Começou com uma manchinha. Acordei e vi aquela coisinha ali, bem no meio do meu peito. - Deve ser pernilongo ou alergia -mas não coçava. Um dia olhei pra baixo e vi sangue na minha camiseta branca. - Bonita estampa. - Estampa(?), não, peraí... Quê?
Coçava sem parar. Aquele botão avermelhado coçava e eu coçava sem parar. Um dia acordei com minhas mãos todas sujas de sangue. A ferida estava maior, e eu me diminuía cada vez mais. Não era aids, dengue, sarampo, psoríase, nevos... Não era "nada", e quando não é "nada" é mais preocupante.
Com as unhas e roupas sempre manchadas, comecei a divagar em templos e hospitais, religiões e ciências, tribos e crenças, verdades e mentiras. Nada nem ninguém soube dizer o que é.
O corpo é a ponte entre a Natureza e o Espírito. A Mãe e o Pai. Eu não queria mais ser órfão. Os índios acreditam que nenhuma morte é natural, e sim, um assassinato, e que eu iria morrer porque eu estava causando aquilo - meu próprio assassinato.
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