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30 de junho de 2007

Alone I Break

Estamos na metade do ano praticamente, e tenho muito a agradecer por algo que me ajuda a respirar todas as manhãs e dormir todas as noites; que me faz companhia na insônia e nos caminhos mais longos: Música. Este ano, com certeza, foi uma das épocas mais felizes e produtivas da música, ou melhor, para meu gosto musical.
Trent Reznor, junto com o Nine Inch Nails, fez o inesperado lançando Year Zero, um album que veio como um presente para os fãs. E melhor, lançou também esse ano o belíssimo dvd Beside You in Time, que dispensa qualquer comentário. Cada vez que ouço NIN sinto como se a voz naturalmente afinada, berrante e sofrida de Trent, segurasse a minha dor e, cada verso de seus belos escritos, um soco no peito.
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No final do ano passado, o Deftones lançou o Saturday Night Wrist. Aonde será que eles vieram em março fazer show? Exatamente em São Paulo, aqui, no meu corpo. Deftones veio como um desabafo, um grito que precisávamos dar, que estava entalado e não tínhamos nenhuma oportunidade. Com guitarras e sons distorcidos e a voz desafinada e desesperada, eles têm a capacidade de fazer a tempestade mais devastadora e nos acalmar pelos danos causados.
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KoRn. Ah, meus meninos preciosos. John, que tenho tanto esmero, que cuido como se fosse o vaso mais raro e frágil. O fato é que o KoRn não pára! Acústico, turnês do See You On the Other Side, Family Values Tour, etc. Eles são onipresentes, estão em todos os lugares.
Embora não tenha gostado muito do último album de estúdio (SYOTOS), a banda demonstrou que continua foda com o Acústico, que pré-julguei que seria péssimo. E como disse, eles não páram e o novo album já tem data de estréia, 31.07. Espero que esteja tão pesado quanto os primeiros. Tenho ouvido muito o primeiro album, e sinto falta do antigo KoRn, das letras pesadas, das dores abertas que sangravam nas cordas das guitarras e do baixo, e que apanhavam da bateria. Esperanças no novo album. Mais esperança ainda: talvez eles venham pro Brasil ainda este ano [sonhar é de graça, me deixa].
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Uma islandesa muito especial também apareceu nos lançamentos em 2007 com o album Volta. E o melhor, anunciou que virá pro Brasil. BjörK. Não nego minha paixão incondicional por ela. BjörK exala tanta excentricidade que é como uma pintura fugida da tela. Com sua capacidade de dominar uma orquestra inteira, ela reaparece com Volta, demonstrando total capacidade musical. Björk consegue ser extremos e provar sempre a qualidade de seu talento com seu belo conjunto e com suas músicas que, de tão perfeitas, pode-se sentir o cheiro. Um cheiro doce, suave...
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Não sei classificar o fato musical mais inesperado este ano, mas com certeza o mais surpreendente é ele: Marilyn Manson, que merece nossos joelhos ao chão pela mais bela notícia de todos os tempos, a de que ele virá pro Brasil. Após 10 anos, MM está de volta. Tudo bem que seu novo album Eat Me, Drink Me deixou um pouco a desejar, tanto pelas letras como pelo instrumental. Mas não há dúvidas de seu talento e sua capacidade artística. Manson é sem dúvida uma das pessoas mais criativas e seguras de si que "conheço". Uma pessoa que faz música, pinta, escreve, atua e agora está dando uma de diretor de cinema (seu primeiro filme Phantasmagoria - The Visions of Lewis Carrol). Uma inspiração viva. Marilyn Manson é pra mim o filho revoltado da Terra. Um realista que provou ser mais forte que a dor. É ele quem me ajuda a direcionar meu ódio quando ele está para explodir, atingindo inocentes. É ele quem me inspira e me dá coragem, me relembra e firma pensamentos, que me deixa ser eu mesmo e não me julga. Por isso é tão importante, e que venha gritando ódio e fazendo nossos ouvidos sangrarem e nossos pais chorarem. Manson é sempre bem-vindo.
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Esse ano também vi ao vivo Placebo. Puta que pariu, como eles são bons! Sempre e sempre e sempre e sempre. E tive uma ótima revelação sobre eles: descobri o lado B do Placebo, que eu conhecia tão poucas músicas que não estão em cd. Redescobri uma banda que me inspira e filtra minha dor, me traz boas lembranças e que chora comigo quando é preciso.
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Rapidamente e não menos importante, Queens of the Stone Age e White Stripes. Rock ácido, desértico e cru. Delícia. QOTSA lançou também esse ano, o novo album Era Vulgaris, que confesso, demorei a me acostumar. No começo não gostei muito por ter achado um album mais fraco que os anteriores, mas percebi que tinha ignorado a qualidade singular desse novo e tradicional Era Vulgaris. Ótimo.
White Stripes é uma banda que acidentalmente conheci logo no comecinho de seu nascimento. E sou altamente privilegiado e grato por isso. Com o passar dos anos, deixei a dupla um pouco de lado. Em 2005, Get Behind Me Satan, surgiu com um título super-legal e original, mas não sei, as músicas deixaram a desejar e perdi um pouco o gosto que tinha por eles. Até Icky Thump, o mais novo album da dupla. Mais experimental, mais pesado, White Stripes parece que se renovou sem deixar de ser o que sempre foi. Conseguiram fazer o mais difícil.
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Eu sou muito grato por isso, pela inspiração e pela ajuda que essas bandas e tantas outras me trazem.

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