"After time the bitter taste,
Of innocence disintegrates,
Scattered seed, buried lives,
Histories of our disguise,
Reborn,
Circumstance will decide"
Apaguei. Um acidente, talvez uma tentativa inconsciente de suicídio. Havia mais pessoas no carro. Quando acordei, mais ninguém. Onde eu estava? O que eu estava fazendo? O que aconteceu? Tentei organizar meus pensamentos e percebi que tudo era apenas um sonho. Não era. O retrovisor esquerdo estava ao lado do volante, eu não consegui entender e então gritava que era apenas um sonho e que eu precisava acordar, EU PRECISAVA ACORDAR. Procurei as pessoas e não encontrava ninguém, me encostava e não me sentia lá. Olhava praquela teia de vidro na vitrine à minha frente e me batia na esperança de tocar o real. Não aconteceu. Luzes e lágrimas nos meus olhos cegavam minha sanidade perdida em algumas poças d'água metros atrás. Era a polícia. Apaguei.
A última coisa que me lembro era que minutos antes eu pensava "Faz tempo que eu não choro."
Chorava sem nada entender, soluçava e chorava de perder o fôlego querendo acordar. Apaguei. Acordei no hospital com rostos conhecidos me encarando preocupados. Me drogaram com a justificativa de me acalmar "porque estava muito agitado, gritando e chorando demais". Estado de choque. "NÃO FUI EU! NÃO FUI EU!"
E ninguém acreditou.
3 comentários:
"Faz tempo que eu não choro."
"Não fui eu".
"Ninguém acreditou".
Apesar do contexto bem defendido, diria que essas frases podem se encaixar na maioria das temáticas que vivemos.
"minha sanidade perdida em algumas poças d'água metros atrás" é o auge do texto.
Brilhante. Intrigante. Legítimo.
que não tenha sido uma tentativa inconsciente. que não tenha sido uma decisão dos dados. muito menos uma decisão sua.
que tenha sido o acaso abrindo seus olhos pra você fazer alguma coisa.
e que não seja só escrever sobre.
"...porque neste mundo em que habitas não tens outro direito que não o de chorar."
(finalzinho de homus infimus - augusto dos anjos)
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