Não queria ir devagar, queria levá-la para casa. Queria poder sonhar novamente, encontrá-la novamente só para ouvir o que tem a dizer. Não havia língua em sua boca, sua pele cansada, marcada e frágil indicava a doença. Seu olhar, esperança.
Pálido, doente, fraco. Ela reapareceu e sentou ao seu lado. Estendeu a mão e lhe ofereceu um cigarro, um cigarro mágico. Lá estava ela, completa com suas roupas de couro, pele indígena e cabelos negros e desgrenhados, como se nunca havia partido. Ela também não podia falar. Estava ali, no limite do além, e se bastavam.
O pegou pela mão e aconselhou com um pedaço de papel surrado: “Embrulhe seu coração, você talvez vai precisar dele”.
“Venha pra fora e inspire a vida, relaxe os ombros e deixe-me entrar”. É um jogo que eles gostavam de brincar. Ele ainda precisava resolver as coisas no mundo exterior, além do fim. Esse foi o conselho dela pra ele, que finalmente entendeu, amadureceu e se fortaleceu para as batalhas seguintes no mundo que dói.
Permaneceram ali. Os olhos de diamantes dela diziam saudade de um futuro incerto, os dele indicavam medo de ter que voltar, acordar e enfrentar tudo de novo, de uma forma dolorida. Porque procurar a dona do diabo não era o mal, pois não se sentia ferido, não havia conseqüências inseguras. Não mais. Ele se sentia o próprio demônio em seu braço.
Ele jamais esqueceria. Ela também, e sentiu que o perdia pra ele mesmo.
Até o fim dos mundos.
2 comentários:
Adorei o post, o blog!
Parabéns pelo espaço!
Agora, estarei aqui tbm!
Bjs
^^
Se eu disser que foi por pouco que eu não chorei feito criança você acredita?
De um modo muito pessoal -extremamente pessoal- o Fim dos Mundos me atingiu e colocou a mão inteira numa ferida aberta, bem aberta.
Coisas que não acontecem ou não se repetem.
A gente não sabe viver, só achamos.
E sei nem se tem fundamento meu comentário, mas é que agora eu estou emocionalmente abalada por você e por tudo que tá escrito aqui.
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