Um bom Deftoner canta desafinado e não se importa. Lá estava eu, em todos os lugares. Cantando medleys para milhões de pessoas. Abri os olhos. Encontrei apenas um garoto trêmulo, sangrando, com um X estampado no peito e um tumor gigantesco na cabeça: trauma. O último som que se pode ouvir foi o de um acorde da guitarra distorcida que ali dizia "Fechem as cortinas, o espetáculo acabou"... E um suspiro. Olhei-o em seus olhos, lá estava ele, me encarando, tentando disfarçar o medo que sentia. Eu estava lá. Assim como ele. Marilyn Manson sussurava dores poéticas e cortantes ao mesmo tempo em que forcei uma lágrima, mas não chorei. Os olhos a minha frente brilham e refletem sonhos e desesperos. Os olhos que me encaram brilham porque estão sempre cheios de lágrimas, nunca choram. Eu estava estupefato, hipnotizado, mal me mexia. A perplexia do medo não me dava muitas alternativas senão cair e chorar. Como quase inconscientemente e sem querer, fiz exatamente ao contrário[como sempre faço]. Não podia envolvê-lo em meus braços, mas podia sentir o frio de sua carne. Me sujei com seu sangue e nossas mãos trêmulas se encostam e já não tremem mais. Seu peito gritava dores e lamentações e o que batia não era um coração. Um punhal que machucava a cada respirar, e que quando rasgava, eu ajudava a costurar. Não nos temos mais ninguém.
Olhei pra dentro de mim mesmo e explodi.
2 comentários:
...por isso conto histórias. Porque a culpa não é minha. São minhas idéias que explodem e minha carne que sangra pra evitar a hemorrogia interna.
O silêncio de um inocente, o grito da culpa.
"Desde o começo do mundo
Que o homem sonha com a paz
Ela está dentro dele mesmo
Ele tem a paz e não sabe
É só fechar os olhos
E olhar pra dentro de si mesmo"
Rei Roberto já dizia e eu já sabia! ...Mas tinha esquecido.
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