Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

31 de agosto de 2009

Asylum

Quando a escuridão alcança meus olhos da mesma forma que a penumbra da noite está para o dia, tudo é mais seguro. Tem sempre um jeito para esquecermos quando encontramos o caminho certo. Tem coisas que fiz e disse que jamais faria. Eu vi meus pesadelos se tornando realidade e infectando minha alma doente. Medos que eu nunca acreditei que seriam possíveis. A esperança é tão pequena e tão tardia, eu sinto que quanto mais eu cresço, mais eu odeio. Quanto mais eu fico aqui, mais eu desapareço.

Na neblina da serenidade foi onde tudo se perdeu. As flores da ingenuidade pegaram fogo nos jardins do Éden. No meio ao fracasso e geadas, eu sinto o cheiro do nascer do Sol. Às vezes fica tudo tão claro, e eu me lembro.

Eu pensei que tinha tudo, mas era blefe. Descobri que a pele das pessoas não são densas o suficiente quando a navalha deslizou suavemente sobre os doces sorrisos de cera. Então eu desejei, na minha fraqueza, voltar e deixar tudo como era antes, quando eu não me sentia sozinho e não encarava a realidade.

Eu pensei que eu tinha perdido tudo, até perder muito mais.

A devoção de um tolo engolida por um espaço vazio que me faz chorar lágrimas de pesar e congelam meu rosto, tornando-me inexpressivo. Eu fiz tudo o que eu podia fazer. Alguém, por favor, pode me tirar daqui?

30 de agosto de 2009

Contagem

Não era para eu estar aqui22. Mas agora que estou, penso em ficar, mas sem abandonar o sair. 21Talvez mais um ano, mais dois ou dez, quem sabe?20Quem sabe eu não tento um caminho diferente, procurando ser mais sincero comigo mesmo e agradecendo por respirar e estar vivo mais um dia...19 Ok, sem forçar.

M1a8s vou tentar não pensar (tanto) nisso. Talvez até arrisque planejar um futuro 17. Pra ser bem sincero, 16, eu não pensei que fosse estar aqui. Tipo, 22, quando era pra ser só 21. 15. Aí agora eu não sei.
14
Talvez faça aquela viagem que sempre quis 13 Olha, é um pensamento para 2011, e a viagem vai ser de um ou dois anos. 12Quanto tempo! É algo que eu realmente quero fazer. Só que o que me confunde é que, se algo acontecer e me impedir de ir, eu não vou me importar. [dez]. Então não sei, acho que nada realmente me motiva9. Eu só ouço os gritos de 8VIVA, mas por quê?, pra quê?. Estes gritos não me oferecem nada7. A não ser a estrada, essa sim. 6

Viver por ela, talvez, eu quero, juro que sim!5 E estou fazendo o possível, porém entenda o quão difícil é pra mim. 4 Eu não sei quanto tempo vai durar esse pensamento3. Eu quero ser eterno. E percebi que para isso é preciso viver. 2Eu tento, mas não sei o quanto eu aguento. 1. Caso aconteça algo com a carne, não deixe minhas palavras ao léu

0 .





24 de agosto de 2009

About a Boy

Sinto sua falta. Um amigo perdido entre tantos outros, eu sou o que você menos conheceu. Mas eu te conheci muito bem. Eu também me sinto muito sozinho. E te guardo no meu lugar especial. Foi tudo tão cedo, eu tinha sete anos, mal sabia que a vida era uma merda. Mas você já, e me adiantou muito bem tudo isso.

27 anos para você. Quantos eu irei durar?, é o que eu me pergunto todo dia. Será que essa merda nunca vai acabar? 22 aniversários, e nenhum deles foi o meu dia. Todo dia eu acordo com o travesseiro úmido de lágrimas. 22 lágrimas para me fazer sofrer. Outras 27 por você.
Eu nunca senti tanta falta de alguém que não conheci.

É só saudade. Só. Como se eu dissesse isso diminuisse ou mudasse alguma coisa.
Meu amigo, um dia nos encontraremos.



"It's better to burn out than to fade away"

23 de agosto de 2009

Não abandone

Hushabye

Sento a espera de minha paz e a encontro no meu último pôr-do-sol, hoje é um bom dia para ir embora. Um punhado de areia fria em minhas mãos faz a minha sentença. Minha ampulheta quebrada se mistura com a praia. O sangue escorre de minhas mãos enquanto eu mastigo o vidro. Encaro o mar como meu abismo, meu abrigo. Meu manto nas noites de inverno.

