. Quero que as pessoas saibam o que significam pra mim e quero demonstrar que não sou qualquer coisa, um rosto ou um número a mais. Não consegue falar, escreva! Mas não deixe de passar sua transparência.
* Saudades do Chapolim Colorado
Um comentário:
olfato... tadinho, rejeitado por nós dois!
mas qual é o que você nunca desistiria? a audição? não ficou muito claro pra mim...
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