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1 de junho de 2008

Alan's Psychedelic Breakfast

Ontem a noite acordei quando alguém apertou minha mão. Era minha outra mão¹. Acordado e sem conseguir dormir, resolvi caminhar um pouco. De telhado em telhado percebi as casa. Eu cresci bastante nos últimos anos, os muros também. Logo, deduzi que sou um muro e passei quase um dia inteiro parado em transe até que me encontrassem e me arrancassem os tijolos. Ainda bem que não estou em Berlim.

Ontem a noite acordei quando alguém apertou minha mão. Era minha outra mão. - O que está fazendo, quer me matar? Que susto! - Analisei o cômodo escuro, meus olhos perceberam tudo. "Alaaaan, o café tá pronto!", que voz é essa? Eu moro sozinho, e não moro aqui. Eu não moro. Desci as escadas, uma moça que parece ter vindo dos anos 50 estava me aguardando, nua e sorrindo com um copo de leite na mão. - Oi, quem é vo... - ela joga o copo pra cima e deixa quebrar em seu busto, fazendo escorrer todo o leite e um pouco de sangue pelo seu corpo. "Vem, bebe, eu sei que você gosta assim".

Eu acordei odiando hoje com vontade de odiar amanhã. E não fazer nada a respeito, amanhã eu faço. Mas o amanhã de hoje não é o hoje de ontem? Caminhei até um lago próximo à casa. A moça pin-up veio correndo e pulou aflita no lago gritando e questionando por quê eu não fiz nada. Lembrei que não sabia nadar, nem ela, e talvez tenha pulado propositalmente por isso. Era seu reflexo, então se afogou na própria imagem. Voltei para a cozinha e bebi o leite misturado com esperma e sangue do chão. Assim começou meu café da manhã.

("Oh..uh..me flakes… scrambled eggs, bacon, sausages, toast, coffee marmelade..I like marmelade… pourridge..any cereal, I like all cereals…oh god…")²






¹. Frase original de William S. Burroughs no livro Almoço Nu. Genial.
². Auto-explicativo. Não entendeu, joga no Google.

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