A praia no inverno é o inverso. Decadente, só eu marco minhas pegadas por suas areias úmidas. Eu não sei aonde meu espírito foi ou para onde ele quer me levar, mas está tudo bem. O mar me chama para lhe fazer parte, e deveria me contar segredos e tentar me convencer que a vida é muito mais. Mas comigo ele é sincero, sabe que eu sei que é isso. Só isso.

Eu quero enfrentá-lo, encará-lo, invadi-lo fundo, o mais fundo que puder. Porque não existe nenhum outro lugar aonde eu quero estar e mais ninguém que eu queira ver, mas tudo bem. Partículas de dor invadem meu cérebro avisando que vieram para ficar. Trabalham sem parar, não me deixando esquecer um minuto sequer. Eu não consigo mais esconder, nem ao menos fugir. Eu só preciso escapar.

O barulho de máquinas e apitos e gritos e sirenes e fogos de artifícios ecoam na minha mente. Música que me faz chorar. Faz o tempo parar, o som abafado do oceano, ondas de canto lírico, de poética onírica e atemporal. É um bom dia. Quero morrer no mar.

21 de agosto de 2009

.

Hoje eu estou feliz
Porque encontrei os meus amigos
Enforcados na sala de estar

Eu desenhei minha história
nas paredes de casa
Depois ateei fogo com minha família lá,
Trancada

Me sinto amado
Eu estou tão chapado
Que encontrei Deus

19 de agosto de 2009

Monstro Laranja


Veio da ilha de edição
Correndo nos sonhos bestiais

Se parece com todos os animais

Seu monstro de estimação


Pegadas laranjas impressas no chão

Rugidos ao mesmo tempo graves e agudos
Caminhando sem direção, pela multidão

No meio de realidades e sonhos absurdos


Monstro laranja

Espero que seja só isso

Um mito que um dia conhecerei

Anda sem razão ou compromisso

Desconhece qualquer e toda lei


Me liberte também

---

pelas conversas.

17 de agosto de 2009

New Dawn Fades

Mais um semestre de aula. Mais alguns meses trancafiado na sala de aula, cheio de gente estúpida e fedida de cigarro. Eu aguardo o final do que apenas começou, e não imagino o caminho para atravessar, nem sequer me vejo nele.

Vejo novos decotes, novos cabelos, o tempo mudou. Mas continuamos todos ocupados morrendo aos poucos. Eu não aguento mais essa prisão, eu não quero mais nada disso, não faz nem nunca fez sentido. Não quero bar nem diversão universitária. Quero só vomitar esse enjoo pra ver se passa.

Vejo alguns rostos conhecidos, mas não quero entrar na roda e fingir graça das mesmices desgraçadas. Eu me percebo com uma voz irritada e tenho que correr até o banheiro para chorar. Antecipo as lágrimas de mais um semestre.

"Oh, I've walked on water, run through fire
Can't seem to feel it anymore
It was me, waiting for me, Hoping for something more
Me, see me in this time, hoping for something else"


Foi com esse trecho que se iniciaram as aulas para mim.

15 de agosto de 2009

Até Já

Segui o caminho de quebra-cabeças até seu esconderijo. Nada encontrei a não ser vestígios de você. Um insulto, uma mecha de cabelo cortado, alguns livros, um dado e muito amor e carinho, muito carinho.

Não te achava aquela manhã, até rever seu sorriso. Ahh sim, o portal da alegria. Nada podia ser melhor do que aquela manhã de Sol, chocolate quente e piano. Eu estava triste e fraco, mas consciente de que deveria melhorar porque estava na missão de te encontrar. E assim tentei, tentei o meu melhor.

Pela garota sem cheiro que eu vi crescer. Já te vi descabelada, desesperada, esperançosa, parecendo um moleque e toda arrumada parecendo princesa. São quase cinco anos juntos, nos conhecemos há quatro, fizemos três aniversários (porque um eu esqueci), somos dois que são um: Wonderlando.

Aqui eu sei que vou sempre te achar. Agora eu vou me perder em caminhos tentando te encontrar. (Porque sua festa é secreta né?! Ô lugarzinho difícil!)

Feliz aniversário Lice, que seus sonhos possam ser reais e que sua realidade também possa ser sonho; que o acaso possa te guiar a belas oportunidades e que você tenha autonomia para fazer as escolhas certas. Você é meu "tchuqui tchuqui"!

Até daqui a pouco, querida calaveira.

13 de agosto de 2009

Ela disse adeus

Ela disse adeus.
(Now our thing is gone)
(As you blink we're done)
(How to get on with life?)
(How to have some fun?)

