2 de novembro de 2011
Tudo no pretérito imperfeito que tiveram
30 de outubro de 2011
25 de outubro de 2011
O velho que não
17 de outubro de 2011
Pós-rock
9 de outubro de 2011
4 de outubro de 2011
3 de outubro de 2011
24 de setembro de 2011
Majine ( Máquina de escrever)
Em luzes se encontram ideias que inspiram de forma orgânica e natural a minha natureza, como eu vejo e ninguém sabe, porque nem aqui cabe. Já tentou fazer história com sonho? Já tentou sonhar e fazer história?
Se organiza cheia de peculiaridades, é meiga com espírito. A mais velha me surpreende às vezes por dizer segredos que nem sabia que havia espaço. O corpo delgado como caia sobre mim fazendo questão. Abraço. Me fez sentir saudade de qualquer coisa que envolvesse nós dois, não de uma forma romântica. Forma cúmplice, de quem é amiga do monstro. Forma.
Quantas pessoas você é sem que se perceba ser. Quem disse que não, é na verdade ninguém. Todo mundo ninguém. Nunca foi, nunca é. Pode.
Quando exitou, quis que a mais nova sentisse segurança e refizesse aquilo que nem chegou a fazer. Estava feliz porque enfim conseguiria expressar tudo que não lhe cabia, mas que a mais velha já me tinha. O sorriso era maior que o espaço que ocupava, para compartilhar, enfim. Agradeceu, derreteu. Quer tinta para dar forma à criação.
Pode agora se expressar pela máquina de escrever e pelo abraço como forma de agradecimento, como forma de reconhecimento pela fé a ela dedicada. Escreva. A mais velha tem me desencontrado, mas com a candura com que leva a vida faz tudo mais fácil, mais leve feito a fumaça de nossas conversas. Tenho. A escrevo.
15 de setembro de 2011
13 de setembro de 2011
10 de setembro de 2011
Eu me perdi na madrugada
5 de setembro de 2011
Verdade homeopática
Depois que eu aprendi a sumir, meu mundo passou a crescer mais depressa, tapando o sol feito eclipse. Meus prazeres são dores, desde sempre, mas nem sempre as minhas dores são prazeres. Foi quando descobri que não dá pra carregar a infância por muito tempo, porque quem não consegue não deixa... E esse “quem” é plural demais.
29 de agosto de 2011
Is leaving the building
Presente que contem tanta história registrada em páginas, imagens, fumaças e sorrisos. Mas foi só quando o recebi num envelope naquela manhã, foi que senti o peso das páginas, das imagens, da fumaça, e o sorriso se fez novamente temeroso e com razão por se tornar cada vez mais raro a partir dali.
Toda vez que eu chego no seu espaço, eu me encontro um pouco mais no meu, mesmo com as diferenças que eu prefiro que se mantenham diferentes; ou a ponte que ainda não atravessamos. É porque é o refúgio que nossos encontros causam que me deixa em paz pra aguentar um pouco mais, sabe?! Não sei você sabe, se alguém sabe... Mas todos deveríamos saber o que somos e o quanto somos no outro, para o outro - mesmo que esqueçamos tudo depois igual quando não gravamos nenhuma bendita música ou não congelamos as memórias em imagens por pura preguiça, ou por puro "viver o momento".
Quando o presente do passado se fez enfim presente e se encontrou em minhas mãos, eu sabia que dali em diante não haveria mais volta; que havia se prolongado até demais aquela ida que ninguém desejava, que nunca chegava e que estava bom assim, sem ser. As caixas embrulhando tantas lembranças deixavam claras o significado de “mudança”, e o vazio vai conquistando o espaço, tornando-se palpável e real no fim de um ciclo que eu não pedi.
