Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

26 de novembro de 2006

I am not my Hair

Eu sou meu cabelo. Recentemente tive uma das conversas tensas que tenho de vez em quando com meu pai. Quase não conversamos e quando conversamos parecemos duas pessoas naqueles interrogatórios policiais [adivinha quem é o policial?!]. Você estava presente nesse dia e ajudou a balancear um pouco as coisas. Eu cortei meu cabelo nessa última quarta-feira. Eu perdi minhas forças. Eu me rendi. Eu me entreguei algemado confessando toda a culpa de ser livre. E fui pego. "Você fez a coisa certa". A coisa certa? Pra quem? Pra vocês, ditadores filhos-da-puta autoritários! Eu odeio cada um de vocês, ca-da um.

Eu percebi que sou meu cabelo, que todos somos. Meu cabelo era solto, enrolado como a vida e nem aí pro que pensavam dele; ele era simpático até, muitos gostavam dele, praticamente um anti-herói do shampoo que cativava a todos. Uns viravam a cara, mas não importa, não se agrada a todos e nem tínhamos essa intenção. Meu cabelo era sincero e teimoso, não tinha produtos que forçasse-o a fazer o que não queria; era grosso e sujo, mas era MEU! ERA EU! E me fizeram perder uma das poucas coisas de valor pra mim. De verdade, não ligo pro cabelo dos outros, quem estiver lendo isso que faça o que quiser com seu cabelo. Mas faça o que quiser com seu cabelo. O mundo mandou no meu, o mundo se cresceu em mim me obrigando a seguir as regras do Estado. Sofri praticamente um estupro capilar, torturando-me para que possa olhar no espelho e sentir nojo de mim mesmo; para que possa olhar no espelho e desviar rapidamente o olhar com vergonha de me encarar. Vergonha de olhar pra mim mesmo, que ironia não?! Eu que sempre disse pra sermos o que queremos, andarmos como queremos, nos vestir e nos despir como e quando nos bem entender... Eu, que não existo mais. Hoje sou mais um misturado na multidão, a legião dos "bonitinhos amigos do gel", mais um brocha... É, BROCHA sim. Meu cabelo agora é sem assunto, sem-graça, reto, quieto, passivo.

Quem ler isso sem me conhecer vai pensar que sou uma pessoa fútil por me preocupar tanto com o meu cabelo. Mas não é uma questão de estética, é exatamente o contrário. Eu era livre, mas pelo preconceito e escravização por meio de dinheiro, tive que cortar meu cabelo, praticamente à força, pois foi com lágrimas nos olhos que o matei. E morri.
E hoje quem sorri pra mim são meus inimigos. Um sorriso meu é arrancada a cada sorriso amarelo deles pra mim.

19 de novembro de 2006

Queria estar com mais paixão para declarar meu carinho com mais amor

Descobri a palavra serendipity em um belo acaso e relembrei-a em um belo momento. Mas este momento passou e fica cada dia mais difícil pensar nas maravilhosas e acidentais descobertas que fiz. Quando a felicidade chega é melhor aproveitá-la, jurar amor ao mundo todo, pois nunca se sabe quando o mundo jurará ódio a você.

Possivelmente, então, as serendipities que eu relataria no momento passado fossem outras, por outros motivos, com mais amor do que se o relato se desse hoje. Ou talvez, as minhas serendipities do presente perturbado sejam as reais, pois, mesmo estando num estado infeliz, pude ver as surpresas fantásticas que abalaram minha vida.

Minha serendipity mais antiga é a Tuti. Paixão.

Outra é a descoberta de uma língua pela qual sou devota e apaixonada: o inglês. Esta língua e todas as portas que me trouxe são presentes pelos quais tenho um enorme carinho.

Após um longo período de tristeza e de ódio profundo, as coisas mudaram e fiz minha melhor e maior serendipity. Umas poucas pessoas fizeram o meu 2005 não mais ser o reflexo da Alice fracassada e de suas incapacidades. Entendi o que era amizade, aprendi a dar valor pra mim mesma, percebi que preciso mudar. E duas pessoas se destacaram durante essa jornada: a Belisa e você.

A Belisa, por mais confusos que estejam meus sentimentos agora, você sabe e conhece. Impossível não amá-la.

E você, o que dizer? Arrependo-me de não ter mudado mais cedo, de não ter te apreciado mais quando estávamos juntos todos os dias. Mas o que mais me surpreende é o sentimento de que nós nunca construímos uma amizade. Tenho a impressão que ela sempre esteve lá, conversamos hoje do mesmo modo de um ano atrás.

Sou muito agradecida por ter te encontrado. Você me faz crescer e isso te torna essencial para mim. Assim como todas minhas serendipities.

7 de novembro de 2006

Eskimo Friend

Confesso que pensei intensamente num curto prazo de tempo quais seriam as minhas serendipities. Ou seja, não pensei muito sobre isso. Não consegui encontrar tantas descobertas felizes e inesperadas. Uma delas que posso afirmar é você. É Alice, VOCÊ! Nos conhecemos por total acaso porque você nem gostava de mim, pra dizer a verdade. Passamos um ano inteiro, eu com minha indiferença e um pouco de curiosidade sobre você, e você com seu preconceito e raivinha até "infantil" sobre mim; e no final do mesmo ano de 2005, começamos a nos falar como se sempre nos falássemos. Tudo bem que tínhamos amigos em comum, mas até aí, os tivemos quase o ano todo. Olhe para nós hoje... Quem diria?! Yu & Alice. [temos até o wonderlandinho]
Outa serendipitie são os amigos que conquistei por total acaso. Não digo os amigos de colégio que envolve também uma questão de costume, mas os amigos de puro acaso mesmo, como o Fel ou a Ju Pinguim. Essa última com certeza é a minha maior e melhor serendipitie de todas.


................... Se lembrar de mais alguma escrevo nesse espaço que deixei aí. Mas não consegui pensar em nada além de pessoas.

Como pude esquecer do amor? [nossa, eu esquecer do amor?! que coisa não!] O amor que descobri e entendi somente esse ano. Talvez ele exista de verdade.