Quando estamos tristes, gostamos de ler sobre os nossos próprios sentimentos projetados em outros. Nos sentimos menos sozinhos. Há outros no mundo que se sentem como eu. E só aquele autor me compreende. Só aquele músico sabe realmente como me sinto, pois ele sente o mesmo.
Quando estamos felizes, a coisa é diferente. A letra começa a não importar tanto, pois a felicidade não é tão complexa assim. Tem suas facetas, mas não é o mesmo com a tristeza ou a dor. Felicidade é um estado generalizado e a tristeza é pontual. Então o que prevalece é o ritmo da música. É ela mexendo o seu corpo, te levando pra lá e pra cá, ajudando seu coração a bater num ritmo mais frenético.
Pelo menos, é assim comigo. Abandonei minhas batidas fortes, há muito tempo, pelo meu belo Elliott vestido de folk e de sofrimento. Ele me entendia. Só ele. Agora a fase passou e eu estou bem. Ainda melhor, por continuar com ele ao meu lado. Ele ainda me entende, mas acho que entende mais você. Ajudou-me a me descobrir e agora me ajuda a descobrir os outros.
E Damien ficou para trás. Seu grito de “fuck you” não mais me serve. Sua solidão também não me cabe; muito menos suas decepções amorosas. Mas agora que escrevo, acho estranho. Ainda estou só, ainda tenho raiva e ainda estou decepcionada. Vai entender...
E busco ritmos mais rápidos. Encontro o rock rural de The Coral ou Gorky's Zygotic Mynci e a trilha de Vanilla Sky. O que me faça cantar e dançar.
Então, minha felicidade fica pra mim. Quem vai cantar sobre ir bem na faculdade, sobre finalmente fazer algo direito? Quem vai cantar sobre as esperanças de ir bem numa crucial prova? Sobre a família? Sobre a Tuti?
Todo mundo se identifica com dor. Nem todo mundo foi feliz. E a letra não importa, se se é feliz. Basta se insinuar sexualmente dançando. Credo, isso sim é triste.
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