O bom é que crescemos e nos acrescentamos o suficiente pra termos segurança de uma amizade sólida, mesmo que distante. Na confiança de um futuro melhor, mais criativo, produtivo e arrisco até feliz. Teu caminho está escolhido e decidido e assim a gente se espalha dominando mais espaço para conquistar mais ainda. O trajeto que eu tanto gosto até sua casa agora vai me apresentar mais opções para novos rumos. Deixe aqui para trás, mas me leve assim como vai ficar aqui dentro do meu prédio. Como já está, e daqui eu sei que você não sai.
“Estar perto não é físico”.
23 de agosto de 2011
Não Tema, Você Só Fechou os Olhos
12 de agosto de 2011
D
... Da morte ao nascimento, quanto tempo é preciso percorrer o caminho? Essa dor o tempo não cura, não vai (!), no máximo cicatrizar. Progressivo agressivo depressivo...
... Às vezes penso em você, mas se eu falar desabo na frente de quem for. E atualmente eu nem estou me importando muito com isso. Como está difícil começar esse texto!...
Quando Falta (demo) by YuriKiddo
Oi,
Faz tempo né?! As coisas deveriam estar mais fáceis agora que a adolescência passou, já que os adultos adoram dividir as coisas, colocá-las em fases e tachá-las... Por que ainda não aconteceu comigo?
Em minhas mãos há marcas de tempo;
no meu corpo, marcas de dores;
dentro de mim, alguém que quer sair mas não consegue, que se expressa sem encontrar minha boca, meus olhos, sem controle do meu corpo ou dos meus nervos. Sem controle.
Essa semana minha outra mãe me ligou chorando e eu pensei muito em você – se diria as mesmas coisas que eu ouvi. Talvez eu precisasse ouvir tudo aquilo, o desespero de quem te ama às vezes é tudo o que a pessoa pode oferecer pra expressar amor. Como será que você se expressa? Eu não tenho conseguido me organizar ultimamente.
Música. Eu não sei calcular as horas de sons, mas eu queria que você me visse hoje, pra dizer que está bonito, que eu toco bem, que escrevo bem, que sou seu filho. Eu me mostraria pra você, fotografia cada pedaço exposto de pele, guardaria seu cheiro agora eu finjo umas coisas pra não parecer tão esquisito e acabar me fechando mais. Eu tenho medo do rumo que as coisas estão levando, os caminhos que tenho tomado, as coisas que eu tenho ouvido, meus excessos que não me tiram desse lugar sem sentido.
Esses dias eu quebrei a minha palheta enquanto tocava, minha corda favorita arrebentou logo em seguida. Eu não parei, porque não tenho limite. Eu não parei porque eu não conseguia, e quase quebrei tudo – de novo, como já fiz com algumas coisas. Eu sou destrutivo, queria que você soubesse disso. E há catorze anos a vida pra mim é assim, um instrumento que falta a corda favorita.
Até dá pra tocar, mas não
Eu acordei hoje como o dia, e como ele, termino em luto.
E vou deixar o texto assim mesmo... Até tentaria arrumar pra fazer algum sentido, mas eu não tenho mais sentido algum. Não sei arrumar mais nada. E me sinto um idiota imprestável por isso.
3 de agosto de 2011
Fragmentos
Ideias Fragmentadas by YuriKiddo
27 de julho de 2011
22 de julho de 2011
Abajur
15 de julho de 2011
Brisa da Noite
Duas luas cor de mel em noite quente o observavam... Os olhos de Brisa da Noite. Seu cabelo era mata que os dedos trilhavam e se enroscavam para morder. Selvagem, corria entre árvores e prédios, sabendo exatamente onde pisar nos espaços entre raízes e sapatos.
Quando corre, não faz vento. Quando se move, nem a sombra a acompanha, vai embora e volta sem que se deixe perceber. Seu corpo marcado de flores se camufla em relvas psicotrópicas. E no acalanto do tempo, se multiplica nos minutos para fazer valer as horas.
E no acalanto das horas, se multiplica nos espaços entre milésimos para fazer valer o tempo.
