Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

21 de abril de 2008

Sem sinais de fumaça

Ambivalências à parte, contagens regressivas mexem com os ácidos do estômago. Pensamentos circulares, inúteis, pois no final das contas a gente nada decide. Mas como afastá-los? Dói afastá-los assim como dói tê-los.

Um sorriso de aparelho para um sorriso de dentes tortos. Seu abraço sem medo que acolhe os meus. Um encaixe gostoso, tão instável quando longe, tão seguro quando perto.

Indo contra minha corrente, vamos juntos. E vamos... e vamos... e vamos.

Não quero fazer daqui minhas cartas que nunca recebrá. Não quero ouvir sua voz murchar quando falo aquelas palavrinhas difíceis.

Faça o desejo agora. No 23.

Goodbye Cruel World

...

Sketch

Eu não preciso escolher um lado, tanto faz o que transpassa, já passou. Já misturou. O espelho me reflete ao contrário e ri de mim sempre feliz. Duplica minha dor e meus desejos. Vai embora sem avisar e volta me assustando com um rosto que desconheço. Foi o que me sobrou. O negativo do meu próprio reflexo.

Invenções de um mundo de ilusão. Finjo amor, finjo piadas. Finjo estar tudo bem com uma máscara estampada. Eu queria deitar, olhar tudo como se tudo fosse estar ali quando eu despertar. Ali, bem do jeito que eu deixei. Mas a alquimia natural do mundo não torna isso possível. Quando eu acordar desse pesadelo, tudo vai ser mais bonito.

Para os que ficarem para trás, não me sigam, cada um tem o seu caminho e seus motivos. Para quem chorar, seque-se em minhas poesias, molhe minha dor enquanto enxugo a sua. Uns rabiscos pra dizer que meu amor está cada vez mais perto. E eu amo cada vez mais, porque é a única certeza. Amar é sempre destrutível, mas nem sempre ter razão é bom.




"My love can go where you don't know
and I love to grow, where you don't know
I know I'll always be like this
Until I can find a cure
If my love is my disease,
I will love you more and more"
- Sketch (Yoñlu)

20 de abril de 2008

Sem seqüelas

Ele pulava como uma criança, gritava como num parque de infância e se despia como nos dias quentes das férias de verão. "Mamãe, tenho super-poderes, posso voar!". E voou. Voou como um adolescente em desespero, numa família conturbada, um gênio grande num corpo pequeno. Quebrou-se de fora pra dentro, pois falhara de dentro pra fora. A marca do peso de sua dor está lá... ainda não foi pintada por cima.
.
Será que seu corpo quebrou? Agora penso e não sei. Acho que nunca saberei. Espero que para ele tenha funcionado e ele tenha conseguido. Quebrou sem morrer, o que ele pensa agora?
.
Histórias à parte, queremos filme e novela, mas não foi nada disso. Queremos a subjetividade cuspida na vida, porém tudo foram fatos. Miligramas diferentes. Foi de fora pra dentro o grito, a tentativa, o pulo. O que não elimina a força das suas vísceras, mas mascara a verdade. O que ele pensa agora?
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
"Será que fui eu mesmo?"

19 de abril de 2008

Prelude to a Kiss

Se encontravam frente-à-frente, distantes dois passos um do outro, talvez nunca tão perto. Se olhavam e desviavam os olhares quando se encaravam. Olhar a alma é sempre complicado. Simples e complicado.

O assunto não podia acabar, e se forçavam a falar sobre tudo. Tudo que se resumia a qualquer coisa que não os fizessem em silêncio. As mãos dele suavam. Ela enrubecia gradativamente. Risadas tímidas de ambos sem-graça. Flertes em tom de brincadeira. Qualquer história inventada como desculpa para se encostarem. Leves toque que arrancavam suspiros secretos.

O peito batia como se o coração desejasse pular dali e dizer "Hey, estou aqui, e eu te quero". Ela o queria tanto assim. Ele a queria tanto assim. As bocas se olhavam, se desejando. E as imperfeições eram perfeitas. O cenário não importava, e os únicos sons que faziam sentido eram os que se faziam recíprocos a eles. Aquele era o instante em que tudo pára.

