Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

29 de agosto de 2011

Is leaving the building

Aquele presente demorou tanto. Era pra ser abril, mas abril despedaçou-se feito aquele que morreu no sertão. Precisou quatro meses – que se tivesse iniciado em janeiro, o presente se faria presente no quarto mês – de exigências para uma dedicatória ou qualquer coisa que caracterizasse o comum como meu.


Presente que contem tanta história registrada em páginas, imagens, fumaças e sorrisos. Mas foi só quando o recebi num envelope naquela manhã, foi que senti o peso das páginas, das imagens, da fumaça, e o sorriso se fez novamente temeroso e com razão por se tornar cada vez mais raro a partir dali.


Toda vez que eu chego no seu espaço, eu me encontro um pouco mais no meu, mesmo com as diferenças que eu prefiro que se mantenham diferentes; ou a ponte que ainda não atravessamos. É porque é o refúgio que nossos encontros causam que me deixa em paz pra aguentar um pouco mais, sabe?! Não sei você sabe, se alguém sabe... Mas todos deveríamos saber o que somos e o quanto somos no outro, para o outro - mesmo que esqueçamos tudo depois igual quando não gravamos nenhuma bendita música ou não congelamos as memórias em imagens por pura preguiça, ou por puro "viver o momento".


Quando o presente do passado se fez enfim presente e se encontrou em minhas mãos, eu sabia que dali em diante não haveria mais volta; que havia se prolongado até demais aquela ida que ninguém desejava, que nunca chegava e que estava bom assim, sem ser. As caixas embrulhando tantas lembranças deixavam claras o significado de “mudança”, e o vazio vai conquistando o espaço, tornando-se palpável e real no fim de um ciclo que eu não pedi.


O bom é que crescemos e nos acrescentamos o suficiente pra termos segurança de uma amizade sólida, mesmo que distante. Na confiança de um futuro melhor, mais criativo, produtivo e arrisco até feliz. Teu caminho está escolhido e decidido e assim a gente se espalha dominando mais espaço para conquistar mais ainda. O trajeto que eu tanto gosto até sua casa agora vai me apresentar mais opções para novos rumos. Deixe aqui para trás, mas me leve assim como vai ficar aqui dentro do meu prédio. Como já está, e daqui eu sei que você não sai.


“Estar perto não é físico”.

23 de agosto de 2011

Não Tema, Você Só Fechou os Olhos

Quando a chuva cai, ela desaparece sem sombra enquanto o mundo gira. Quem vive, absorve. Sumiu. Igual fumaça que se dissipa no vento quando sai da boca. Igual chuva que sabe enganar a gravidade para escorrer e evaporar. Igual eu. O dia em que sumi nada diferente aconteceu. Fui embora e ninguém percebeu, ninguém percebi... Eu sei sair daqui.

Afastei o abismo entre a terra e o céu no horizonte do sofrimento e prazer. Correr. Sumiu. Percebi que o sonho do sol é ser lua, porque mesmo que veja tudo durante o dia, não pode ser tocado pelos sonhos que reproduzem os olhares românticos. E cria sombras que caminham com os postes, muros, faróis e holofotes. Cria monstros na parede do cérebro. Eu. Eu. O dia em que eu sumi também quis ser lua, mas sem brilhar, virei. o suspense que toda escuridão carrega no silêncio. Ninguém percebeu.

Eu sei o que não sou, e as curvas no céu não sou eu, nem a ausência da sombra da chuva... Eu acabou desapareceu evaporou escafedeu-Se tivesse ficado e ainda estivesse, mesmo assim não estaria. Se não estiver em todo lugar... Não tem mapa na direção, sem norte guiando pés, os caminhos não deixam rastros. Ninguém me encontrou porque não sabia. Nem eu. E.

O mundo continuou girando sem mim. Mim perdido do eu, sumir do espelho, saído saiu. De mim. Depois que você vai embora, não quer mais voltar. Eu sei sair daqui.




“Ele está morto, mas todos nós o matamos”.

12 de agosto de 2011

D

... Do maduro ao podre, toneladas de matéria flutuam no espaço, vagando por aí...


... Da morte ao nascimento, quanto tempo é preciso percorrer o caminho? Essa dor o tempo não cura, não vai (!), no máximo cicatrizar. Progressivo agressivo depressivo...


... Às vezes penso em você, mas se eu falar desabo na frente de quem for. E atualmente eu nem estou me importando muito com isso. Como está difícil começar esse texto!...


Quando Falta (demo) by YuriKiddo


Oi,


Faz tempo né?! As coisas deveriam estar mais fáceis agora que a adolescência passou, já que os adultos adoram dividir as coisas, colocá-las em fases e tachá-las... Por que ainda não aconteceu comigo?


Em minhas mãos há marcas de tempo;
no meu corpo, marcas de dores;
dentro de mim, alguém que quer sair mas não consegue, que se expressa sem encontrar minha boca, meus olhos, sem controle do meu corpo ou dos meus nervos. Sem controle.


Essa semana minha outra mãe me ligou chorando e eu pensei muito em você – se diria as mesmas coisas que eu ouvi. Talvez eu precisasse ouvir tudo aquilo, o desespero de quem te ama às vezes é tudo o que a pessoa pode oferecer pra expressar amor. Como será que você se expressa? Eu não tenho conseguido me organizar ultimamente.


Música. Eu não sei calcular as horas de sons, mas eu queria que você me visse hoje, pra dizer que está bonito, que eu toco bem, que escrevo bem, que sou seu filho. Eu me mostraria pra você, fotografia cada pedaço exposto de pele, guardaria seu cheiro agora eu finjo umas coisas pra não parecer tão esquisito e acabar me fechando mais. Eu tenho medo do rumo que as coisas estão levando, os caminhos que tenho tomado, as coisas que eu tenho ouvido, meus excessos que não me tiram desse lugar sem sentido.


Esses dias eu quebrei a minha palheta enquanto tocava, minha corda favorita arrebentou logo em seguida. Eu não parei, porque não tenho limite. Eu não parei porque eu não conseguia, e quase quebrei tudo – de novo, como já fiz com algumas coisas. Eu sou destrutivo, queria que você soubesse disso. E há catorze anos a vida pra mim é assim, um instrumento que falta a corda favorita.


Até dá pra tocar, mas não


Eu acordei hoje como o dia, e como ele, termino em luto.


E vou deixar o texto assim mesmo... Até tentaria arrumar pra fazer algum sentido, mas eu não tenho mais sentido algum. Não sei arrumar mais nada. E me sinto um idiota imprestável por isso.

3 de agosto de 2011

Fragmentos

tantas ideias em pedaços de trechos de frases espalhadas em recortes de papeis em cantos de cômodos de lugares refletidos em cacos estilhaçados de pensamentos quebrados em pesadelos acordados em trechos de vida dividida em mais vida espalhada no chão em fragmentos de coração dilacerado em paixão triturada em raiva mastigada em voz engasgada num teco que se espalha em luzes cortadas de sombras em fatias de luzes de tantas ideias




Ideias Fragmentadas by YuriKiddo