Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

28 de setembro de 2010

Companheiro

Contente cheguei com colegas. Clube caótico, concorrido. Cruzei com conquistador certeiro. Criteriosa como costume, contrariamente convenceu-me. Curiosa, convidei-o com coragem, convoquei-o com cada cara charmosa. Cego... cortou-me com costas!

Cadê?!

Cá! Cantando com colegas, comigo conjuntamente. Chantageei-o com curtas cobertas cobrindo coxas, caindo cuidadosamente com chão. Chato, cessou contato!

Caramba... cadê?!

Contando cada canto, consegui calar comigo carnais chances.

Choque! Cá, compartilhando comigo calorosa calmaria. Como conseguir? Comecei criando contato: caminhei casualmente cabisbaixa. Cruzamos com compostura... corei! Cravei cobiça carnal. Cabe comportar-me com classe convincente, cedendo caras com chances concretas.

Cruzamos, correspondeu-me claramente com cara convidativa.

Calma... chama-me!

Calma... convide-me!

Calma... conquiste-me!

Canalha! Chega, cansei!

Cerco-o com corpo, cicio cínica charada “cansei, camundongo”. Cortês, comigo concorda. Concedo chance conquistadora... contesta-me “cual ceu cigno?”.

COMO?!?!!?!?!

Conquistou... como compreender?

24 de setembro de 2010

Coma White

Até no sonho se morre, e morremos todas as noites. Somos arquitetos, deuses, de algo nosso que não conseguimos controlar. Não se controla a fúria do pensamento, e é isso que machuca e nos segura ao mesmo tempo. Um ode à loucura, outro ao que faz enlouquecer.

Nós bebemos da fonte dos prazeres que a insanidade oferece enquanto um Sol se punha e outro apontava o meio-dia. O segundo Sol da noite, assim era chamado. A eterna espiral que confunde o Tempo. Aqui ele não manda nada e significa menos que a areia da ampulheta. A significância do tempo simbologicamente representado pelo objeto do infinito reduz-se a nada mais que uma cachoeira de areia que sufoca e enterra. Sem espaço, só ex-paço.

Eu passeava pelos espaços do espaço enquanto eu sentia os efeitos na minha cabeça. Olhava para o céu e via aquela nebulosa exuberante de cores vibrantes. Há luzes em meu cérebro, como as das ruas. Há ruas que fazem caminhos dentro de mim. Caminhos sensíveis que se modificam a todo instante. Mas quanto é um instante? – Labirintos intelectuais que nos fazem querer decifrar, por isso corremos.

Corremos sem direção ou destino, porque aqui não se para pra descansar, porque senão a loucura, o tempo, o pensamento, tudo pode te pegar e liquidificar a existência do real. Você ria de tudo isso enquanto via sua máscara partir corroída pelo ácido que caia do céu. Quando o mundo está às avessas, pisamos no paraíso enquanto somos destruídos pelos ares. Seu rosto ainda era belo.

Eu vi as luzes saindo de todos os orifícios enquanto nos beijávamos. Eu vi tudo se desfazendo sem som enquanto nos consumíamos. Eu senti a dor de seu coração e a apertei bem forte em minhas mãos, até se desfazer em líquido. No meio da água, vi de olhos fechados o reflexo de um monstro. O mal que não para de me olhar. Então eu abri os olhos.

Acordei de um sonho e percebi que não podemos mentir quando dormimos. O sonhar é a nossa única verdade sincera e sem interesses. É aquilo que simplesmente é, sem começo e sem fim. Os valores e amores se perdem nos labirintos confortantes da mente. Tem vezes em que só queremos acordar. Outras, em que não queremos renascer para vida, como todas as manhãs. Eu adoraria viver um coma.

Amanhã não será um dia bonito.

11 de setembro de 2010

Por Todo Lugar




Eu poderia dizer
Que moro num lugar seguro
Dentro de você
Mas minhas partes estão
Por todo lugar

Se desfazer é fácil
Veja como eu me desfaço
Se desfizer, refaço
Recompor, é bem mais complicado

Quem dera eu tivesse um lar
Ou somente um lugar pra ficar
Descansar o corpo um pouquinho
Guardar o que restou

Caí de novo
E agora vou
Voo
Voo
Voo

Passarinho bate asa
E não volta tão cedo não
Não volta mais pra casa
Não volta, não

Se eu pudesse
Um lar seguro dentro de você
No seu coração




--
*poesia nova pra carimbar o novo caderninho que eu ganhei de presente!

10 de setembro de 2010

Como eu quero*

De repente solta um “fica quietinha aí” sem nem perceber que pegou pesado na brincadeira. Não quero que fale assim comigo. Muito menos que pegue seu violão pra tocar duas notas de cada música que conhece. Assim você não vai me conquistar. Eu quero você tocando uma música inteira pra mim, sob minha janela, com cara de mistério. Sem piada boba, eu quero você sério.

Sabe o que vou fazer? Vou te passar a tinta. Tirar-te deste rascunho borrado por outras, vou te transformar em arte final. Longe de mim, nada dá certo pra você. Deixa eu te ensinar como ser bem melhor. Isso já estava decidido desde o início, não há como fugir. Você entrou sabendo da cilada, que seria cada um por si, menos você, que será sempre por mim.

Eu quero você como eu quero. Cara de mistério, sempre sério...

***

* Kid Abelha - "Como eu quero"
** Kid Abelha, que nem gosto, mais uma vez de fundo dos meus relaciona-mentos.

9 de setembro de 2010

These are my twisted words

Mãos sangrando de quem socou parede. Um soco e outro o punho cede. Com esperança, ainda sobra um pouco de ossos e nervos pra escrever. A cabeça já não sei. Ela já não sai, só voa em direção ao chão... Me traindo, mentindo a realidade, lixando o cérebro no asfalto, me lixando, fazendo eu me sentir um lixo... Lixado.

As noites são realmente solitárias. Sinto meu corpo como porcelana partida guardando uma alma quebrada

Meu caderninho de letras não é italiano ou tão chique para ser chamado de moleskine. Minhas palavras saem sem direção, querendo muito mais do que sou capaz.

me calo dizendo tudo em páginas.

Há clareza na fogueira do caos. A tocha ainda está em minhas mãos sujas com a matéria-prima do ódio. Unhas pretas de carvão e sangue seco. Não havia ninguém a minha volta. Eu destruí tudo, eu fodí com tudo.

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*esse rascunho está aqui no blog há quase um ano. eu sempre quis escrever algo legal com esse título 'these are my twisted words', daí nunca consegui. o resultado foram essas frases soltas e perdidas que eu tirei de um dos meus caderninhos de anotações e fui jogando aqui pra ver se clareava a mente. até que fez sentido, essas são minhas palavras torcidas.