Ela sempre queria, sempre fugia, sempre exitava sem explicação lógica. Mulheres são assim mesmo. Ele sempre era deixado pra trás sem qualquer justificativa convincente. Mas era insegurança, incerteza, eram motivos e motivos. Era tudo que os braços dele a livraria se ela permitisse. Ela toma o primeiro passo quebrando o silêncio com um "eu tenho que ir" já arrependido.

- Para onde você vai?
- Para qualquer outro lugar.
- Um passo à frente já é outro lugar.

16 de abril de 2008

[Vida Besta]


...Foi numa madrugada besta assim, como esta, que descobri minha atual velhice.

Quem é Quem (e vice-e-versa)

Sobem pelo meu corpo. Aos poucos me formiga todo. Literalmente. Caminham lentamente, ordenadamente de encontro. Pelo corpo todo. Eu quero ser a rainha. Serei a mais bela de todas.

Vieram adiante sem eu nada poder fazer. Sem o devido respeito ocuparam todo o espaço. Me deram vestido, me coroaram. Me deram um orgulho pra cuidar. Antes que pudesse ouvir chamar, tomaram meus ouvidos. Antes que pudesse gritar, ocuparam minha boca. Desceram ao meu estômago e comeram as borboletas. Me iludiram ser nobreza, me fizeram acreditar.


Seguraram minhas mãos, me impediram de atitudes. Comeram meus cabelos e todas minhas personalidades. Entraram em minhas veias, apodreceram meu coração. Meu pobre coração... - Mas eu sou a rainha - tentando me justificar, tentando fazê-las entender.


Formigas. São todos formigas. Pena eu não ter uma lupa gigante, pena o sol não estar escaldante. A minha vantagem em relação às formigas é que elas vivem em silêncio, e eu não as ouço chorar. A vantagem é eu ser bem maior que elas.








- Eu sou a rainha - gritava, - EU SOU A RAINHA! - Por medo e raiva, atacava. E pisava, e pisava, e pisava...

[Tirinha] O Inferno São os Outros


...

14 de abril de 2008

Querer Sem Querer

Primeiro, a origem aqui.

E a resposta:

olha quem vem falar
a dona da verdade
se não deu pra ti, azar
te falta um pouco de humildade

minha fama é de mal-amado
o seu garrancho já me cansou
eu não vou ficar parado
batendo palma pro seu show

você não sabe conversar
e nunca tem tempo pra um carinho
só abre a boca pra xingar
nesse caso melhor estar sozinho

sempre me evita
de você só quero distância
pra ser ouvida sempre grita
você é pequena demais, criança

o seu papo é blá blá blá
fala demais sobre tudo
você nunca vai parar
aonde fica seu botão "mudo"?

você não tem moral
tá na cara que já não me ama
só somos um casal
porque dormimos na mesma cama

não dá mais pra continuar
você é que sempre se excluiu
se não consegue enxergar
vá para a puta que te pariu

abre a boca só pra reclamar
depois de tudo que eu te dei
se me quiser vai ter que ajoelhar
e me chamar de "meu rei"

11 de abril de 2008

Calm Like a Bomb (parte II)

Por que todos haviam de se encaixar? Por que todos haviam de se sentir bem embaixo de suas peles? Foi assim que acordou naquela manhã.

Seus amigos, cada vez mais distantes sabiam do medo que corriam por ficar em seu caminho, por tentar atravessar suas palavras. E corriam, fugiam sem olhar pra trás. Quando o viam, por acaso, o cumprimentavam como se não houvesse passado. Isso o irritava mais. Só acumulava mais. Em casa, ..., não, não havia casa.

O gosto do sangue era mais gostoso fresco. E ninguém ousou tocá-lo. Ele se lambusava feito criancinha com sorvete. Era seu próprio sangue, e não havia ninguém para limpá-lo, para fazer com que parasse. Não havia ninguém para estancar sua dor, ou para chorar por.

Não havia mais razão em sempre implodir e causar uma hemorragia interna para proteger os que ama. Quem ama, está próximo. Ele explodiu e choveu por aí, mas tudo bem, não havia ninguém.


