Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

28 de fevereiro de 2008

Dogz

Esta é pra você que não sabe ler, e que muitas vezes finge não saber o que eu digo. Não falamos a mesma língua, mas saiba que eu também te entendo. Ora, você sabe.

Vejo pêlos brancos dominando o caramelo. Envelhecemos, mas você não mudou absolutamente nada, sendo sempre aquela chorona mimada, atenciosa e brincalhona. E disposta, sempre disposta! Não importa a hora ou o clima, você vai sempre me dar atenção e ouvir minhas baboseiras.

Minha "gatinha" imaculada, que tanto já sofreu. E sofremos juntos, fazendo o possível para que fique o maior tempo conosco aqui, sorrindo seu sorriso amarelo e já sem dente (por mais que não admitam eu sei que você ri). E ganha até apelidos como Virgem Maria, por já ter engravidado virgem e ainda por cima, voltado a andar como se você só tivesse se esquecido - milagre! - Minha foquinha descerebrada.

Quando te vejo triste, quietinha, sei que algo está errado. Então você vem cabisbaixa à procura de carinho. Isso é tão raro, e tão bom ser assim. Queria ser como você, pois você sempre me vê como eu sou, e do mesmo jeito vou em sua busca. E do seu jeito me levanta como pode. Minha caramelo inquieta.




Fique você sabendo que vai ter sempre um espaço em minhas mãos para seu osso babado, para mais um afago; tempo para um beijo no nariz, para correr sem parar, enquanto você balançar o rabo. Eis minha gratidão. Sei que você não pode ler, mas você não precisa, porque já sabe.














"Mulheres têm interesses diversos, desejos imersos

querem flores no aniversário junto com versos

no verso do bilhete e fazem piquete

pra usarmos desodorante, xampu e sabonete

Lika não espera nada disso

apenas abana o rabo e vira a barriga sem querer compromisso

deita na entrada da porta e me espera sair

com sua manchas no dorso e o rabo a sacudir" - De Leve

27 de fevereiro de 2008

Restos

Já não estava nos meus melhores dias. Muito menos na melhor das situações. Um incômodo pairava no ar, um incômodo agravado pelas pessoas ao meu redor. Mesmo assim, não recusei o convite. Os nossos "sins" nem sempre são “sins” precisos. Os nãos são temporários, os "sins" permanentes, disse meu pai. A cadeira estava muito desconfortável.

Então, a estranha desconhecida, com a qual me antipatizei, disse aquele nome. “Ela está vindo também”. Ela?? Meu estômago ficou apertado. Não podia ser ela... não ela. Ele que sabia, me olhou procurando nos meus olhos minha surpresa, minha tristeza. Eu sabia que não era ela, mas não nego ter ficado apreensiva. Por uns segundos. Segundos de situações e mais situações fantasiadas na minha cabeça.

Porém, que se dane também. Por que sempre eu que tenho vergonha, mesmo não sendo eu a que deixou? Não tenho o que esconder.

Mentira. Escondo o que restou do amor. Dele restou... restou... enfim, restou.

***

"Esperando Godot" - Samuel Beckett

ESTRAGON
Não me toque! Não me faça perguntas! Não fale comigo! Fique comigo!

VLADIMIR
Alguma vez eu o abandonei?

ESTRAGON
Você me deixou partir.

26 de fevereiro de 2008

O que Não Tem Nada e Tem Tudo

eis que surge o fato
eu não existirei
assino o seu contrato

eu me entrego a ti
não me ofereça terras
porque não saio daqui

lembre-se mais ainda
tens a mim e riquezas
e ainda por cima és linda

vamos fazer realidade
você e eu seremos
nossa única verdade

aceito teu desafeto
dou-te sorrisos
enquanto engulo concreto

então fica assim
dá-me o que te sobra
e ainda será muito pra mim

te pego e não largo
o jogo do uso e abuso
do prazer cínico e amargo

sigo-te por não ter passado
exilarei seu sofrimento
porque sabes que tem um amado

pedirei teu colo sempre
não há prazer maior
na voz que diz "por favor, entre!"



post especial em resposta à Lígia Ruy, do Escrevedeiro.
Obrigado pela inspiração.

23 de fevereiro de 2008

When Doves Cry

Chorando se foi gritando desabafos: EU NÃO SOU MEU PAI!!!


