Por que todos haviam de se encaixar? Por que todos haviam de se sentir bem embaixo de suas peles? Foi assim que acordou naquela manhã.
Seus amigos, cada vez mais distantes sabiam do medo que corriam por ficar em seu caminho, por tentar atravessar suas palavras. E corriam, fugiam sem olhar pra trás. Quando o viam, por acaso, o cumprimentavam como se não houvesse passado. Isso o irritava mais. Só acumulava mais. Em casa, ..., não, não havia casa.
O gosto do sangue era mais gostoso fresco. E ninguém ousou tocá-lo. Ele se lambusava feito criancinha com sorvete. Era seu próprio sangue, e não havia ninguém para limpá-lo, para fazer com que parasse. Não havia ninguém para estancar sua dor, ou para chorar por.
Não havia mais razão em sempre implodir e causar uma hemorragia interna para proteger os que ama. Quem ama, está próximo. Ele explodiu e choveu por aí, mas tudo bem, não havia ninguém.
"O ser humano é estômago e sexo. E tem diante de si uma condenação: terá obrigatoriamente que ser livre. Mas ele mata e se mata com medo de viver. Por isso meus olhos estão cegos. Para não enxergar a alma desses pecadores. Meus ouvidos escutam uma voz que diz: 'Padre, morrer não dói. Morrer não dói!' Estamos todos condenados. Eternamente condenados. Condenados a ser livres."
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