Meu all-star branco desamarrado e com três anos de caminhada e sujeira acumulada pisou numa fita de cetim laranja caída no meio do asfalto. Lembrei-me que você adorava enfeitar a minha irmã com uma fita idêntica quando ela mal tinha idade pra falar. Andamos em voltas retas na mesma esfera e nos encontramos sempre no mesmo lugar.
Caminho tateando memórias em estradas cada vez mais nebulosas. Não acredito mais no mesmo Deus daquela época. Eu sonho com a cura à procura de sua luz. A chuva no chão revela mais uma vida perdida e em vão. Olho pra trás e vejo o passado em chamas que o tempo queimou. Eu só queria de novo poder saber aonde você está.
Mas eu irei amanhã. Tenho riscos e rabisco todas as palavras e desenhos sem forma em folhas jogadas e esquecidas que compõem a minha história mal escrita. Então você irá novamente nos devolver os laços perdidos pelo caminho. Eu não quero o corpo. Eu irei amanhã.
Mesmo encontrando laços perdidos pelo presente, Eu nunca mais acreditarei no mesmo Deus.
Um comentário:
Não sei se é sobre um amor perdido, ou melhor, O amor perdido. Mas depois de descobrir como as coisas são... tudo leva a crer que muito da vida é tão lendário quando Papai Noel, depois que você desacredita em certas coisas, nada poderá fazer você re-acreditar.
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