...EU NÃO SOU MEU PAI!



...Eu não sou meu pai...
...não sou...

























...não sou... ...não sou...
...não sou... ...não sou...
...não sou...
...não sou... ...não sou...

Rainydayz


Nossa despedida. O último beijo temperado a lágrimas. Olhos vidrados espelhavam dor. Não é fácil, porque envolve tudo que acompanha um ser-humano. O tudo não importa porque se foi resumido a nada. Um nada amargo que não gostaríamos de sentir. Redenção e um último abraço. Um último abraço na esperança de não mais soltar. O medo da solidão ilhada, e não há mais ninguém. Eu te amei como foi. Preciso aprender a dizer no presente, porque eu sempre amo no passado, mas o passado não volta, só se orgulha e arrepende.

22 de fevereiro de 2008

Maio de 68



"Toda vez que penso em revolução,
Sinto vontade de fazer amor."



O marginal herói.
O proibido proibir.

A carta me chamando pra guerra.





E eu vou.
Por que não?...

...Por que não?...

...Por que não?

21 de fevereiro de 2008

Meu filhote

Assim como há na vida de uma mulher uma época em que o mundo é um complexo ridículo, há uma época na qual queremos abraçar o mundo. Tenho vontade conversar com estranhos na rua, só porque parecem tristes. Fazer companhia. Quero partilhar os problemas, ouvir e dar aquele abraço. Chorar junto. Choro junto com a televisão e todas aquelas pessoas que não existem. Dramas irreais. Ou então choro com as pessoas que existem mesmo, mas sem elas saberem, lógico. A frase mais simples e dita sem pensar pode me fazer lacrimejar. Nessas horas, a vida tecnológica é útil. Pelo telefone, ninguém sabe o que eu faço. Nem pelo computador. Ah, mas eu falo como se fosse vergonhoso chorar. Não é não!! É apenas mais uma expressão de sensibilidade e empatia. Como um sorriso.

Esses dias, porém, tive meu momento mais absurdo de querer abraçar o mundo. Sensibilidade em alta, a caminho de uma tarde apaixonada. Passos... passos... passos. Ao longe, vejo na calçada uma mancha negra. Passo, passo, passo, a mancha está próxima. Chego perto e vejo que é um rato. Passopassopasso, para trás. Chilique na espinha, meu deus!, um rato! Nunca tinha visto um rato de tão perto. Ele parecia molhado. Olhei novamente e vi que tremia. Movia-se de forma débil, sem sair do lugar. Olhinhos cerrados, rabo descoordenado, sem forças nas patinhas. Era pequeno. Era frágil. Ajoelhei ao seu lado, quis tocá-lo. Ou era filhote ou estava morrendo. Estendi minha mão e pensei duas vezes. Não posso nem levar um cão para casa, imagina um rato. As convenções do mundo passaram pela minha cabeça. Levantei e deixei meu coração lá, na calçada.

15 de fevereiro de 2008

A Missing Chromosome



PARTE I

Somos os detentores do nada. É o mundo, suas faces, num segundo só. O mundo é muito grande e eu sou muito pequena. Queria estar com mais paixão para declarar meu carinho com mais amor. Why does everything feel better in the air? Há uma época na vida de toda mulher na qual o mundo se torna um complexo ridículo. Agora, estou achando o ar ridículo. Todos vêem que é mais fácil falar do estômago do que do coração e a vida está a me ludibriar. Aqui já faltam menos dias, mas aí tem um a mais... ainda.

Quando a felicidade chega é melhor aproveitá-la, jurar amor ao mundo todo, pois nunca se sabe quando o mundo jurará ódio a você. Sim, eu sou especial (por mais que eu discorde disso). Percebi coisas enterradas no chão. Havia nomes e datas. Palavras de saudade e amor. Mas que tolice, Alice, pessoas não nascem em árvores! Papai finalmente conseguiu minha sonhada casa na árvore, puxa, 20 toneladas de árvore é muita árvore.

As pessoas estão mudando, as coisas estão mudando e eu estou perdida. Apenas uma menina. Sufocou-se no seu choro apertado. Já nem lembro como eu era para ficar angustiada por ser como sou. Esse nó na minha garganta me atormenta. Não é metáfora não, é um nó mesmo. O cego chutou minha bengala e eu caí de cara no chão tirou minha visão o safado abriu meus olhos pro mundo Vida, pára! Eu quero descer.