Sempre há um caçador a espreita, observando a beleza com que dança seus passos, dos desenhos nas sombras de seus movimentos, do cantar do pássaro que a devia vida e sempre a acompanha. Ela também o acompanha com um sopro de vento suave que ecoava musicalmente por toda aquela Urbália.
Dizem que não é difícil caçá-la – mas eu nunca vi ninguém. Ouvi por aí que ela é quem escolhe e vai atrás da presa. Se alimenta de brisa e sentimento, não da razão de um caçador limitado. E foi exatamente por isso que aquele que observava no parágrafo anterior virou observado. Tão inocente, indefeso com aquela arma na mão sem querer atirar, sem pretensões ou grandes ambições. Não caçava nada, mas gostava de se perder pela primeira vez ali e sentir o lugar, e quando o sentiu... Brisa da Noite.
Felina, se transformava em onça quando bem entendia, se misturava na natureza e não havia quem a encontrasse – a não ser pelo seu cheiro afrodisíaco e delicado que faz os olhos se fecharem para intensificar mais os sentidos.
Cheiro de mulher.
Cada vez mais forte.
a dança,
o cheiro,
a sombra,
o cabelo,
o transe,
a transa,
tudo.
toda,
em
movimento.
Ela então finalmente surgiu – sabendo que já o tinha – maior do que os prédios, com as presas de fora, um sorriso. Por um instante o caçador se assustou e seu instinto fez suar músculos tensos. Recuou sem saber para onde ir. Depois pensou se teria realmente que correr.
Cerrou as pálpebras encantado com a dona, com seu cheiro, seu pêlo... Hipnotizado, ficou estático esperando ser devorado, encarando o coelho em seu olhar felino penetrante de luas. Seu próprio reflexo. Tsuki-no-Usagi.
Noite em preta e branca... A brisa.
Virou onça com pele de céu e pintas de estrelas. Misturou.
O lambeu.
---
*Brisa da Noite é mórfica e atemporal. Escreverei mais sobre ela aqui, ela é muitas e toda. Espero que gostem.*
2 de julho de 2011
À Deriva
26 de junho de 2011
These days of confusão
Dias de confusão
Se estendem
Além do seu são.
Compreensão
Que se faz necessária conforme as horas passam,
Lentamente.
Porém não
– alegam que ele está doente.
- Ainda?
- Não, dessa vez é da cabeça, ele está pior –
Ouvia as conversas pelas finas paredes a seu redor.
Há muito tempo não sentia
O sol de uma forma harmoniosa.
Saiu depois de muitos dias
Trancado em casa,
Andando naqueles mesmos metros
Quadrados,
Vivendo um mundo
Quadrado,
Se comunicando
Quadrado,
Apenas com os dedos no
Teclado.
Movimentos atrofiados,
Língua atrofiada. Andou
Em direção a nada,
Encontrou desencontros enquanto
Sentado
Esperava
Na velha escada.
Todas as mudanças em seu caminho,
Desejando se veria novas estradas.
Usou o tempo
Para pensar sobre o que costuma
Esquecer.
Amou.
Ela dizia
- Vou onde você estiver.
- Eu não sei onde estou.
Não vai arriscar outro tão logo.
Seu reflexo era a companhia em
Não tão raros monólogos.
Conversava sozinho sobre tudo o que inexistia,
Pensando haver multidão.
Assim usou
E foi usado
Pelos dias
Que vieram,
Que já vão,
Que seguem
Sem direção
Ele que mal dormia,
Agora passa horas deitado,
Olhando para cima, pedindo
Para deixar recado.
Parou de sonhar para viver
Sem querer ser
A realidade das madrugadas que o acordavam
Dizendo que alguém voava sob efeito de
Ácido.
Ou que se cortava no quarto
Ao lado.
Não o confronte com falhas,
Ainda está quente
O sangue na navalha.
- Canalha!
E aqueles que ainda acreditavam,
Perguntavam
Por onde anda sua mente aflita
– Não minta, como você está?
