Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

28 de abril de 2006

Na Tentativa de Desenvolver o Cerebelo [ISSUES]




Aqui estou eu, Yu Calavera vulgo "Homem de Lata", num canto (im)pressionado por mim mesmo sem conseguir pensar, esfregando o cerebelo no asfalto, pensando em muita coisa. Desculpa Lice... Mas faz tempo que eu só consigo responder, e o [meu] questionável não tem me importado muito.

Cubra-me com seus pensamentos, porque os meus são indivisíveis e não são dos melhores.







[ISSUES]

O Silêncio de um Inocente

Um bom Deftoner canta desafinado e não se importa. Lá estava eu, em todos os lugares. Cantando medleys para milhões de pessoas. Abri os olhos. Encontrei apenas um garoto trêmulo, sangrando, com um X estampado no peito e um tumor gigantesco na cabeça: trauma. O último som que se pode ouvir foi o de um acorde da guitarra distorcida que ali dizia "Fechem as cortinas, o espetáculo acabou"... E um suspiro. Olhei-o em seus olhos, lá estava ele, me encarando, tentando disfarçar o medo que sentia. Eu estava lá. Assim como ele. Marilyn Manson sussurava dores poéticas e cortantes ao mesmo tempo em que forcei uma lágrima, mas não chorei. Os olhos a minha frente brilham e refletem sonhos e desesperos. Os olhos que me encaram brilham porque estão sempre cheios de lágrimas, nunca choram. Eu estava estupefato, hipnotizado, mal me mexia. A perplexia do medo não me dava muitas alternativas senão cair e chorar. Como quase inconscientemente e sem querer, fiz exatamente ao contrário[como sempre faço]. Não podia envolvê-lo em meus braços, mas podia sentir o frio de sua carne. Me sujei com seu sangue e nossas mãos trêmulas se encostam e já não tremem mais. Seu peito gritava dores e lamentações e o que batia não era um coração. Um punhal que machucava a cada respirar, e que quando rasgava, eu ajudava a costurar. Não nos temos mais ninguém.

Olhei pra dentro de mim mesmo e explodi.

17 de abril de 2006

Encontrei alguém nesta trilha de tijolos dourados

Não sei Você, mas Eu estou começando a existir. Sim, faz pouco tempo... menos de ano que esta Alice, a Alice que Você via mas não conversava ano passado, a Alice com quem Você deu um trombão na Paulista, a Alice que te lê e com quem Você fala, existe. E aceitei que sou única, com uma só face.

Sou Alice, in hopes of finding that damn rabbit. E essa Alice foi Você que achou. Você que trouxe à superfície, Você que deu "voz" a Ela, tantas vezes reprimida... por mim mesmo na maioria das vezes.

Porém essa Alice faz parte do Eu, Alice Frank. Estou respirando, estou vendo o mundo, estou falando, estou sendo ouvida. Finalmente!!! Minha boca está ferida, por tantas vezes ter sido forçada a se fechar. Meus ouvidos estão machucados, pelos momentos em que escutou um duro "cala a boca". Entretanto, estas feridas estão sarando. Há ainda muita dor, creio que sempre existirá, mas infelizmente são as dores que nos fazem crescer mais. Não quero esquecer, quero aprender. Aprender para não aceitar isso nunca mais e para respeitar e não fazer isso com ninguém.

E sim, Você, Yu e .Homem de Lata. existem, pelo menos por mim. Tenho Vocês em mim, estão marcados na Alice, Ela deve muito a Vocês. Sendo parte de Vocês real e outra fantasiosa (assim como Eu também), não importa. Eu já O vi, ouvi e li. Eu O vejo, ouço e leio. E acho que está óbvio o resto dessa frase...

No futuro, só quero continuar podendo virar suas páginas, descobrir novos capítulos. Não quero ver este Livro fechar. E nem a tinta da caneta secar.

