A velha doença que eu tanto disfarço e tento ignorar, muitas vezes é mais forte do que eu. Me amarra com cintas de couro e me faz ser sua putinha. Ou simplesmente é tão sutil que me entristece só em colorir o céu, fazer baixar o Sol, sussurrar ventos uivantes e gelados me fazendo encolher. Abaixo a cabeça e desmaio imaginando ser meu travesseiro a guia da calçada. Não digo nada, só minhas vozes. Nunca falo, de nada vale minhas palavras solitárias, que tento moldar em meus lábios, que morrem num suspiro. Suo sangue e faço meu próprio apocalipse.
Eu sempre arranco a casca e deixo sangrar, e nunca sei por quê. Eu sempre choro e faço todos chorarem a minha volta, e nunca sei por quê. Até perceber que é por minha causa. O que não mata deixa cicatriz.

"Eu me sentia tão indefeso, desarmado na mesma impotência lânguida para enfrentar (ou esforçar-me para isso) a dificuldade à minha frente, como a maioria de nós já se sentiu em sonhos de infância, quando se deita sem lutar diante de um leão poderoso. Senti que a situação era desesperada; e passivamente aquiesci na aparente confissão disseminada por todas as aparências - que na realidade eu não tinha paliativos a oferecer¹".
E somente espalhava feridas incuráveis em almas desavisadas.
¹. Thomas De Quincey
Um comentário:
incuráveis?
Tadinhas dessas almas desavisadas
=/
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