Ela disse adeus e chorou,
com muitos sinais de amor.
Ela se vestiu e se olhou;
um lixo e se detestou.
Lágrimas por alguém,
não só porque é triste o fim.
Não foi outro amor que se acabou.
[Foi o primeiro]

Ele quis lhe pedir pra ficar;
mas hesitou em tentar.
Quis lhe prometer melhorar,
só querer não ia adiantar.
Ela ainda precisa de você,
sempre o primeiro a saber.

ela disse adeus

12 de agosto de 2009

Laços

Meu all-star branco desamarrado e com três anos de caminhada e sujeira acumulada pisou numa fita de cetim laranja caída no meio do asfalto. Lembrei-me que você adorava enfeitar a minha irmã com uma fita idêntica quando ela mal tinha idade pra falar. Andamos em voltas retas na mesma esfera e nos encontramos sempre no mesmo lugar.

Caminho tateando memórias em estradas cada vez mais nebulosas. Não acredito mais no mesmo Deus daquela época. Eu sonho com a cura à procura de sua luz. A chuva no chão revela mais uma vida perdida e em vão. Olho pra trás e vejo o passado em chamas que o tempo queimou. Eu só queria de novo poder saber aonde você está.

Mas eu irei amanhã. Tenho riscos e rabisco todas as palavras e desenhos sem forma em folhas jogadas e esquecidas que compõem a minha história mal escrita. Então você irá novamente nos devolver os laços perdidos pelo caminho. Eu não quero o corpo. Eu irei amanhã.

Mesmo encontrando laços perdidos pelo presente, Eu nunca mais acreditarei no mesmo Deus.

12 Rosas

12 anos sem você. Eu nunca disse o tanto que tinha para dizer. 12 anos atrás era só amor, só risadas e sonhos. As coisas simplesmente aconteciam porque sim e aceitava assim. 12 anos sem o cheiro da terra molhada e do orvalho cobrindo a roseira, que esperava ansiosamente o primeiro botão desabrochar para te fazer florir. E te cobria de carinho e rosas.

Uma por nosso primeiro encontro; porque me encantava seu encanto; porque era feliz e ponto. Incontáveis espinhos sofri por seu sorriso, que curava toda e qualquer dor. Quantas vezes você desconfiou, quando em silêncio eu juntava uma por uma para te pegar desprevenida e fazer chuva de pétalas de flor?!

Agora, de quando em quando me redimo em lhe dedicar uma rosa cor-de-rosa desbotada, com gosto de lágrimas. Eu me machuco nos espinhos e continuo ferido. Um buquê de 12 rosas para o seu aniversário.

Seu filho, Kiddo.

12/08/97

Hoje eu disse não
Neguei para enganar
Não fazer sofrer o coração

Hoje eu não te vi
Estava sem coragem
Mas não quer dizer que te esqueci

Hoje eu não entendi Deus
Foi-se mais um dia
Mais uma vida vivida
Eu nunca consegui dizer adeus.

Sem fim.

Onde eu estive todo esse tempo? Eu fiquei esperando escondido essa vida acabar. As peças se desfazem deixando um buraco. O mesmo buraco que você está, me fazendo caminhar e deitar num abismo sem fim. Eu nunca entendi nada mesmo. Vendi minha alma por uma vida inteira fazer voltar. Se eu nunca mais te ver, eu prometo que morrerei ao seu lado, o lugar que você diz ser meu. Padecer por toda a eternidade pelo tempo perdido sem você.

Todo esse tempo sem sua voz me fez perder o caminho. Sempre fui aquele bonequinho vodú com a linha presa. Quanto mais eu caminho, mais me desfaço. Só que eu tenho pouca linha, pouca fibra. O algodão que você costurou com tanto esmero ficou espalhado no passado. Estou vazio e sem ninguém para me consertar. Você foi embora sem ouvir o que eu tinha para dizer.

Eu quero estar aonde você está, e te abraçar para acordar desse pesadelo. Às vezes eu ainda sinto seu cheiro. E o tempo para. É quando te reencontro naquele lugar que você diz ser meu. Eu tenho tanto para lhe falar, mas agora sou só[.] um buraco vazio completo. Uma dor infinita num abismo sem fim.

5 de agosto de 2009

Resquícios de Saudade


Depois de um longo silêncio, trocamos poucas palavras. Lágrimas de um coração apertado presas na garganta. Eu digo saudade. Você diz saudade, mas se faz escorregadia como um peixe, se esvai. Promete um abraço que sempre espero. “Espero” de aguardo e de esperança. E espero. Pandora deve ter carregado em sua caixa algo muito melhor que esperança, porque a esperança trai.