14 de abril de 2006

Yu & Alice in Underground

Quem disse que você é menos real que o Yu? Quem disse que Ele é mais real que você? E se o Yu for só um heterônimo seu? E se Alice for heterônimo de Yu? Ou mesmo um pseudônimo, quem sabe? E se Você for realmente um pseudônimo/heterônimo meu?


Existem várias Alices vagando pelo mundo, posso ter apenas escolhido um nome pra assinar minhas discussões comigo mesmo, como já fiz, e já disseram que faço. Você só é menos real que Ele se realmente acreditar nisso. Ele acredita que é menos real que você, que é menos real que muita gente...

Areia em Meus Olhos

"Com um punhado de areia
eu mostrarei o terror a vocês"
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A toca do Coelho Branco de Março... Aquele túnel que Alice se perde antes de chegar no País das Maravilhas poderia ser muito bem a cartola de um mágico, no caso, eu. Eu ando sempre com meu guardador de idéias, você está tão contida nele.
Não enxergo realidades. A não ser que exista um elefante rosa[o nome dele é Dub] que sempre vai comigo ao banheiro, ou pessoas não-tocáveis, por exemplo. Aqui, você é uma dessas pessoas não-tocáveis, assim como eu. Então há esperança.
Você diz ser real, mas e se te toco em sonho? se sinto como Morpheus me permite sentir? É real, um sonho real, uma contradição. Toda vez que eu encosto pra dormir, penso "hora de dormir, hora de acordar" e quando acordo, com os olhos cheios de areia, vejo que horas são só por ver, pra saciar minha vontade de voltar à minha realidade, dos sonhos ou não, já que me perdi nessa contradição.
Já reparou que toda vez que acordamos, desejamos dormir mais? Como se não quiséssemos que todo dia chegasse? Talvez se acordássemos de propósito a vida seria mais interessante.
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"Não há ninguém no mundo que saiba tantas histórias como Sandman. De noite, quando as crianças ainda estão à mesa, muito quietinhas, ou sentadinhas em seus bancos,ele tira os sapatos e sobe a escada muito devagar, abre a porta sem fazer barulho e sopra areia nos olhos delas."

10 de abril de 2006

Das idéias de Yu sai Alice (mas não era da toca do Coelho Branco?)

Eu, Alice Frank, não existo. Não sou ninguém palpável para você que lê, sou palavras emendadas numa frase. Quem escreve estas orações existe para este blog, ninguém mais me viu. Não tenho imagem, não tenho voz. Tenho escrita. Não sou quem você vê e conversa, Yu. Esta Alice aqui só escreve.

Entretanto, sou duas: a que escreve e a que é vista. A que é vista existe sim. É de carne e osso, mais osso que carne. Tem imagem e voz, que usa bastante. Aquela mão lá com o texto é dela, assim como a letra. Não é invensão de ninguém, sua vida é tão real quanto a dos leitores. Mas muito fantasiosa também (para a sua felicidade!). Ela ri e chora, tem tato, olfato, visão, paladar e audição. Sente, vê e ouve muito. É humana, com suas qualidades e defeitos.

Acho que isso alivia o possível pensamento de loucura e dupla personalidade do Yu... não só fala sozinho, mas também discute e debate idéias com ele mesmo! Creio que não o verei no meu consultório para tratar seus distúrbios então...

***

Mas por que sou menos real que o Yu?
Por que eu não inventei ele e, sim, ele a mim?

9 de abril de 2006

Fora da avenida, no novelho das loucuras

Espero que veja poética neste texto também. Mas se não vir, pelo menos saiba que há poética nos meus sentimentos, só não há palavras para eles.

