Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

30 de julho de 2007

Meus dias



Uma mulher ocupa minha mente, repetida-mente, quase um déjà vu. É ela, a que não ostenta um rosto e que visita a todos. Vem para nos buscar quando o momento é certo. Ou por vezes incerto. Sempre coberta num manto, chega com seu sorriso maravilhoso para acolher quem procura por perdão.

Mas ninguém percebe seu sorriso. Viram-lhe seus rostos, tentando uma última fuga às sombras de sua alma. Não era por quem esperavam. Clamam por Deus, onde Ele estará? “Para te salvar, só resta eu”, sussurra ela, enquanto sua luz inunda as faces desesperadas, afogando-as no mar da vida.

E eles justificam-se, pois não foram eles que desejaram ser náufragos nestas águas salgadas pelos prantos dos inconsoláveis. Porém os gritos não mais são ouvidos; e os soluços não acordarão ninguém, além de mim.

É apenas a primavera chegando em Paris, trazendo consigo o cheiro das flores, nestes meus dias de abril.

27 de julho de 2007

"Faded From the Winter"


***
"You're a poem of mystery
You're the prayer inside me
Spoken words like moonlight
You're the voice that I like"
- Iron and Wine -

24 de julho de 2007

Milissegundos de fúria entre as mil páginas


Esse nó na minha garganta me atormenta. Não é metáfora não, é um nó mesmo, que prende minhas vontades e desejos. Ele machuca e se estende, cada segundo mais e mais. Incomoda e me faz querer vomitar. Enjôo. Embrulho. Não quero vomitar. Não vou vomitar. Mas parece que vou. A cada movimento que faço. A cada olhada para baixo. A cada pressão dentro de mim. Tudo vem à tona. O embrulho, o enjôo. O maldito nó.

É o preço, o que fazer? Eu que quis assim, assim que seja. Quem mandou não conseguir direto? Agora agüenta. “Você que quer, ninguém te pediu nada”. Sei... eu tenho olhos, viu. Olhos, ouvidos e o eterno peso. E creio que o terei até mesmo se conseguir. A primeira das piores. A segunda.

E por que quando uma coisa cai, o resto desaba junto? Todas as dores da história voltam com minha história de menina. Pois hoje sonhei com o que não tenho. E não terei tão cedo. Mas por que, não é mesmo? Por quê? Eu sei a verdade, e recuso a acreditar. Grande porcaria de valores, isso sim. Os meus? Talvez. Também.

Será? Mas são eles, os mesmos que te ajudam quando você precisa, os mesmos que te ouvem quando você chora, os mesmos que te acolhem quando você reclama. E voltam para me atormentar e me afastar do que preciso e nunca tive.

Dói ouvir você jogar na minha cara uma das poucas vezes que pensei em mim e não pude estar lá com você. Me desculpe, eu já pedi. Não pedirei de novo. Não é seu direito me fazer sentir mal, não agora, principalmente agora!, por não conseguir ser altruísta como sempre tento ser. Afinal, quando foi que eu busquei alguém quando precisava? Pois é.

Porém, não pense que esqueço. Eu nunca esqueço. Penso em tudo a toda hora. Tudo e todos. Penso nas suas dores, nos seus problemas, em como ajudar, o que fazer para fazer você se sentir melhor.

E quem pensa em mim?


***

Mas isso é agora. Daqui a pouco passa.
Olha, já passou.

18 de julho de 2007

Roads


"Storm.. in the morning light
I feel
No more can I say
Frozen to myself
I got nobody on my side
And surely that ain't right
And surely that ain't right"

Sour Time


"After time the bitter taste,
Of innocence disintegrates,
Scattered seed, buried lives,
Histories of our disguise,
Reborn,
Circumstance will decide"





Apaguei. Um acidente, talvez uma tentativa inconsciente de suicídio. Havia mais pessoas no carro. Quando acordei, mais ninguém. Onde eu estava? O que eu estava fazendo? O que aconteceu? Tentei organizar meus pensamentos e percebi que tudo era apenas um sonho. Não era. O retrovisor esquerdo estava ao lado do volante, eu não consegui entender e então gritava que era apenas um sonho e que eu precisava acordar, EU PRECISAVA ACORDAR. Procurei as pessoas e não encontrava ninguém, me encostava e não me sentia lá. Olhava praquela teia de vidro na vitrine à minha frente e me batia na esperança de tocar o real. Não aconteceu. Luzes e lágrimas nos meus olhos cegavam minha sanidade perdida em algumas poças d'água metros atrás. Era a polícia. Apaguei.



A última coisa que me lembro era que minutos antes eu pensava "Faz tempo que eu não choro."



Chorava sem nada entender, soluçava e chorava de perder o fôlego querendo acordar. Apaguei. Acordei no hospital com rostos conhecidos me encarando preocupados. Me drogaram com a justificativa de me acalmar "porque estava muito agitado, gritando e chorando demais". Estado de choque. "NÃO FUI EU! NÃO FUI EU!"