– Tudo bem.
Grita.
Não fala com quase ninguém.
– Como assim ninguém? – É isso aí, meu bem...
Maluquinho de dar pena. - Não chega perto que envenena.
Fobia
Enjoo
Dia após
Dia
Nunca pede por
Socorro.
Dói a garganta
E o coração
Os amigos cansam,
Não mais dançam
Estão com medo
De viver a vida que ele canta
Nos acordes de seu violão.
Assim usou
E foi usado
Pelos dias
Que vieram,
Que já vão,
Que seguem
Sem direção
Dias de confusão.
24 de junho de 2011
Triste demais para título
Passou mal e acordou tendo que correr para o banheiro para expelir o que não lhe fazia bem. Enjoado, misturou café em sua boca recém-aberta depois de longas horas de sono e silêncio – para lavar o veludo da manhã, tirar o rachado da alma e tentar despertar os longos dias que se seguem sem razão.
O dia já nasce fracassado quando o Sol queima ao invés de aquecer seu espírito gelado e iluminar retinas desesperançosas. Olhou as ligações perdidas em seu celular e não quis se arrepender de ter ido dormir cedo depois de tantos remédios diluídos em poesias ruins.
As lâminas permaneceram na gaveta, mas suas lágrimas se espalharam na roupa e sibilaram no chão como de costume. A vantagem é que lágrima não é vermelha e some conforme o tempo a esquece. O tempo é impiedoso e racional demais para dar atenção. Ele não, então permaneceu ali mais um pouco... Respirando o ar venenoso daquela casa, ar que o pulmão não consegue filtrar.
Não consegue parar os arrepios, tampouco aquecer as mãos frias no caderninho. Não consegue parar de ouvir e sentir presenças e passos que não deixam pegadas. Segredos que não são seus, mas que guarda como se fossem por não ter certeza. Seus medos estão cada vez mais concretos.
Sem conseguir, decidiu escrever.
21 de junho de 2011
Eriatarka
Chão. É um lugar seguro! Do chão a gente não passa, não é mesmo? Se enrolou no tapete e foi chão. Levantou verme, pegou o telefone e apertou os números como se soubesse a quem ligar. O desconhecido atende e te ouve chorar, só chorar... até que desista e te desligue da vida dele. De sua vida. Que coisa feia. Feia é como a coisa vai ficar quando ele pega uma faca na cozinha. Amante.
Amante. É, você sabe – o que ama dores e sabores em adocicadas gotas de sangue saindo dos punhos. Pingou por aí até não ter mais motivo para pingar. Não crendo em nada disso, desfez seus atos para não sujar o jogo de pano de prato, o sofá maldito sofá. Morrer também não vale à pena, no final das contas. Mas a vida pesa conforme as horas diminuem.
Diminuindo,
indo,
iii
sumiu.
They used to have pulses in them
But impulse has made the strong
12 de junho de 2011
[vento na] Rabiola
Você sabe dançar, e me ajudava a não embaralhar as pernas para andar sem regredir. Meus passos agora são só dois, e não quatro pés como de costume - só quando me ajoelho porque é o que tenho vontade sem exatamente me questionar a procura de respostas justificativas. Motivos que não.
Meus versos quebrados em meu violão desafinado não te disseram. Faltou sorriso pra me ensinar o caminho. Me faltou pra te guiar... Mesmo sem saber. Te machuquei pra me ferir, é algo que eu.
faço,
embaraço.
Afasto.
Quando se abriram, as lágrimas eram só sujeira que a gente limpa sem nem querer ver. Quando se abriram não enxergaram. Não quiseram ver. Pensei estar do outro lado, porque assim eu quis. Quando tive, perdi. E perdido, não sei mais querer. Descrente, lá fora está tudo bem, porque eu aprendi como se faz quando ninguém.
