Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

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9 de junho de 2011

Lugares

Querida Lígia,

Tenho pensado muito naquilo que conversamos informalmente, jogando conversa fora, sobre ir a lugares que a escrita permite. Lugares que nem sempre queremos ir... Tem um tempo já em que eu me pego desviando de meu Sonhar, lugar em que as respostas aparecem com clareza e me expõe de uma forma na qual me despreparei para encarar. Tenho tido muitos flashbacks e devaneios e deja vus – como quiser chamar – no qual misturo sonho em minha realidade e minha realidade invade o mundo de Morpheus, e isso tem me preocupado muito. Não sei bem dizer por quê, às vezes só acho que estou perdendo.

Sei que fiquei pensativo com a nossa conversa e reflexões sobre escrever. Você pode até estranhar por ter sido uma conversa tão rápida e cotidiana. Eu estranho. Percebi que é por isso que não tenho escrito tanto. Tanto como escrevia, de forma compulsiva, doente, passional. Tenho me boicotado entre pessoas e passeios que me levem a qualquer lugar longe de mim. Longe DAQUELE lugar. Só hoje percebi minha tentativa de fuga, meus atos falhos para não ser.

Tenho buscado estabilidade em minha vida, sempre achei que fosse assim, mas nunca quis que fosse assim e agora que percebi estava tentando algo que. Isso na minha adolescência era coisa de adulto, pros meus pais se preocuparem. Atualmente eu continuo achando que isso é coisa de adulto, mas quem é adulto por aqui? Muito mais importante é - quem é estável por aqui? Desde ontem te procuro, não de forma pessoal, mas do jeito em que meu medo avançou. Aqui.

Nessa busca percebi a fuga. Em nossa conversa percebi que eu concordei com o que disse, mesmo quando discordei sem perceber. E isso tem me tirado as noites de sono, noites de sonho, meus lugares. O escuro pra mim sempre foi curiosidade e agora causa medo, não pelo desconhecido, mas pelo que eu já sei. Antes eu não queria saber de nada, fazia e acontecia e acabou. E agora o que restou para acabar?

Eu quero meus lugares de volta, minha coragem de volta, minha curiosidade de volta. Meus gritos e cantos, meios e fins. E foi numa dessas conversas que a gente não dá nada que vi os falsos labirintos que construí – pra eu não ter fim. Que caiam todos dentro de mim, para que eu possa reconstruir e explorar onde me sinto melhor. Meus lugares instáveis, sem mapa e sem portão. Lugares entre a mente e o coração. Lugares que eu não.



Nos falamos.
yK.

Um comentário:

Lígia Ruy disse...

Eita! Levei um susto quando vi meu lindo nomezinho dando bobeira no começo do seu texto. Até achei que essa Lígia não era eu.
Às vezes acho que ser adulto é muito mais infantil. Porque a gente tem que saber o que fazer e falar na hora certa, mas a gente não sabe. E fingi. E foge.
Quando a gente já sabe que o que tá no escuro dá medo, a gente não brinca mais de achar. A gente deixa escondido.
Triste, mas acontece comigo.
Sempre bom falar com você. Mesmo as conversas "corriqueiras".
beijo