Nos meus diários, o que mais se pode ler são frases dizendo: "como gostaria de saber escrever". Isso sempre me torturou, queria passar o que eu estava sentindo, com toques de nonsense, mas que tinham todo o sentido pra mim. E esse soneto maravilhoso que você fez mostra que eu fui capaz e você me entendeu perfeitamente, mesmo não estando lá comigo. Você não faz idéia de como isso me faz bem, me faz feliz.
Nunca, na minha vida, me fizeram algo assim. Nossa, não sei expressar a alegria que tive ao ler aquilo. Me senti especial, sei lá... isso nunca acontece. Ser reconhecida pelo o quanto me dedico, pela atenção que dou, pelo carinho que ofereço. Obrigada, Yu, eu que agradeço.
Porém não é só por isso. Você me faz entender melhor o mundo, você me faz crescer, olhar mais pra mim e pra fora... é você que me inspira, cada palavra sua faz minha cabeça rodar, girar, remexer, pensar e enlouquecer. Sinto que bebo a tinta da sua caneta quando leio suas palavras.
Ter alguém pra dividir as minhas loucuras e maluquices me faz ser mais eu, me faz não me perder neste mundo que nos empurra aos padrões fúteis. Obrigada por me manter em linhas tortas.

7 de abril de 2006

Lembranças do Meu Quintal

Flores amarelas chovem no vasto terreno
Tropeço nas pedras nomeadas no chão
Olhando esse campo tudo parece em vão
Choro sorrindo, entristeço sereno
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Não ouço mais o bater de nenhum coração
Sinto na boca o gosto de sangue e sal
Minha vida é tão pequena, tão banal
Nenhum espelho reflete meu insano, meu são
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Postei minhas dores no amores do absurdo
Pessoas não nascem em árvores
Porém servem de adubo
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Juntei meu corpo à terra e me plantei
Nos epitáfios do meu quintal
Nasci, sorri, chorei, vivi, sofri, amei
.
.
.
_Fiz pra você, Alice 'Calavera' Frank, que me ajuda a entender pessoas, situações e emoções; que me inspira com sua exalante excentricidade. Obrigado.
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_Não sei se ficou bom porque é um soneto, e além de eu não acreditar muito em sonetos porque eles são matemáticos, não sei fazer soneto!! Fiz ontem a noite na aula, talvez eu devesse ter feito da forma que eu sempre escrevo, mas estava com vontade de escrever assim, com simetria. Da mesma forma que leio seus textos poéticos...

O Último Perfume

"E então, todos ficaram cegos..."

E se todos nós ficássemos cegos?
O fato de ter que me privar de um dos sentidos me faz pensar já tem um tempo. E pensei muito em ficar doente dos olhos, pois cego enxerga melhor as verdadeiras coisas, aflorar e desenvolver mais os outros sentidos... Mas, e as cores? E as expressões? Os filmes e paisagens que tanto gosto de ver, fotagrafar? O comer com os olhos...? Não teria coragem de me privar das lentes do mundo.
Audição, nem fudendo! Desculpe mas não tem outra expressão pra demonstrar o quanto é importante o som. Eu não sei o que é silêncio, a não ser quando as vozes param de falar, e a música emudece.
Tato, você mesmo já disse. Encoste em mim, nem que seja pra agredir.
Sobra então olfato e paladar. Deixar de sentir o cheiro de flores, de lixo, de mulheres, de homens, de gasolina, de feijão, de cachorro molhado, de saudades, de pipoca doce[não tem cheiro mais afrodisíaco que o de pipoca doce! Sempre digo que um dia vou inventar um perfume com esse cheiro]... É complicado, mesmo porque paladar e olfato estão interligados. Eu cheiro, logo eu sinto o gosto; e vice-versa. Imagina o que é um beijo sem paladar?! Horrível. Lamber uma nuca sem o gosto ácido do perfume, ou não sentir o cheiro que faz parte da persona. Não sei se seria capaz. Não sei se seria capaz também separar o olfato e o paladar, mas abriria mão do olfato, como você, por mais doloroso que isso seja... O último perfume