Todo mundo se identifica com dor. Nem todo mundo foi feliz. E a letra não importa, se se é feliz. Basta se insinuar sexualmente dançando. Credo, isso sim é triste. Estar triste é proibido. Sei que às vezes parece que eu não entendo as pessoas, mas ainda sim as vejo em seus galhos solitários. Qual a graça de odiar e ninguém saber? Você acredita nas fases da dor? Eu acredito, já vi. Não sei Você, mas Eu estou começando a existir. Uma bolha de sabão se foi. Criada com tanto cuidado, um sopro de vida tão delicado. Hoje, minha vida acaba hoje.

PARTE II

Meu beijo não cura machucado, mas seria legal se curasse, né? Me deixa respirar sem te tragar. Pode chorar, pode. Mas não enxugo lágrimas. Foi ele. Foi ele. E ele foi. Que inferno! Não inferno-inferno, foi maneira terrestre de dizer. Um dia pisquei e ele sempre estava lá, em todos meus momentos. Hei de apanhar o momento, para sempre momentaneamente. Eu tinha que encontrá-lo, meu querido em terra, minha tristeza em morte. Sinto a culpa dos assassinatos nas imagens congeladas do passado. Substanciar ou verbalizar não importa agora, porque nada traduz a voz, o silêncio, a companhia ou o abraço. Eu ainda caibo no abraço.

Afinal, errar é humano. Mas quem ainda compra essa mentira? Você podia falar tantas coisas ao invés de escrever. Sabe, eu não tenho ouvidos à toa. As palavras soaram tão desconcertantes, inimagináveis pela minha imaginação. clro q antes ter meias palabrs a serem lidas do que os are d silêncio. Daí, veio a mim essa idéia: meu corpo era meu instrumento ou meu limite?

PARTE III

Sinto que bebo a tinta da sua caneta quando leio suas palavras. Sou a garota distante que virou tudo, sou chuva. O presente se embrulha como meu estômago e o passado se embaralha como minha vista seguindo as gotas da chuva na janela. As mesmas mãos que senti na minha cintura, medindo-a, descrentes de que meus órgãos caberiam ali. Quando eu toco você, eu toco você. Prefiro abraçar pessoas ensopadas de chuva, do que nunca sentir seu calor. Beijar é ter a pessoa dentro de você, assim como sexo. O fogo está lá, apagá-lo não é possível. Mas apagar a pessoa sim! (hahaha).

Quero atravessar a rua fora da faixa segurando sua mão. Queria conversar. Tô cansada, queria me arrumar. Tô com saudade de quem eu amo. Ela podia tudo e qualquer coisa. Fez o todo e o tanto faz. Para no final, dar no que deu. Terminar com um "te amo" é batido e desnecessário.


A questão deixa de ser quando foi meu primeiro sorriso falso. Passa a ser se eu me lembro do meu último sorriso verdadeiro. Sorriso verdadeiro é aquele sorrido sozinho. O tempo quer me pegar. Eu SEI – mais uma vez eu digo – que o tempo não pode ser tocado! Mas por que raios então eu continuo a desacreditá-lo? Uma faca não vai voar no meio da sua testa por acidente. Digo, é possível, mas você entende o que eu digo, não? Mas tirando este medo, o que somos? Todo mundo é insignificante pro universo. Ainda bem que sou. Imagina ter a responsabilidade do Peter Petrelli? Eu quero aprender. Com. Nada parece bom. Eu nunca esqueço. Mas isso é agora. Daqui a pouco passa. Olha, já passou.


Pode ser uma nova vida, pode ser a continuação dessa, pode ser nada. O fim e ponto final. Por que não percebemos o Acaso?

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3 partes de frases suas. 2 anos de você. Única pra mim. Quantos mais não importam números, mas o que foi dito e feito. E nós somos bons juntos. taí em cima, embaixo, no plano de fundo do Wonder. Dito, e feito!

Desculpem-me...

... se parecer insensível ou algo do tipo, é que... É que não sou do tipo que fala.



