Aquela manhã foi algo especial. Era a primeira hora da manhã quando ela apareceu. Nunca direcionou as conversas para ela mesma, tampouco falava de assuntos pessoais. Isso não, nunca e jamais. Quando se despia era o máximo de sua intimidade que alcançaria, que ela me permitiria. De carne tão macia, eu queria mais do que o doce que oferecia, eu queria o amargo - "Diga-me algo". Eu me satisfazia em sua carne e com poucas palavras de você, ficaria satisfeito. Mas não tem jeito. Me contentava só com o silêncio que ela fazia.
Me pediu confiança, "eu confio". Depois me pediu arrependida para que eu não confiasse mais em seu olhar que contrariava os lábios sem que ela soubesse. Até o coração ela segurava, mas seu olhar a entregava. Eu fingia que de nada sabia. Eu confiava, sempre o fiz por entendê-la mesmo sem nada entender. Ela não reclamava. Gemia, gemia...
Aquela manhã foi algo especial. Chegou me fazendo abrir um sorriso mental, pois era muito cedo para demonstrar qualquer emoção facial. Veio em minha direção como flecha na mira, como se corresse de uma explosão. Em meu colo repousou as feridas e se pôs a chorar, derreteu o coração. Não disse nada. Eu também não perguntei. Proteção.
"Eu tenho sua essência guardada em mim" -
"This girl I know needs some shelter
She don't believe anyone can help her
She's doing so much harm, doing so much damage
But you don't want to get involved
You tell her she can manage
And you can't change the way she feels
But you could put your arms around her"
- Massive Attack -
2 comentários:
Pode ser mais fácil se despir totalmente do que falar de si.
as pessoas pensam que sempre que precisamos de ajuda, queremos falar sobre
eu, quando choro, só quero essa descrição
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