Minha vontade é de rasgar meu peito e jogar o coração pra bem longe, chorar todas as lágrimas do corpo e pular. Pra sentir voar, o vento a chorar os olhos que negam assistir sua ausência tentando enganar. Quando o colchão não afunda do meu lado porque você é presente de algo que forço passado.
Enquanto tudo acontece, aguardarei que suas forças me ergam. E se nunca mais vier, nunca mais irei. Até partir de vez como rabiola que luta para se desprender do fio e acabar morrendo na calçada.
“Para ficar sozinho é preciso abrir os olhos, segurar firme no que nos manterá desperto e suportar os olhos bem abertos dentro de todos os estragos que o tempo faz. Que o tempo fez. Que o tempo fará.”
10 de junho de 2011
Grizzly
Um momento me abate, depois de outro me tirar a franja dos olhos. Andei por outros e desejei o que já tinha. Voei de volta, outra eu, para o mesmo de antes. Vi tudo que ansiava nas nuvens e, tola, imaginei que o tinha. Esqueci que isso eu não tinha. Então não pousei, despenquei. E vi de novo a visão das nuvens e vi que sonhei. O final não era feliz. Chorei e me desesperei, não sabia onde tinha ido tudo para o que ansiei voltar. E assim, tão rápido quanto as coisas mudam nessa história, meu choro fez tudo ser o que era antes, e fiquei confusa e com medo. Vi novamente o delírio das nuvens, e o final triste agora não era tão triste, tinha esperança ali e o prólogo alegre compensava a incerteza que se seguia. Valia a pena, pensei.
Mas, quase sem pontuação e num só fôlego, a visão se tornou música e o final veio antes do esperado. O meio mais breve não avisou que o impacto do triste fim estava logo ali. Por horas e dias ouvi sem parar a trilha do sonho e tudo ficou azul, triste, com tanto espaço e sem esperança. Fui jogada de um lado para o outro da trama, enquanto piscava, e perdi todo o meio. Não sei mais qual visão tive, se a linda e esperançosa, ou a triste e fatalista.
Sinto, porém, que neste frio, um urso cinzento me abraça e esquenta.
9 de junho de 2011
Lugares
Tenho pensado muito naquilo que conversamos informalmente, jogando conversa fora, sobre ir a lugares que a escrita permite. Lugares que nem sempre queremos ir... Tem um tempo já em que eu me pego desviando de meu Sonhar, lugar em que as respostas aparecem com clareza e me expõe de uma forma na qual me despreparei para encarar. Tenho tido muitos flashbacks e devaneios e deja vus – como quiser chamar – no qual misturo sonho em minha realidade e minha realidade invade o mundo de Morpheus, e isso tem me preocupado muito. Não sei bem dizer por quê, às vezes só acho que estou perdendo.
Sei que fiquei pensativo com a nossa conversa e reflexões sobre escrever. Você pode até estranhar por ter sido uma conversa tão rápida e cotidiana. Eu estranho. Percebi que é por isso que não tenho escrito tanto. Tanto como escrevia, de forma compulsiva, doente, passional. Tenho me boicotado entre pessoas e passeios que me levem a qualquer lugar longe de mim. Longe DAQUELE lugar. Só hoje percebi minha tentativa de fuga, meus atos falhos para não ser.
Tenho buscado estabilidade em minha vida, sempre achei que fosse assim, mas nunca quis que fosse assim e agora que percebi estava tentando algo que. Isso na minha adolescência era coisa de adulto, pros meus pais se preocuparem. Atualmente eu continuo achando que isso é coisa de adulto, mas quem é adulto por aqui? Muito mais importante é - quem é estável por aqui? Desde ontem te procuro, não de forma pessoal, mas do jeito em que meu medo avançou. Aqui.
Nessa busca percebi a fuga. Em nossa conversa percebi que eu concordei com o que disse, mesmo quando discordei sem perceber. E isso tem me tirado as noites de sono, noites de sonho, meus lugares. O escuro pra mim sempre foi curiosidade e agora causa medo, não pelo desconhecido, mas pelo que eu já sei. Antes eu não queria saber de nada, fazia e acontecia e acabou. E agora o que restou para acabar?
