Meu estômago está tão pequeno. Eu posso sentir suas mãos o envolvendo, comprimindo e apertando. As mesmas mãos que senti na minha cintura, medindo-a, descrentes de que meus órgãos caberiam ali. E você permanece inconsciente de que já está dentro. Do meu estômago, digo, fazendo nascer borboletas com suas mãos. As que negam as minhas ao andar, mas as aceitam ao cair.
Redige, então, a trilha sonora do momento, as delicadas notas que acordam as borboletas. O friozinho curioso causado percorre meu corpo e elas, ao baterem as asas, espalham o cheiro de darjeeling, o doce-amargo que nos serve tão bem. Sinto falta deste cheiro, que elicia lembranças partilhadas entre nós e as constelações.
Quando isso acontece, as palavras fogem de mim. Fico minimizada às analogias e metáforas que não vão nunca se igualar às minhas bolhas de sabão. São frases-esconderijo, pois todos vêem que é mais fácil falar do estômago do que do coração.
4 comentários:
que lindo isso, Alice. lindo!
delicado como borboletas.
=)
Minhas mãos crescem, não envolvo somente a cintura. Crescem os corações, também daqueles que tem Chagas.
nhóóó
Eu imaginei um monte de borboletas coloridas saindo do seu umbigo.
gostei, lice, muito sensível.
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