O mundo me castigou e não sofri um acidente, os remédios não funcionaram, as doenças foram curadas e as drogas não foram o suficiente. Mas eu perdi quase tudo e minhas felicidades são inventadas. Às vezes invento tantas histórias, tantas lembranças que já perdi o que realmente aconteceu. E imagino ter sido feliz ontem. Sempre ontem. Mas ontem eu estava no meu quarto, chorando... Às vezes eu acho que estou feliz aqui. Às vezes eu acho que continuo fingindo. Para não sentir vontade de chorar, te aperto em minha dor.

“Me abraça forte e não me deixa. Quem me dera eu pudesse ficar. Me abraça forte e não me deixa”. Ufa! Ainda bem que ela me abraçou.

Só nos encostamos quando trombamos sem querer. Encoste em mim, nem que seja pra agredir. Abraços e empurrões me fizeram até aqui.

Luzes e lágrimas nos meus olhos cegavam minha sanidade perdida em algumas poças d'água metros atrás. E que porra importa o que queima meus olhos? Eu não conseguia ver direito do mesmo jeito. Meus olhos inquietos encontravam o acaso na busca da resposta, mesmo sem ao menos elaborar a pergunta. Então eu fechei meus olhos pra notar coisas que passaram despercebidas. Pude ver um par de asas negras que a enfeitavam tornando-a mais bela, mais ela. E eu ficaria enfeitando suas estantes. Seus instantes... mas quando cheguei, estava tudo maior. O banheiro ecoava o vazio, e nas estantes, só mais espaço para o pó. Para mais silêncio.

E todo cheiro de rosa me lembra a morte e traz uma forte e presente sensação de amor. Eu amo com ausência e freqüência que se deve amar. Se eu pudesse ia querer amar alguém pela última vez, ia querer ter alguém pra amar pra sempre. E não me lembro da última vez que quis manter alguma coisa. Mas as pessoas amam todos por falta de amor-próprio. Esse deve ser o problema, porque ele, meu coração, sabe mais que ninguém, que quando eu quiser que ele fique quieto, ele vai ficar. Porém, ainda assim, eu quero ser o dia dela. Me imaginei ser seu chão, para quando cair, deitar-se em mim confortavelmente.

Mas que tipo de salvação é essa, quando na verdade, se quer morrer?! E se eu morro na sala dum hospital ou pulo de cima dele, que diferença faz? Se chego ao topo, eu quero pular. Se pulo, tenho medo. Se não, não tenho nada. O chão cada vez mais distante se despedia de mim contente por aliviá-lo. Só dói quando eu respiro.

“Um dos meus medos é voltar à vida. Mas isso é segredo”.

O céu é de um branco sujo tão tristonho... Ao caminhar vejo todos chorando. Mas ao passarem por mim, todas as pessoas apontam e riem. Elas o fazem aonde não posso ver. Mas eu sei. São a sombra no fundo do armário, a sombra embaixo da cama, o medo crescendo guardado, dizendo que me ama.

Como sonhar com um futuro se nem sequer dormir podemos? Sonho sempre que estou acordando e, ao acordar, nada é real. Me batia na esperança de tocar o real. Me encostava e não me sentia lá.

Ela: você realmente existe?

Ele: você realmente acredita? Sou a fome depois do almoço. Não há imagem que me descreva, porque não há perfeição que me alcance.

Um sorriso sincero que ela só me dá quando não pode olhar através dos meus olhos. Perdida em caminhos que não levam a nenhum lugar. Bebida que te engasga. Fumaça que te cega. Sua inspiração e expiração são sempre as últimas agora. Seguro a faca como seguraria um amor caindo de um penhasco. Não tem espaço pra mais de um (o cobertor é de solteiro).

“Só desce ao inferno quem é pesado demais”. A maior ironia da vida é a Morte ser a que mais gosta de viver.

O tic vai. O tac volta e me avisa o tempo perdido. Escolher é benefício para poucos, mas às vezes concluo que é castigo por sermos covardes. As bandeiras de protesto viraram confete, os gritos viraram música, a marcha virou samba. Me trocaram por lantejoulas brilhantes e fantasias coloridas que vestem sorrisos em corpos semi-nus. É carnaval, e eu não aconteci.