Eu quero meus lugares de volta, minha coragem de volta, minha curiosidade de volta. Meus gritos e cantos, meios e fins. E foi numa dessas conversas que a gente não dá nada que vi os falsos labirintos que construí – pra eu não ter fim. Que caiam todos dentro de mim, para que eu possa reconstruir e explorar onde me sinto melhor. Meus lugares instáveis, sem mapa e sem portão. Lugares entre a mente e o coração. Lugares que eu não.
Nos falamos.
yK.
31 de maio de 2011
Sem sentido
Foi só quando eu acendi um banza que eu percebi que estava na frente da casa de um amigo de infância. E que tinha crescido ali. Um amigo que eu não via há pelo menos treze anos. A polícia passou por mim e o giroflex girava em câmera lenta. Percebi que tudo estava em câmera lenta. E que ali estava minha infância. Mas agora os muros não eram mais tão grandes assim, as casas mudaram as cores, as famílias, as rugas. Eu aprendi a ler pixação e fiquei pesado demais para aqueles galhos de amora. Para qualquer árvore. Para qualquer um. Pesado demais.
A última vez que eu pisei naquela rua não tinha nem pelo, um girino, um menino lobo. Agora tenho pelos em lugares desnecessários e não sei mais se ainda sou menino... Se só o que sobrou para ser foi lobo. O que sobrou para ser além do que sou, além da matéria. Vermelha sombra vermelha sombra vermelha sombra – o quê? A luz.
A polícia passou e nem percebeu a minha pala. Ou não quis perceber. Ou viu meus olhos mareados e não saberia resolver. Preferiu fugir a ter que me encarar. Encarar minha torrente de pensamentos e lágrimas de um olhar fosco de sonhador cansado. Sonhador cheio de insônia.
Não terminei o cigarro, nunca soube se meu amigo ainda morava ali – ou se ainda era o meu amigo. Não teve geral da polícia. Não cresci, tampouco sou menino ou lobo. Desisti de ser ou pular qualquer muro que me prendia e só continuei andando sem pontos para ligar. Sem.
Não teve espera. Teve passo. Para longe do meu passado, para onde eu não existo e sou feliz. Sou feliz nos momentos em que eu não existo. Quando os vejo sorrir sem mim. Capturados em fotos com alma, como quem tem muito a perder. Eu não tenho nada a perder, por isso sou perigoso. Mas me sinto maior. Maior que o ar. Minha mãe se contenta e sente saudade do que eu não fui e se recorda do que não vivemos. E nos encontramos quando não somos. Porque temos tanto e quase nada.
A mulher evita meu beijo no sexo, pra sonhar com outro sexo. Goza em silêncio pra não me acordar, sem perceber que ali sou eu. Alguém que não. Talvez eu é quem não tenha percebido que ali eu não existo. E minha matéria é fruto da imaginação de alguém. Um sonho triste. Que nunca.
8 de maio de 2011
Lágrimas de mãe
É difícil passar por ela e vê-la assim, derrubada, pisoteada pelo desgosto. Uma mulher de vida e costumes simples, humilde e generosa. Viva, não te deixava abaixar a cabeça sem que viesse com algum conselho ou um abraço maternal. Viva, agora só sobrevive.
Outra mulher vive quase diariamente a mesma situação, não aguentou a traição do marido junto com a papelada do divórcio - esse caso aí os advogados devem atender igual fast-food, é um Nº1 com fritas média e coca light... "plus". Passa horas do dia dando ouvido às asneiras dos programas da tarde na TV aberta, isso sim é decadente. Conversa com a TV, sozinha, ao telefone sem parar, só por não ter o que falar, com quem.
Teve um outro caso de uma mãe que, mas ah, por aí vai...