Amanhã eu não sei. Vou sair para caminhar, tentar viver um pouco. Fazer a barba, tomar um banho, parar com os picos. Me limpar. Mas algo sempre me faz voltar, a última é sempre a exceção, e nunca a última. Às vezes tudo isso cansa e eu queria só ser como todo mundo, mas todo mundo tem seus venenos, seus remedinhos... Aí fico no zero a zero pensando em como são idiotas essas pessoas. Todas elas.
Nunca enxergo o amanhã, e me perco em épocas não vividas, com pessoas desconhecidas, em histórias esquecidas e clichês dignos de ensaio. Amanhã eu não sei.
Hoje... O que eu fiz hoje nem me lembro, eu acordo sempre como se nada tivesse acontecido nunca na minha vida. Me mantenho em pé com dolofina e sinto minha carne desgrudar do corpo com morfina, aí consigo relaxar e sentir o gozo escorrer. Eu não posso passar por isso de novo. Todo dia um dia. Eu não aguento mais. E nunca voo. Ops, nunca vou, quero dizer. Eu só enxergo futuro até o Sol se por, esperando que ele não renasça.
Ontem eu estava tão gelado que achei que tinha morrido mas me recusado a sair do corpo. Vi minha alma presa em mim. Enxergava tudo em dois mundos, uma hora estava aqui, e em outra, em um lugar que eu não conheço. Então vomitei o almoço e depois o jantei. Dormi aonde me colocaram para dormir e aí sim, quando acordei, vi que não estava nada resolvido, que tudo estava no mesmo lugar e eu, que já deveria ter partido, ainda estava lá.
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