Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

18 de março de 2007

Tommorow Never Comes Until It's Too Late

"...errou, sozinho, através da planície Aléia, consumindo o seu coração, evitando as pegadas dos homens..."

Defronto-me ausente na própria essência. O espelho diz que não sou.
Sinto-me causador do sopro, das intermitências do coração, que tudo se anula. O vazio atinge como se fosse só o que restasse. Um vazio abismal reduzido a um corpo desprovido de espírito encerrado em seus próprios limites. O olho que não crê, o sorriso que mente, as mãos que não tocam. O corpo se encerra numa nostalgia que trava os músculos e doe os ossos. Não rio, não choro, não soul.
Produzo meu espaço nos intertícios das estrelas, num espaço que não é meu. Nostalgia deste lugar inexistente, onde nunca me encontrei. Envencilhado numa terra cercada de inesperanças e falsas pontes. Flores que se fortalecem do salgado orvalho de lágrimas.
Aguardo insensantemente o trem após a meia-noite. Ele nunca vem. Respiro meio-dia, meia-vida, esse ar envenenado. Numa vida morta, lembranças se tornam remorsos e as ações cumpridas, culpas. A bile negra que me liquifica. Essa mélas cholé¹...

¹melancolia: mélas "negro"; cholé "bile negra"

14 de março de 2007

Hole in the Earth

"Oi" tímido, conversas sobre o mundo pop, risadas. Fotos, passeios, segredos, mais risadas. Assim construímos amizades. A Terra revoluteia e cria esbarrões que quase nunca são para bem, mas alguns ainda se salvam. E tudo começa. E tudo termina.
Amizade é atravessar a rua cercado de pessoas. Pra quê olhar pro lado? Mas o carro continua vindo... Eu sempre pensei que algum dos meus amigos fosse me puxar pra perto, me salvar, gritar "CUIDADO", como tantas vezes fiz. Eles estão mudos! E eu continuo andando com as vendas nos olhos, evitando ver o que não são os olhos que enxergam. Uma hora o carro acerta. Tira-se a venda e vê-se que não estão lá. Estranham se tornam melhores amigos...


No final, todos amigos são imaginários.

"Oi" tímido, conversas sobre o mundo pop, risadas. Fotos, passeios, segredos, mais risadas. Assim construímos amizades. A Terra revoluteia e cria esbarrões que quase nunca são para bem, mas alguns ainda se salvam. E tudo começa. E tudo termina.
Amizade é atravessar a rua cercado de pessoas. Pra quê olhar pro lado? Mas o carro continua vindo... Eu sempre pensei que algum dos meus amigos fosse me puxar pra perto, me salvar, gritar "CUIDADO", como tantas vezes fiz. Eles estão surdos! E eu continuo andando com as vendas nos olhos, evitando ver o que não são os olhos que enxergam. Uma hora o carro acerta. Tira-se a venda e vê-se que não estão lá. Melhores amigos se tornam estranhos...

Atravessava sem olhar, certo de que todos estariam lá. E eles nem se dão conta de que fui atropelado por seus próprios pés.



Amigos verdadeiros são os que criamos.
No final, todos amigos são imaginários.

12 de março de 2007

O tempo não pára de mudar



O tempo quer me pegar. Eu sei que meu relógio está enganado, ele está definitivamente mentindo pra mim. Ele não pode me fazer de boba. Eu sei sobre suas intenções diabólicas, você não sabe? As horas e os minutos marcados pelos ponteiros estão errados. Bem, adivinhe só: você não pode me fazer acreditar!

Porém eu não sei como fazer o tempo ser real e ser para mim. Tudo o que ele quer fazer é me testar, testar minhas entranhas, meu estresse... tudo através do meu atraso ou do atraso alheio. Nunca alguém está em ponto, porque o tempo não nos permite!

Como posso confiar no meu relógio, esta coisa de metal em meu pulso? Como posso confiar no tempo? Eu juro que um dia vi o ponteiro dos segundos se mover ao contrário. Porém, eu olhei uma segunda vez e ele estava em seu curso costumeiro. Eu pude praticamente ouvi-lo rindo de mim: “há, há, há! Eu te enganei! Em quem vai confiar: na lógica ou em si mesma?”.

Em quem vou confiar?! Eu SEI que é absurda a idéia de que o tempo está mentindo pra mim, de que meu relógio está rindo de mim, de que seus ponteiros estão se movendo ao contrário. É impossível e isso significa que não posso confiar em mim mesma! Meus olhos, minha mente... se eu não acredito nem em mim, como posso acreditar no tempo? Ou mesmo no relógio?

Então, o que sou? Estou certa ou louca? Eu me tornei prejudicada demais a ponto de não crer no que vejo. Eu SEI – mais uma vez eu digo – que o tempo não pode ser tocado! Mas por que raios então eu continuo a desacreditá-lo?

Não, eu tenho a resposta! Em momentos passados, meu relógio havia parado, sua bateria tinha chegado ao fim e o tempo estava todo confuso para mim. Mas para poupar a nova energia, eu o desligo quando está fora de uso, e devo religá-lo e reajustá-lo toda vez em que o desejo usar. E sempre creio que está marcando a hora errada.

Ou posso explicar também relembrando meus momentos de sonambulismo, nos quais eu acreditava piamente o relógio estar marcando determinada hora, quando na realidade era uma hora totalmente diferente. Pronto, tudo explicado através da história ambiental!

Entretanto... como posso eu não acreditar em nenhum relógio, seja de quem for, estando lúcida? Não devo estar lúcida então. Louca estou. Louca sou.

Mas eu confio nos relógios... exceto que às vezes não.

1 de março de 2007

Empathy



The heat came from within. No place to be named or specified, just from deep under the skin. It’s such an unsettling feeling, looking for a spot to be released, the first slip or breach that might be opened through the thick armor. But the guards are not let down, they’re tough enough to not let the feeling burst out.

Or so I assumed. Soon I learned the mistake I’d made. An armor had never been built, thick or thin. No guards were in duty. At all my life, I failed growing stronger; I had tricked myself into believing I learned from past experiences, that my errors were, somehow, worth.

Once the feeling tore my flesh, I saw my incapacity, even through the blurriness of the tear, I could see. The feeling came dressed as a tear, tearing my skin. First it dropped from one eye, soon followed by the other. They were cold, the heat had faded. I could feel the cool path they were drawing on my face. I stood still, focusing on the discomfort they caused. Headed to my chin, they met and fell on my lap at the same time, from the same place.

And now she cries too. I believe it’s sympathy… though I know it’s not. We all have our own problems and little can we do to assist the ones we cherish. Most people are unaware of others and what they are going through. My job is to notice. But most times I wish people noticed me too.