xXx
Por que guardamos pensamentos? Por que as pessoas nunca dizem tudo que sentem vontade de dizer? Talvez seja esperança ou conforto de que vá reaver a pessoa, e que não há necessidade de falar tudo de uma vez. Além do que, as pessoas não são honestas e quando encontram quem são, se aproveitam e abusam de sua nobreza*. Pois dizendo o que sente, o que pensa, você se torna vulnerável, não tem como se defender. Defender do que? Se todos nós fôssemos mais sinceros com nós mesmos, não precisaríamos realmente nos defender de nada nem de ninguém, principalmente. Mas aconselho o exercício de sempre falar, sempre sorrir, sempre amar, como se fosse realmente a última vez. Nunca saberemos se vamos reencontrar aquela pessoa, aquela harmonia, aquela liberdade. Estamos vulneráveis à morte, pode vir tanto pra mim quanto pra você quanto pra quem está lendo isso agora, em qualquer situação, tempo e espaço. Confesso que não digo sempre o que tenho vontade de dizer para algumas pessoas, mas são poucas as situações que isso ocorre, e tenho certo orgulho disso. Quero que as pessoas saibam o que significam pra mim e quero demonstrar que não sou qualquer coisa, um rosto ou um número a mais. Não consegue falar, escreva! Mas não deixe de passar sua transparência.


* Saudades do Chapolim Colorado

5 de abril de 2006

Toque... quero o toque, mesmo o do estranho homem

São tantos os sentidos... como você sabe que este é o final do seu corpo? É um sentido que nem percebemos que é!

Mas dentre estes 5... eu desistiria do olfato. É o que menos faria falta pra mim, e sei que existem pessoas vivendo normalmente sem ele. Só sentiria falta do cheiro das pessoas... aquele cheiro que do nada nos lembra coisas tão boas... mas há também as lembranças ruins.

O sentido que nunca desistiria é o tato. É provado cientificamente que chimpanzés que foram criados por máquinas frias, mas que ainda os alimentavam, morreram. Outra coisa é que se você não tem tato, como vai saber se tem algo te encostando, se você não está com seu pé em cima de um prego, ou se algo muito quente está na sua pele? Você morrerá. Fora isso, eu amo o toque... lembra do que eu te disse quarta? Que estava com saudade de tocar as pessoas, abraçá-las, senti-las em mim. Não sei viver sem isso. Prefiro abraçar pessoa ensopadas de chuva, do que nunca sentir seu calor.

A audição, nossa... viver sem ouvir música, vozes, sua risada não dá.

O paladar... não sou muito de comer, não vejo muito prazer nisso, mas creio que não há graça nenhuma comer coisas sem sabor. Sentir prazer em comer é uma forma de manter nossa sobrevivência. Não comeríamos nada se tudo tivesse gosto de jiló.

A visão... ver o mundo, ver as belezas... muito difícil viver sem... mas seria uma experiência diferente conviver com as pessoas sem julgá-las pela aparência... eu julgo infelizmente.

And yu?

***

Você sabe o que são Grim Reappers? São pessoas que morreram, mas ainda ficam na Terra para recolher a alma dos que irão morrer. Eles tocam a pessoa e ela morre logo depois.

Eu estava atravessando a Paulista, quando percebi ser olhada por um estranho homem. Não um olhar do tipo "checking me out", outro olhar... bem nos meus olhos, lá no fundo de mim. E logo depois eu e ele nos esbarramos. Não foi um encostão violento, foi algo bem sutil... um simples toque suave.

Eu parei, olhei para trás, ele ainda andava. Retomei meu curso e cheguei na calçada. Parei novamente e pensei "eu posso morrer agora". Nossa, Yu, fiquei com medo. Eu realmente poderia ter morrido naquele instante. Ou nos segundos a seguir. Suspense.

Conforme eu avançava, passos hesitantes, eu imaginava "o que poderia me matar agora? uma queda de um avião?" e olhei para o céu. Nada. Céu limpo, sem nuvens chuvosas à vista, sem possíveis raios pelo meu corpo.