"O ser humano é estômago e sexo. E tem diante de si uma condenação: terá obrigatoriamente que ser livre. Mas ele mata e se mata com medo de viver. Por isso meus olhos estão cegos. Para não enxergar a alma desses pecadores. Meus ouvidos escutam uma voz que diz: 'Padre, morrer não dói. Morrer não dói!' Estamos todos condenados. Eternamente condenados. Condenados a ser livres."

8 de abril de 2008

My Violent Heart

Uma briga. Eu não sei ao certo, vamos definir como sendo uma briga. Papéis voam com o vento e impede uma visão clara do que acontece ali. Eu não posso impedir nada, não consigo. Não quero. Sou eu quem tenta apartar a briga, sou eu quem segura e solta as armas. Sou eu quem o mato. Algo que tomou conta de mim por poucos minutos, que pareceram horas, que parecerão dias, que serão semanas...

Uma faca em minhas mãos. Uma faca suja em minhas mãos. Sujas. Um corpo, o ar agora é todo meu. Minha sede eu mato bebendo como um cão o sangue do chão. Eu mato. Matei aquele corpo como se fosse só um pedaço de carne banal, daquelas de animais que a gente mata sem rancor. Eu não me sentia culpado. E perdi a conta de quantas vezes a faca em meus punhos cerrados se afogou em ti.

Meu rosto futuro. Morto. Meu antepassado, morto. Por minhas próprias mãos, com meu próprio ódio. Enterro-o num lugar óbvio, ninguém procura no óbvio. Os dias passavam e eu fingia chorar sua perda, mas chorava outros turbilhões de motivos que nos acompanham quando tiramos a vida de alguém.

Eu deixava pistas para que fosse encontrado. Eu era o culpado daquilo tudo e merecia minha punição. Mas não queria que fosse fácil para eles. Não estava sendo pra mim, por que para eles seria? Quando desenterraram o resto da carcaça daquilo que um dia pude chamar de família, havia um rombo em seu peito, um buraco oco e vazio. "Aonde foi parar o coração?" todos se perguntavam.

Não me lembrava de ter arrancado seu coração. Estava tão assustado que só pensava em sumir com seu resto e com o que sobrou de mim. Facadas, arranhões, unhas e mordidas em seu peito até alcançar seu coração. E lá estava. Tristonho e jovem, como não te conheci. Experimentei e serviu direitinho. "Eu também preciso de amor, ____,e você cobrava isso. Agora a sala vazia dentro de mim estava completa com o coração de outro. O seu, ha ha ha ha". - Eu enlouquecia. Eu me lembro agora. Um coração vazio, num espaço vazio. Sem nada. Eu havia jogado o meu fora, por que o de outro alguém me serviria? Estúpido

Então servi a mim mesmo aquele coração no jantar. Chorei até que meus olhos cansassem e dormissem. Esperei no mundo dos sonhos até que me achassem. Entraram em meu esconderijo com armas e gritos. Quando acordei, acordei.

4 de abril de 2008

Pareidolias

Na sacada, olhávamos a vista. Você me abraçava e eu pensava em como lidar com a situação. Não conseguia estar presente ali, você também não. Eu pensava em como fazer tudo parar para poder aproveitar e você pensava que nunca mais faria isso. Eu tentava fingir que isso era tudo o que precisava.

Alucinações, ilusões, delírios... não importa o que foi aquilo, me tirou dali, me fez pensar no tanto mais que há. Você nem viu. Não queria ver, estava dando adeus e eu nem percebia. Fiquei ausente e você também não viu minha evasão. Estávamos tão egoístas juntos, presos nos nossos próprios nós. Só fui te perceber quando veio sussurrar. Conversamos assim. Nos percebemos assim, era gostoso ser assim. Ser semi palavras.

Recuei, queria te olhar. Você não deixou.

Canto no Meio


É por isso que eu canto, mesmo no meio.

Canto eu que é por isso mesmo.



Mesmo canto, é porque eu meio...
Mesmo meio, é porque eu canto.


Por que é que eu canto, mesmo?
É por isso que eu canto, mesmo no meio.


É meio por isso mesmo que eu canto.





Por que é que eu canto, mesmo?



xxx




"Mathio" Toad completa:

"E é por isso que eu me encanto. Tanto canto assim te coloca sempre ao meio. Mas sempre completo, sem receio. No entanto, mesmo subindo ao teto, eu mesmo te garanto que esse é o caminho certo."