Sobem pelo meu corpo. Aos poucos me formiga todo. Literalmente. Caminham lentamente, ordenadamente de encontro. Pelo corpo todo. Eu quero ser a rainha. Serei a mais bela de todas.
Vieram adiante sem eu nada poder fazer. Sem o devido respeito ocuparam todo o espaço. Me deram vestido, me coroaram. Me deram um orgulho pra cuidar. Antes que pudesse ouvir chamar, tomaram meus ouvidos. Antes que pudesse gritar, ocuparam minha boca. Desceram ao meu estômago e comeram as borboletas. Me iludiram ser nobreza, me fizeram acreditar.
Seguraram minhas mãos, me impediram de atitudes. Comeram meus cabelos e todas minhas personalidades. Entraram em minhas veias, apodreceram meu coração. Meu pobre coração... - Mas eu sou a rainha - tentando me justificar, tentando fazê-las entender.
Formigas. São todos formigas. Pena eu não ter uma lupa gigante, pena o sol não estar escaldante. A minha vantagem em relação às formigas é que elas vivem em silêncio, e eu não as ouço chorar. A vantagem é eu ser bem maior que elas.
- Eu sou a rainha - gritava, - EU SOU A RAINHA! - Por medo e raiva, atacava. E pisava, e pisava, e pisava...
Nenhum comentário:
Postar um comentário