
Somos todos cegos para o presente. O passado é o mais claro do mundo, vemos nossos erros, acertos e julgamos tudo. Mas é óbvio: julgamos porque não precisamos vir com soluções! A única tarefa a nós dada é aprender com ele. Nem isso o homem faz.
Então o passado nos segue. Volta ao presente a todo instante, assim que vê uma oportunidade. Como o inconsciente, que encontra nos sonhos a abertura perfeita para vir à consciência. Com qual objetivo? Ensinar sobre si mesmo.
Quando as lembranças boas vêm, causam saudade. Saudade ruim, lembra que não temos mais o que tínhamos, aquela coisa tão boa, aquele cheiro, aquela pedra. Só o vazio. A mão segurando o ar. O beijo aproveitado pelos pombos. E as lembranças ruins trazem ainda mais dor, cutucando a velha ferida que na verdade nunca sarou. Não tinha Merthiolate naquela época.
Sou mais uma prova da ignorância do homem. Minha raiva com o passado significa que nada tirei dele para o meu presente. Que pena.
O que fazer então para aprendemos? Ignorantes por natureza. Tentamos. Em vão, mas se não tentarmos, não teríamos utilidade. Extinção. Futuro tão esperado! Logo, tentamos.
A perspectiva é tudo. O olhar alheio. Você não sabe quem é, mas o desconhecido que te ouve falar todos os dias sabe. Os passos errados que são dados hoje não nos indicam que estamos caindo. Mas amanhã nos veremos no fundo, tão longe da luz. Teria sido um erro cair no buraco?
Ou seria tudo obra do Acaso?
Por que não percebemos o Acaso?