Olhei para a rua e um táxi vinha em alta velocidade, zigue-zague-ando. "Atropelada?". Não, não dessa vez.

Passaram alguns minutos sem mudanças e eu relativamente me acalmei. Já havia decorrido um tempo desde o esbarrar com o suspeito homem. Talvez eu não fosse mais morrer. Que bom.

Porém minha mente não parava. Idéias surgiram, medos afloraram, pensamentos tristes. Ainda há muito que quero fazer... deveria eu falar tudo o que sinto para as pessoas caso eu não as veja mais?

***

Conversa no elevador - como eu queria que você estivesse lá.

Mulher no celular:
- O quê? Oi? Alô? Estou no elevador, acho que vai cair.

Minha mãe pára e vira:
- Que frase estranha para se falar num elevador: "Estou no elevador e acho que vai cair".

[hahaahahahahahahahahahahahahahahahahaha - eu vermelha, rindo como louca maníaca, num pequeno elevador, com muitos pares de olhos sobre mim]

Claro que a mulher se referia à queda da ligação, se não eu não estaria aqui e, sim, num poço de elevador.

4 de abril de 2006

Nem tudo é Como Queremos

Sentido Sem Sentido?

Visão, Tato, Olfato, Audição, Paladar




_Basicamente esses são os nossos sentidos, se você tivesse que perder um, qual seria? Qual você considera mais importante?

_Pense bem, toda causa tem uma consequência.

O Topo

Frio. Estava voltando pra casa, isso foi quase agora; mendiguei uma blusa com um amigo e consegui. Fiz o mesmo caminho que antes meus olhos passeavam novidades e que hoje não desviam do chão, como todos os dias tem sido. E até ouço uma buzina hora e outra, não olho pra atravessar as ruas, nunca fui muito de olhar se vem carro. As ruas mudam às vezes, mas só às vezes. O tempo não tem me sido útil, tampouco justo, e num momento de surto eu quebrei meu relógio de pulso, ontem mesmo [Estou com os braços nus e 'livres' dessa algema do tempo]. Portanto, não sabia que horas eram, também não me importei em não saber. Caminhei sozinho como todos os dias faço, exceto na ladeira, que logo no pé, uma garota passa a andar ao meu lado[ou eu ao lado dela] me fazendo companhia. Logo fiz o mesmo por ela, mesmo ela não querendo, mesmo ela não sabendo. E a garota apertava o passo, eu fazia o mesmo; andava devagar atrás de mim e me ultrapassava quando bem lhe entendia, e eu, encantado, assistia o desenho de sua sombra dançando à minha frente. O topo parecia cada vez mais longe, e seguimos assim, em silêncio. Silêncio gostoso que quase rompi várias vezes. No meio do caminho começou a chover folhas mortas, duras, secas, parecida com gente quando morre... seres vivos que morrem, todos iguais... Quedei minha inquietação numa dessas folhas que o vento me trouxe. Nisso, a mãe da garota a esperava no vento, no medo, no escuro por sua filha que derrubou sua bolsa pesada sobre os ombros fortes da mãe e disse lá algumas levianas.
Mães, inacreditáveis! Fiquei impressionado. Mãe, às vezes gostaria de ter uma só pra desejar não ter; ou não ter só pra sentir falta.
Aquelas mulheres são passado agora. Subimos eu e a folha. Estava afoito, não sei por quê. Olhei para a folha e refleti sobre como a vida não vale bosta nenhuma. Ela viveu a vida inteira presa e agora que está morta, ganha a liberdade que talvez tenha passado a vida para conquistar e começar a vagar o mundo sem caminho certo. Vai entender... Ri solenemente e comecei a picotá-la sem um motivo aparente. Quis matar o morto. Cheguei ao topo e olhei meu passado. Discórdia...

2 de abril de 2006

Flores laranjas repousando sobre o túmulo.

Hoje fui fazer uma visita. Conhecer novas pessoas, aprender com o passado e descobrir experiências de vida são importantes. Dessa vez, eu não estava sozinha. Sou muito tímida para conhecer gente que nunca vi.

