Até no sonho se morre, e morremos todas as noites. Somos arquitetos, deuses, de algo nosso que não conseguimos controlar. Não se controla a fúria do pensamento, e é isso que machuca e nos segura ao mesmo tempo. Um ode à loucura, outro ao que faz enlouquecer.
Nós bebemos da fonte dos prazeres que a insanidade oferece enquanto um Sol se punha e outro apontava o meio-dia. O segundo Sol da noite, assim era chamado. A eterna espiral que confunde o Tempo. Aqui ele não manda nada e significa menos que a areia da ampulheta. A significância do tempo simbologicamente representado pelo objeto do infinito reduz-se a nada mais que uma cachoeira de areia que sufoca e enterra. Sem espaço, só ex-paço.
Eu passeava pelos espaços do espaço enquanto eu sentia os efeitos na minha cabeça. Olhava para o céu e via aquela nebulosa exuberante de cores vibrantes. Há luzes em meu cérebro, como as das ruas. Há ruas que fazem caminhos dentro de mim. Caminhos sensíveis que se modificam a todo instante. Mas quanto é um instante? – Labirintos intelectuais que nos fazem querer decifrar, por isso corremos.
Corremos sem direção ou destino, porque aqui não se para pra descansar, porque senão a loucura, o tempo, o pensamento, tudo pode te pegar e liquidificar a existência do real. Você ria de tudo isso enquanto via sua máscara partir corroída pelo ácido que caia do céu. Quando o mundo está às avessas, pisamos no paraíso enquanto somos destruídos pelos ares. Seu rosto ainda era belo.
Eu vi as luzes saindo de todos os orifícios enquanto nos beijávamos. Eu vi tudo se desfazendo sem som enquanto nos consumíamos. Eu senti a dor de seu coração e a apertei bem forte em minhas mãos, até se desfazer em líquido. No meio da água, vi de olhos fechados o reflexo de um monstro. O mal que não para de me olhar. Então eu abri os olhos.
Acordei de um sonho e percebi que não podemos mentir quando dormimos. O sonhar é a nossa única verdade sincera e sem interesses. É aquilo que simplesmente é, sem começo e sem fim. Os valores e amores se perdem nos labirintos confortantes da mente. Tem vezes em que só queremos acordar. Outras, em que não queremos renascer para vida, como todas as manhãs. Eu adoraria viver um coma.
Amanhã não será um dia bonito.
6 comentários:
"Não se controla a fúria do pensamento, e é isso que machuca e nos segura ao mesmo tempo."
gostei disso, pq no fim somos nós mesmos que nos machucamos, né?
... curti o texto e também acho que amanhã não será um dia bonito.
besos yurito.
Nossa, que legal seu texto!
Adorei, muito expressivo!
Me encanta muito pessoas que sabem se expressar tão bem!
Os sonhos são demais mesmo, as vezes eu choro quando percebo que encontrei um deles dentro de mim.
O penúltimo parágrafo ficou simplesmente perfeito.
beijobeijobeijobeijobeijo mon amour!
o penúltimo parágrafo ficou simplesmente perfeito.
beijobeijobeijobeijobeijo mon amour
Tem selinho lá no meu blog pra ti =]
apesar de bonito, não é em todo coma que se sonha. cuidado.
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