E ninguém acreditou.

Pioneer To The Falls II

Menina de Ouro

Com seu olhar de cachorrinho carente, sua concentração reluzente, subiu mais alto e não surpreendeu ninguém, pois todos já sabiam de sua capacidade. E naqueles olhinhos perdidos e trêmulos, vi maturidade naquela que ainda é uma menina e mostrou-se mulher.
O ouro em seu pescoço era ofuscado por sua imagem, seu semblante orgulhoso. A pedra mais preciosa...



Às vezes o ser-humano é lindo.

17 de julho de 2007

Pioneer To The Falls

Quando me apaixonei pelos Jogos Pan-Americanos

Esperei 14 edições para conhecer um dos mais belos sorrisos jamais visto com tanta sinceridade e beleza. Um sorriso lapidado em nome de pedra, em um corpo elástico e maravilhosamente simétrico. Uma garota que mostrou valer ouro, que sentiu o Brasil em suas costas, não aguentou, desequilibrou, e caiu. E uma chuva caia de seus olhos formando um rio de lágrimas junto com o de tantos outros brasileiros emocionados [não, eu não chorei].
Foi nesse momento que percebi que estava apaixonado por aquele ser, aquela imagem feita de carne. Aquela que nunca me olhará diretamente tampouco me tocará com suas mãos e pés. E me imaginei ser seu chão, para quando cair, deitar-se em mim confortavelmente.


Mas agora, já foi. E tudo passou, assim como aquela perda gloriosa.

9 de julho de 2007

"Wondering is this treasure or is this trash"

My eyes, my eyes. Heavy eyes that weight so much now. Will I make it? I wish I could, I really do. And it kills me to see the possibility here in front of me, impersonated by this book. All I have to do is try. Please, don’t laugh at my easy word.

I can’t, can I? Who am I fooling? I’m being swollen by a giant book. I look so tiny and small. Fragile, as thin class. It knows more than me. How much do I have to know?! I don’t know. Don’t know the much or the enough. Or even the less, or the more. What the fuck do I know?

I know I’m being swollen by a giant book, which knows more than I do. Much more. More or enough or plenty or everything. Anything… since all I know is I’m so insignificant in front of it. The huge book is swallowing me alive. Or already dead. I don’t know.

All I know is I’m being eaten by a giant book. His teeth, the sharp-edged-pages pierce my skin. He carves my flesh with his shiny edges, shiny teeth, shiny pages. And I’m a blur of the unknown.

Because all I know is that I’m being chewed by a heavy book, with its numbered pages, those 1000 teeth sinking into my skin and bones. What are left of me are bones, now broken bones. Sliced flesh and pocked skin. Ripped or rapped, just a matter of subtly difference. A vowel that clashes me. Clashed by the weight of the huge book and all its words.

So many words. He’s made of beautiful, long, difficult words. And I’m made of easy words. Simple words, while his complex sentences laugh at me. What a shiny grin. What a loud laugh. I didn’t realize I was so funny to be laughed at. I didn’t realize my attempt was so silly and foolish. And I know I’m incapable of tearing that smart grin off of your pages.

I’m sorry. Laugh with me, would you? I don’t want to cry. I’ve been so good. Let’s share some laughs. Laugh at my face. At all the things you know and I don’t. At my to-be-crushed world, my to-be-crushed dreams. My crushed world, my crushed dreams. This book has crushed everything. I crash. I clash. I’m being destroyed by a gigantic book and all its importance. All its authors. All its glory. And who am I? Not important, not an author, not glory. Simply a tired being with tired eyes under a giant book that’s annihilating me.

Or am I just hiding behind it? Oh, my dear shield. Thank you for being my brand new excuse to failure.


*Shiny grin*

6 de julho de 2007

Partes



Todo mundo é insignificante pro universo.
Ainda bem que sou.
Imagina ter a responsabilidade do Peter Petrelli??


Mas o que importa é (dentro de toda a nossa insignificância) ser significativo pra alguém.

Significativo o suficiente para marcar e ser lembrado (de preferência, com carinho), daqui muitos anos, estando perto ou longe.


E você é significativo pra mim.



Eu me imagino lembrando de você, como vejo minha mãe se lembrar do seu grande amigo da adolescência. Se eu ainda o tiver, imagino a gente se encontrando, vendo nossos agora antigos filmes preferidos, ouvindo músicas, lendo escritos e rindo. De tudo que éramos e do que nos tornamos. De todas as nossas fantasias e realidades.

Se eu não mais o tiver, me imagino lembrando com alegria, claro, por todas as coisas estranhas que você despertou em mim [ui]. Mas é... você vai contra todos os meus princípios, minhas crenças, meus julgamentos, meus pensamentos e sentimentos! E ainda sim não me imagino agora sem você. Não mais consigo pensar como eu seria se nunca tivéssemos nos conhecidos.

Ah vá, claro que consigo imaginar, né?