O lugar era lindo, muitas árvores, um campo, flores na grama. Silêncio. Tudo o que se ouvia era silêncio. Vasto silêncio. Sem vento, sem pássaros, sem água, sem desarmonia. Também, como seria o silêncio, vazio, desarmônico?

Sol, frio, preto. Mão no bolso. Não, sem mão no bolso; mãos dadas, apertadas, ansiosas. Passos curtos, lentos, nervosos. Reviver momentos antigos não é fácil. Reviver lembranças felizes traz um sorriso ao rosto, porém lágrimas aos olhos. São lembranças felizes, não um presente feliz. É um presente diferente, mais oco. Pior ou melhor? Não se pode saber, mas o imaginado é sempre melhor, alegre e esperançoso. Esperança pelo impossível e imutável. Impotência. É simplesmente o passado.

Chegamos. Aos nossos pés estava ela, aquela que aqui nasceu sorriu chorou viveu sofreu e amou. Aquela que espalhou alegria, que tocou as pessoas. Aquela cujo talento inspirou sua vizinha de descanso.

Dei uma volta, dei espaço para o suspiro. Prestei meus respeitos aos outros habitantes da necrópole. E, claro, organizei as flores. Sim, eram elas as destoantes na imagem. Pela suas quedas, suas cores. Flores laranjas repousando sobre o túmulo.

Respira fundo, mais um tchau (nunca adeus), mãos dadas novamente, lágrimas de saudade, sorriso de orgulho.

***

Fui num terceiro cemitério ontem, dia 1º de abril. Seria aniversário de 50 anos da melhor amiga de minha mãe, então fomos colocar uma flor para ela. Essa amiga era uma escritora, muito talento. Seu epitáfio diz uma letra de música que ela compôs: "aqui nasci sorri chorei vivi sofri amei". Na lápide próxima a dela, tinha um outro epitáfio escrito: "sorri, chorei, amei e vivi". Tanto talento que se espalha mesmo 30 anos após sua morte.

Sempre há espaço para o encanto



Amar para mim é querer o melhor para a pessoa, mesmo que isso não faça bem para você. Mas no final, a gente aceita, porque quem nós amamos está feliz e isso basta para nós. Todas as vezes que eu não amei, eu queria que os outros se magoassem, como me magoaram. Muito maléfica. Isso realmente não é amor.
Amo muito, mais do que devia... mas amar com paixão nunca. Pelo menos ainda não, ou talvez uma vez apenas. Um frio na barriga, um sorriso bobo no rosto, um aperto quando perecebo que estou só nessa situação. Só vi até hoje amor de mão única.
Quero sofrer de amor. Sim, quero ter meu coração quebrado, quero sentir a dor. Não sei porque, mas eu quero... acho que será uma experiência muito interessante. Quero entender as músicas de amor, quero brigar e quero discutir. Só aconselhar é irritante. Quero viver.
Prosseguindo... eu pensei numa teoria uma vez, de que amar é querer tornar-se um só. Abraçar é apertar a pessoa tão forte, com a intenção de quebrar a lei de que "dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço". Beijar é ter a pessoa dentro de você, assim como sexo. "I wanna feel you inside me" - A Vida de David Gale [um filme muito bom]. A prova máxima do amor, ou pelo menos teorica e utopicamente, filhos. Eles são a prova da unidade, eles são você mais alguém em um só.
Que teoria boba... tenho outras melhores. Porém minha falta de experiência não me permite ser melhor. O amor que senti não foi tão especial assim, foi imaturo e bobo. E se alguém um dia me amou, nunca me disse.
Entretanto sei de uma coisa:
"Amo com medo, amo com receio e vergonha de amar".


***

Sua vez. Escolha discussão.
Intrige-me.
Desafie-me.
Espante-me.
Questione-me.
Encante-me mais um pouco.