Era honestidade, a mentira que eu sempre acreditei. Viver enlouquece. Pensar deprime. Por que ninguém pergunta "por quê?" quando respondemos que está tudo bem? As coisas acontecem ao acaso.

***

Dois anos. Dois anos de frases que me tocaram de diversos modos, que aguçaram meus olhos e que agora se encontram reunidas num único suspiro. Aqui está o Yuri que se despeja no Wonderlando nestes dois anos. Aqui está o que Yuri por Yuri é, para mim. Meus olhos, suas palavras.

13 de fevereiro de 2008

Wish



Era honestidade, a mentira que eu sempre acreditei. Você era o espelho do correto, do que eu julgava direito. Agora você é senhor, velho, e filha-da-puta. Estranhe a falta de respeito que tive por toda a minha vida assim como eu estranhei a sua falta de caráter. Sinta a mesma raiva que sinto agora por ter sido enganado por toda a vida. Valores destruídos. Você fez parte da construção deles e, como um animal bruto e inconsciente, ajudou a destruir.

Eu ainda estava ali, mas e você, onde esteve durante todos esses anos? Anos de cólera onde eu sempre acreditei ser seu reflexo. Uma parte justa, pelo menos. Um reflexo limpo e honesto como você "ensinou". E vê-lo destruindo tudo que (me) construiu dói. Mas não te impeço. Não choro. Você merece somente o meu desprezo. E meu coração tão maltratado... adivinha? Patético. Todos nós. Eu por acreditar, você por mentir. E me encostar com essas mãos sujas de merda.

Você puxou o gatilho do que estive sempre evitando. Você conseguiu libertar a fúria condensada; aquilo que nenhum de seus filhos consegue fazer, dando as costas e tapando com peneira. Peneira seria a sua cara se tivesse que falar isso frente-a-frente. Por isso escrevo, porque você já estragou demais a minha vida.

E todo você que se diz tão homem, não assumiu o caráter, guardando-o na caixinha junto às vergonhas e medos. Segredos. Apodreça seu velho tirano, enquanto eu, só apodreço.




"i put my faith in god and my trust in you
now there's nothing more fucked up i could do
wish there was something real
wish there was something true
wish there was something real in this world full of you
i'm the one without a soul
i'm the one with this big fucking hole"

7 de fevereiro de 2008

Expira

Sou pequena e corcundinha, sim. O peso do mundo está me deixando menor e mais curvada. Pois pesa, pesa e pesa. Me traz para baixo, me empurra, me puxa pra terra. Mas não a terra, dos pés no chão, porque os pesos não são realistas. São minhas fantasias, aquelas que criei quando menina, quando eu era ninguém e queria ser alguém. Então, traguei o mundo. Traguei fundo com meus pulmões, tão fundo que foi pro coração. Se alojou lá, o mundo. De vez em quando, ele decide passear. E passeia pelo meu corpo. Seu lugar preferido é na cabeça. Fica lá, martelando e batendo nos meus pensamentos. Muito egoísta este mundo, não me deixa pensar em outra coisa que não ele. Demanda toda minha atenção. Quando tento ser mais forte, ele sai da minha mente pra pesar no coração. Este, muito ligado aos meus olhos, traz como conseqüência minhas lágrimas. Eu choro. Como sempre choro. São lágrimas por não dar conta. O mundo é muito grande e eu sou muito pequena. Não o agüento sozinha, queria ajuda, mas ninguém me escuta. Sua dor é minha dor, sua alegria é minha alegria.... sabia? Por favor, não peça tanto de mim. Sou uma só. E estou cansada de viver pra fora. Posso viver pra dentro, só um pouquinho? Deixa, mundo, deixa... me deixa. Só um pouquinho. Me deixa respirar sem te tragar.

Vida Besta!



6 de fevereiro de 2008

Título: Cartas Não Têm Título II [2.911]




Estou me sentindo um completo imbecil.
Eu lembro do dia, lembro de todas as lágrimas que você me deixou ver e disse não ser nada (não que eu tenha acreditado). Lembro até onde você me permitiu.
Hoje (agorinha mesmo) eu voltei sem querer no dia 29 de novembro do ano passado. Assim como um soco no estômago eu te escrevo tentando me manter em pé pra te olhar a mesma altura.