Eu estaria sem escrever e tirar fotos, com certeza. E possivelmente mais infeliz, pois seria uma excêntrica só, ímpar sem seu par. Acho que entenderia menos não só eu, como as pessoas também, porque seria menos carinhosa e sem empatia. E não teria esperança nas pessoas, de encontrar pessoas. Não estaria encantada. E não me sentiria querida.



Ah, meu querido! Olha quantas partes estariam faltando em mim...

5 de julho de 2007

Meu Destino



"Eu vou sem nenhuma direção
e eu so, não preciso nada mais"













"E eu..e eu
E eu..e eu"

The Morning After

"Então, minha felicidade fica pra mim. Quem vai cantar sobre ir bem na faculdade, sobre finalmente fazer algo direito? Quem vai cantar sobre as esperanças de ir bem numa crucial prova? Sobre a família? Sobre a Tuti?"

Como assim quem vai cantar?
Eu, ora essa!

I woke up this morning
it's a new day
I'm doing well at school
nobody's is playing the fool
and I don't know what to say
what's wrong today?
cause I'm smiling

I'm smiling
I'm laughing with you
I'm doing alright
just as you do

my dog and I played at noon
she's my closest friend
we'll always sing to the moon
this friendship will never end
it will never end

the night came shyly
as I were someday
It's so cold out there
as I were someday
sometimes the world can be unfair
and I pretend I don't see
but I have my family with me
so I get down thankful and pray
cause it's a new day

And I'm smiling
I'm laughing with you
I'm doing alright
just as you do

And I'm smiling
I'm laughing with you
I'm doing alright
just as you told me to

[And I wait, peaceful
the morning after
Now I'm so greatful
as I will be tomorrow
in the morning after]
It's a New Day (Cuz I'm Smiling)
ou The Morning After
[fica a sua escolha]

4 de julho de 2007

Ayers & Frank


Alice: It's a lie. It's a bunch of sad strangers photographed beautifully, and... all the glittering assholes who appreciate art say it's beautiful 'cause that's what they wanna see. But the people in the photos are sad, and alone... But the pictures make the world seem beautiful, so... the exhibition is reassuring which makes it a lie, and everyone loves a big fat lie. [“Closer”].

Alice: It’s a lie. It’s a bunch of sad words put together beautifully, and… all the glittering assholes who appreciate art say it’s beautiful 'cause that's what they wanna see. But the one that writes is sad, and alone... But the poems make the world seem beautiful, so... the texts are reassuring which makes them a lie, and everyone loves a big fat lie. ["Wonder"].

***

Fico triste. Não sei escrever. Ainda mais feliz. Não sei disseminar felicidade. Que triste. Não sei disseminar risos. Não sou engraçada. O Homem dos Dados era engraçado... e inteligente. Até Freud me fazia rir de vez em quando! E Jung era um fofo... e eu? Sou o quê?!

"Cause all I want is happiness for you and me"

Quando estamos tristes, gostamos de ler sobre os nossos próprios sentimentos projetados em outros. Nos sentimos menos sozinhos. Há outros no mundo que se sentem como eu. E só aquele autor me compreende. Só aquele músico sabe realmente como me sinto, pois ele sente o mesmo.

Quando estamos felizes, a coisa é diferente. A letra começa a não importar tanto, pois a felicidade não é tão complexa assim. Tem suas facetas, mas não é o mesmo com a tristeza ou a dor. Felicidade é um estado generalizado e a tristeza é pontual. Então o que prevalece é o ritmo da música. É ela mexendo o seu corpo, te levando pra lá e pra cá, ajudando seu coração a bater num ritmo mais frenético.

Pelo menos, é assim comigo. Abandonei minhas batidas fortes, há muito tempo, pelo meu belo Elliott vestido de folk e de sofrimento. Ele me entendia. Só ele. Agora a fase passou e eu estou bem. Ainda melhor, por continuar com ele ao meu lado. Ele ainda me entende, mas acho que entende mais você. Ajudou-me a me descobrir e agora me ajuda a descobrir os outros.

E Damien ficou para trás. Seu grito de “fuck you” não mais me serve. Sua solidão também não me cabe; muito menos suas decepções amorosas. Mas agora que escrevo, acho estranho. Ainda estou só, ainda tenho raiva e ainda estou decepcionada. Vai entender...

E busco ritmos mais rápidos. Encontro o rock rural de The Coral ou Gorky's Zygotic Mynci e a trilha de Vanilla Sky. O que me faça cantar e dançar.

Então, minha felicidade fica pra mim. Quem vai cantar sobre ir bem na faculdade, sobre finalmente fazer algo direito? Quem vai cantar sobre as esperanças de ir bem numa crucial prova? Sobre a família? Sobre a Tuti?

Todo mundo se identifica com dor. Nem todo mundo foi feliz. E a letra não importa, se se é feliz. Basta se insinuar sexualmente dançando. Credo, isso sim é triste.