Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

21 de agosto de 2006

Uma bolha é tão efêmera... devo só vê-la passar?

Ploc*

Uma bolha de sabão se foi. Criada com tanto cuidado, um sopro de vida tão delicado.

Seu momento de independência é tenso ou muitas vezes simples e rápido, mas sempre acontece. Se não, nada de bolha de sabão dançando ao som do vento.

Após ser gerada com carinho, ela flutua, livre. Nunca segue o mesmo caminho que outras. Elas se espalham em movimentos suaves e calmos.

Há uma fantástica propriedade que possui: quando vista, transforma seus espectadores em crianças novamente. Maravilhados, com os olhos brilhantes e dedos levantados, exclamam: “Olhe! É uma bolha de sabão!”. E a observam voar, no mais alto que ela pode chegar. Até, em um segundo, a bolha sumir. Tão facilmente se vai, tão admirada, tão amada. Tão capaz de encantar.

E durante sua existência, não é diferente. Quem não abre um sorriso verdadeiro? Quem não abre os olhos com espanto? Quem não a segue? Quem não tenta tocá-la? Porém ela estoura, num momento igualmente especial quanto seu surgimento. Pequenas gotículas chovem no ar. Quem a estoura quer fazer parte de sua história, de sua mágica.

No entanto, enquanto ela paira no ar, o mundo inteiro se envolve em sua fina superfície. Ela é nada mais que um espelho. Em sua frente, é refletido tudo como é. Entretanto, ele se funde com a imagem refletida pela parte de trás, uma imagem contrária. É o mundo, suas face, num segundo só.

E ela choca, causa impacto. Cala. É simultaneamente bela e agressiva. Muda o mundo e quando se vai, não há mais espelho, não há mais leveza. A rotina absorve a todos mais uma vez. A mágica se foi.

Seria mais uma metáfora da vida?

Uma analogia às pessoas, aos amigos.

Uma bolha de sabão é apenas um sopro de vida.

7 de agosto de 2006

"Burning off the edges of the sky"

Aceitando as condições, pois primeiramente, mesmo que eu tenha decidido atear fogo em alguém, não creio que ficaria para ver, mas como a situação é essa, devo inquietamente decidir.

Havia pensado em fazer como os Ursinhos Carinhos um dia me ensinaram: deite e role. Porém, isso também não é aceitável, pois não há como voltar atrás. O fogo está lá, apagá-lo não é possível. Mas apagar a pessoa sim! [hahaha]

Então: pegar ou não o pedaço de pau? Acabar com a dor e o sofrimento ou não? Nessas horas, a gente nunca tem clareza de mente para parar e pensar (e nem tempo). Claro que perguntar para a pessoa o que ela prefere não é viável. A diplomacia ia fazê-la morrer do mesmo modo como o pedaço de madeira.

Se eu deixar o fogo matá-la, a culpa seria menos talvez, por ter tentado ajudá-la a apagar o fogo. Se eu pegar o pedaço de pau e batê-la, a culpa seria menos talvez, por ter poupado a ela um pouco da dor e medo. No entanto, se eu pegar o pedaço de pau, muito provável que sangue espirraria e possivelmente me sujaria. Sem contar que minha digitais estariam na madeira. Se eu apenas observar, provavelmente o fogo consumaria a pessoa até as cinzas, eu esperaria até serem apenas cinzas. Assim, haveria menos provas contra mim. Mas é claro que essa frieza não me cabe, já que não sou uma psicopata e possou emoções.

Agora, se eu fosse dessa geração de desenhos que não Ursinhos Carinhosos, eu poderia mesmo pegar o pedaço de madeira e descarregar egoísticamente minhas frustrações, medos, dor e prazer. A violência parece ser o escape para todas as neuroses das crianças hoje. Temo que adultos serão no meu divã.

Enfim, minha resposta vem de palavras alheias às minhas, pois elas expressam exatamente como me sentiria. Na situação eu poderia ter toda a força física do mundo à minha disposição. Mas não teria força emocional para tal.

3 de agosto de 2006

Paranóia Delirante

Ontem quando deitei a minha cabeça no travesseiro não consegui pensar em outra coisa senão nas nossas escolhas. Mas o que não conseguia sair da minha cabeça e que me fez perder algum tempo de sono é um pensamento de escolha macabro e importante:

Você matou alguém por acidente e no desespero, resolveu queimar o corpo. Quando o fogo já está consumindo o corpo e não tem mais como voltar atrás, você descobre que a pessoa estava viva. Ela agonizada pela dor e medo, começa a gritar sem entender direito o que está acontecendo. Você só tem acesso a um pedaço de pau e força bruta.
Você a mataria ou deixaria que o fogo o fizesse?


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O que EU faria:

Provavelmente competiria com o fogo a vida da pessoa inocente.
Recapitulando: Eu matei alguém sem querer e resolvi pôr fogo no corpo para cobrir a única prova possível contra minha pessoa. Lembrando que essa é uma idéia totalmente viável por uma boa parte das pessoas... ser honesto ou me dar bem? Porque ser honesto não pode ser sinônimo de se dar bem?
Logo quando a carne começa a queimar e o fogo domina o espaço, a pessoa descobre que não estava morta e começa a gritar de dor e desespero suplicando para qualquer coisa que faça a dor parar. Apagar o fogo é inviável e vem o baque na mente: "O que fazer? Ir embora ignorando os gritos e o estalar da carne fervilhando, ou dar um fim a tudo aquilo de uma forma igualmente brutal?"
Acho que teria coragem de descontar toda minha angústia e raiva no que sobrou de um ser humano. Visando a situação absurda[não impossível e muito menos pouco provável] que me encontraria, "tá no inferno abraça o capeta", infelizmente...

Nice Weather for the Ducks

Daí eu saio do banheiro e minha mãe:
- O que você tanto bate no banheiro?
Eu, desconcertado por uma pergunta tão direta e ingênua, respondo na mesma intensidade:
- Ué, mãe... Punheta!
Meu pai ri, minha irmã ri e minha mãe ri sem-graça.

Ela[mamãe] estava falando sobre eu bater o cabo da gilette na pia, pra tirar a barba que sobra...