Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

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29 de setembro de 2009

Silêncio

Andei pensando muito em silêncio esses dias. Andei pensando muito no silêncio esses dias. Pensei parado também. Não tenho objetivo nesse texto a não ser divagar e "pensar alto". Mas sei muito bem como ele vai acabar, pois é, porque tenho lido muito Shakespeare ultimamente. Mas chego lá, e se você tiver paciência para minhas baboseiras, também chega.

O motivo do silêncio como tema é porque tenho ficado mais calado do que o falante costumeiro que sou. Para evitar as costumeiras bobeiras que digo, os constantes desgastes que trago em palavras, as inaceitáveis contradições nos pensamentos transcritos, calo. Calo de pé. Sento.

Mas pensando agora - tudo agora tá gente?! -, qual será o motivo do Silêncio? Às vezes eu acho que ele é um personagem, ou alguém da turma, que eu posso tocar e conversar... Mas não sei seu motivo. Não sempre, pelo menos. Mas nem nosso melhor amigo nem nós mesmos nos compreendemos a toda hora. Tenho exigido demais do silêncio. E de mim.

O Ministério da Saúde [tudo maiúsCULO]adverte: exigir mais de si mesmo dá úlcera e câncer. Se os problemas persistirem, você se fodeu!

Penso no silêncio. Na significância do silêncio. Eu não estou em silêncio agora, estou aqui tagarelando palavras, mesmo que escritas, mesmo que não emita som. Há aqui o não-silêncio.

O dicionário diz que "si.lên.cio sm (lat silentiu) 1 Ausência completa de ruídos; calada. 2 Estado de quem se cala ou se abstém de falar; recusa de falar. 3 Abstenção voluntária de falar, de pronunciar qualquer palavra ou som, de escrever, de manifestar os seus pensamentos". Eu digo mais, ouvi a seguinte pergunta na roda: "E quem vai quebrar o silêncio?". Não existe a quebra do silêncio, existe sua ausência, o Micha(elis) está certo. O silêncio se ausenta porque há o ruído. O silêncio é frágil feito gota de chuva. Há ruídos e palavras. Ninguém quebra o silêncio. Há ruídos e palavras. Som. Son [ofa bít]

Ninguém fala por falar, tampouco cala por calar. Mas não tem melhor silêncio que aquele cheio de cumplicidade que desnecessecita palavras. A simples perfeição muda. A vida não é silêncio, é como diz Macbeth, a vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, que nada significam. Eu não sou silêncio, mas às vezes é preciso calar, para ser (ou parecer) sábio.

“O potente veneno cultiva totalmente o meu espírito. Se tu sempre me segurar em teu coração ficará ausente de felicidade por um tempo. E neste mundo severo, tome fôlego em tua dor, para contar minha história. O resto é silêncio.” Hamlet morre dizendo essas palavras. Quero morrer Hamlet. Quero morrer, Hamlet. [Mas não em silêncio]

Em silêncio, fico pensando, quem vai contar a minha história?

Um comentário:

Anônimo disse...

penso até em sentido mais amplo, no silêncio como ausência de qualquer comunicação:
não falar, não gritar, não emitir sons - sequer um ruído -, pois até um gemido (de dor ou de amor)pode ter uma mensagem.
não tocar, não reagir, não sorrir, ignorar, não olhar.
isso sim é um abismo entre duas pessoas, é o silêncio absoluto entre elas.
os [seus] olhos dizem tudo que não quer pronunciar. não olhe pra mim se não quiser me falar.