Você conversou com meu caderno e lhe confiou palavras de desabafo, decifrando todo o nada que dizia ser. E hoje (agorinha mesmo) eu abri o caderno exatamente na página, como se ele não aguentasse mais o segredo e precisasse aliviar o peso, assim como você. Então eu não reconheci a letra, não reconheci as idéias e de repente, tudo fez sentido. Lembro exatamente do dia, da luz, do seu cheiro alí. Me sentí o maior dos idiotas por só ter visto com quase 2 meses de atraso. Ainda sinto.

Talvez você nem lembre mais do dia, do que (não)disse, e de todas as lembranças que tive ao ler sua letra. Mas você me fez lembrar. E também me fez lembrar o quanto é querida por mim, também por ter sido a primeira a ter dado atenção a um menino esquisito e sozinho;

Talvez você só queria desabafar e meu caderno estava disponível, como eu não estive o suficiente. Ou até mesmo você queria me contar, se abrir comigo e não tenha se sentido completamente à vontade. Mas agora eu li. Agora eu sei.

Desculpa se eu não te fiz sentir confortável para confiar em mim ou desabafar quando você julgou necessário, mas as minhas portas estão abertas pra você, ***. Obrigado por me fazer voltar àquele dia e por ter me preparado uma surpresa, mesmo sendo palavras de um pensamento confuso; e por ter confiado ao meu caderno estes mesmos pensamentos. Sempre que quiser, ele estará disponível à você.

À você,

2 de fevereiro de 2008

Medo Guardado


as luzes me abraçam a minha volta
as ruas foram tomadas por revolta

e o amor abafado
e o amor jogado

a sombra no fundo do armário
a sombra embaixo da cama
o medo crescendo guardado
dizendo que me ama

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- Doutor, o que é essa ansiedade, essa fadiga toda que surge de repente?

- Não quero assustá-lo, mas pode ser síndrome do pânico.

- O Quê? SÍNDROME DO PÂNICO? Claro que não! AHHHHHHHHHH como assim? Calaboca, calaboca... Não tô conseguindo respirar.

Título: Cartas Não Têm Título




(...)

Este ano foi muito estranho. É até difícil lembrar as coisa, porque parece que faz tanto tempo que aconteceram. Me esforço para lembrar o primeiro semestre, e como gostei da faculdade. De como me diverti saindo com meus amigos. Daí eu lembro de como parei de falar com a B*, de como a outra amiga minha da faculdade me tratou... Da cirurgia da Tuti. Do São Paulo Fashion Week... Do meu cabelo curto, de te ver em -, do meu julho de estudos. Deste semestre agora, deste final cansado, do meu telefonema pra você, das conversas que eu não devia ter ouvido. E desses primeiras semanas de férias agora, nas quais estou bem feliz.


Daí eu lembro do seu ano. E penso: Será que foi melhor do que seu chato 2006? Sinceramente espero que sim, mas não sei. Você esteve muito presente neste ano, fico imensamente feliz. Queria ter estado presente no seu ano também, não sei se estive o suficiente. Você com meus dados, e eu com um pouco mais de você, espero.


Você vê? Também não consigo escrever... Sei lá, fica tudo preso na minha cabeça e eu lembro de tudo que aconteceu e não consigo escrever. Vai ver é até um pouco de vergonha que eu possa ter, por gostar tanto de você, daí fico um pouco assim ainda pra te dizer o quanto foi horrível saber do seu acidente, saber que eu podia não mais te abraçar... Saber que você não está feliz, que as coisas acontecem e eu não posso fazer nada pra te ajudar. Meu beijo não cura machucado, mas seria legal se curasse, né?

Enfim, faço o que posso, o que você me deixa fazer.


Blé, às vezes eu acho que sou muito melosa com você hahaha. Mas quando a gente gosta e a outra pessoa faz a gente feliz, acho que tudo bem. E você me faz feliz, Yu. Me faz bem, muito bem. Meu amigo, meu melhor amigo, meu querido =)


Muito obrigada por este segundo ano, por estar presente na minha vida, por me deixar ser presente na sua; pelo Wonder.


Te desejo um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo. E que em 2008 continuemos os mesmos.


"keep you apart, deep in my heart, separate from the rest, where I like you the best" - Elliott.


(Porque terminar com um "te amo" é batido e desnecessário)






Lice