Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

10 de maio de 2010

28.

Seus olhos são flores
que eu insisto em regar com tristeza.
Gostaria de chorar também suas belezas,
mas agora sou deserto,

e meu deserto chora areia.

Nos acolhemos sempre na tempestade
acampamos nos abismos mais perigosos,
desfrutando os medos em momentos
infantis e orgulhosos.

Foi um pouco depois da lua nova pendurar no céu,
te encontrei a mais bela
anunciando um novo romance,
me dando um velho papel.

Carreguei meu ódio cansado e pesado
ao redor de seu
corpo.
Não sei se já passava da meia-noite,
mas,
meio
bêbados,
meio
a meio
e meio
inteiros,
beijamos
um beijo
e meio.
Conforto.
Nós morremos um pouco
depois do amor nascer.
Um pouco
depois que havia me sentido vivo
após tanto morto.

Te ouvia gritar em meus gritos febris em descontrole,
em cada nota construída que eu viole...
Para minha flor de fim de tarde.

Já era tarde.

Suas mãos estão nos ramos,
sua voz está na brisa.
Novamente machucamos
e acabei manchando de sangue a branca camisa,
o sumo de um coração extinto.
As ações doloridas banalizadas em dramatizações batidas.
Desculpe,
é só o que eu sinto.
Em goles de vinho tinto
para fazer ir embora,
você me expulsa
ao mesmo tempo em que me quer na hora. O que se fazer de nós,
senão desatar?
Teimosos,
ainda tentamos buscar,
o que muito perdemos e julgamos banais.
Eu nunca te alcanço,
Quase nada satisfaz.
Quase tudo fica pra trás.
Sabemos que seremos para sempre,
e para sempre,
nunca mais.

O cabelo dela está no jardim,
entre os espinhos,
fazendo a morada de aranhas.
Ela me arranha e estranha.
Me aguarda
me guarda
para o fim.

Vinte e oito dias de amor.
Mais vinte e oito,
teu peito, meu acoito.
Dois infinitos de dor.

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Finalizando a série que começou com o I Have the Map of the Piano, com todo romance meloso e brega; passando pelo falso-
excitante e sem efeito Gole de Pernas; até aqui, no inerte e estúpido 28. =)

2 comentários:

Lika Band disse...

Nossa, acho que não foi a melhor hora pra eu ler um post desse... o.0 =(

Mas gostei mto do seu blog e do lay tb =)

Alice disse...

começo lindo, ótimo final...
meio como todo meio ahhaha