Minha dor não tem vergonha de se repetir e sempre aparecer. Se vai sem prévios avisos, e quando vem, vem cheia de mesmices que não consigo argumentar, que não posso lutar. E você enfia mais fundo, quebrando minha alma remendada. Eu não vejo a hora de fazer você se apaixonar por mim, para eu fazer seu peito palpitar tanto que irei explodir seu coração em pedacinhos dentro de você.

Te engoli como se fosse as melhores pílulas. E você era meu melhor remédio. Até causar overdose e me fazer morrer no corredor do hospital. Você sempre foi a maçã impecável cheia de vermes, a seringa perfeita e aidética, a navalha enferrujada que eu adorava me cortar. Os vestígios de nosso amor traduzidos em belas palavras que não são mais para mim.

Eu costumava te segurar, éramos facas afiadas prontas para machucar. Até... até. Sobrei nas dores, em amor, nos erros, nas amizades... E sou so(m)bras de você, que tropeça em seus pés e te dá a mão quando quiser; que some com a escuridão, mas que aparece em luz. Quero ser sua luz, embora sabendo que sempre serei resquícios do que me sobrou para ser.

3 de agosto de 2009

Lar, Doce Lar

Como prometido, estou de volta. Aqui eu pude parar por este tempo premente, mas a vida não nos permite tais luxos. Consequentemente, muita coisa aconteceu, boas e ruins como sempre, como a vida deve ser. Escrevi, não tanto quanto costumo escrever. Li bastante, bastante mesmo, muito beatnik e esquerdismo. Fiz um curta-metragem que logo logo estará disponível. O Gatos na Janela continua lá, tenho mais algumas ideias para mais uns textinhos e depois acaba.

Nã há nada nem nenhum lugar como nosso lar. Sabe aquela sensação de fazer uma longa viagem para um lugar muito desejado, mas que o melhor de tudo é voltar pra casa e deitar na própria cama?

=)

2 de agosto de 2009

À Musa

Tudo como deveria ser. Na verdade não, se não fosse você. Se não fosse você eu teria ficado com a minha paixão, mostrado devoção para aquela que me inspira. Se não fosse você, com certeza eu teria me esquentado nesses dias de inverno, teria carinho e exigências para mais carinho. Teria dado e recebido o beijo mais demorado e ansioso de toda minha vida, porque demorou tanto tempo... Tanto tempo para a água ferver que ferveu demais e evaporou.

Se não fosse você eu jamais teria escrito palavras tão belas extraídas de toda sua essência e de nossas conversas de madrugada. Ahh conversas que eu já adianto que sentirei falta. Nada será a mesma coisa, você sabe. Ou até melhor, tudo será nada daqui em diante. Mas foi bom eu ter vindo te visitar, na verdade foi ótimo porque não vim só por você. Outro motivo é porque já estava com o pé atrás porque eu duvido de você, digna de desconfiança desde o começo do livro. E o melhor de tudo é que agora tanto faz. Tanto faz.

Se não fosse você a dona das minhas palavras, seria do coração. Ainda bem que é assim, as coisas sem se misturarem. Podíamos termos nos misturado, eu em você e você em mim, com seu corpo, sua beleza, suas voz rouca e entonada de sotaque que eu adoro sussurrando besteiras, enquanto eu me decidiria se olhava pros teus olhos de mangá ou pra tua boca cheia de malícia. Mas teus olhos não me olharam e tua boca calou na minha presença. Você. Não precisava ter sido assim, mas foi como deveria ser.

Meus ressentimentos e tristezas pela musa morta.

1 de agosto de 2009

Au Revoir

bem,
você pode me entender
sabe dos meus exageros
e que eu não [me] sinto
bem,
meu bem

é difícil
sua despedida
reconciliação Irremediável
se ficar não dá
então vá
mas tente voltar
ir-remediável

como fazemos então
se eu não me sinto
bem
bem
blém
bem
como os sinos de belém
balançando sem cair
ir
remediável
irremediável

me coloca
para fora
me faz finito
mas me sinto in
finito

em minha carne finita

do pouco que eu
sei
pedaços de ti
chorei
cabelo vermelho
que eu não
sei
o cheiro

se foi
com um au revoir.

com adeus
fiquei

















[como os sinos de belém,
esperando que seja remediável o ir
tentando me sentir
bem]