Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

15 de fevereiro de 2008

Desculpem-me...

... se parecer insensível ou algo do tipo, é que... É que não sou do tipo que fala.



O mundo me castigou e não sofri um acidente, os remédios não funcionaram, as doenças foram curadas e as drogas não foram o suficiente. Mas eu perdi quase tudo e minhas felicidades são inventadas. Às vezes invento tantas histórias, tantas lembranças que já perdi o que realmente aconteceu. E imagino ter sido feliz ontem. Sempre ontem. Mas ontem eu estava no meu quarto, chorando... Às vezes eu acho que estou feliz aqui. Às vezes eu acho que continuo fingindo. Para não sentir vontade de chorar, te aperto em minha dor.

“Me abraça forte e não me deixa. Quem me dera eu pudesse ficar. Me abraça forte e não me deixa”. Ufa! Ainda bem que ela me abraçou.

Só nos encostamos quando trombamos sem querer. Encoste em mim, nem que seja pra agredir. Abraços e empurrões me fizeram até aqui.

Luzes e lágrimas nos meus olhos cegavam minha sanidade perdida em algumas poças d'água metros atrás. E que porra importa o que queima meus olhos? Eu não conseguia ver direito do mesmo jeito. Meus olhos inquietos encontravam o acaso na busca da resposta, mesmo sem ao menos elaborar a pergunta. Então eu fechei meus olhos pra notar coisas que passaram despercebidas. Pude ver um par de asas negras que a enfeitavam tornando-a mais bela, mais ela. E eu ficaria enfeitando suas estantes. Seus instantes... mas quando cheguei, estava tudo maior. O banheiro ecoava o vazio, e nas estantes, só mais espaço para o pó. Para mais silêncio.

E todo cheiro de rosa me lembra a morte e traz uma forte e presente sensação de amor. Eu amo com ausência e freqüência que se deve amar. Se eu pudesse ia querer amar alguém pela última vez, ia querer ter alguém pra amar pra sempre. E não me lembro da última vez que quis manter alguma coisa. Mas as pessoas amam todos por falta de amor-próprio. Esse deve ser o problema, porque ele, meu coração, sabe mais que ninguém, que quando eu quiser que ele fique quieto, ele vai ficar. Porém, ainda assim, eu quero ser o dia dela. Me imaginei ser seu chão, para quando cair, deitar-se em mim confortavelmente.

Mas que tipo de salvação é essa, quando na verdade, se quer morrer?! E se eu morro na sala dum hospital ou pulo de cima dele, que diferença faz? Se chego ao topo, eu quero pular. Se pulo, tenho medo. Se não, não tenho nada. O chão cada vez mais distante se despedia de mim contente por aliviá-lo. Só dói quando eu respiro.

“Um dos meus medos é voltar à vida. Mas isso é segredo”.

O céu é de um branco sujo tão tristonho... Ao caminhar vejo todos chorando. Mas ao passarem por mim, todas as pessoas apontam e riem. Elas o fazem aonde não posso ver. Mas eu sei. São a sombra no fundo do armário, a sombra embaixo da cama, o medo crescendo guardado, dizendo que me ama.

Como sonhar com um futuro se nem sequer dormir podemos? Sonho sempre que estou acordando e, ao acordar, nada é real. Me batia na esperança de tocar o real. Me encostava e não me sentia lá.

Ela: você realmente existe?

Ele: você realmente acredita? Sou a fome depois do almoço. Não há imagem que me descreva, porque não há perfeição que me alcance.

Um sorriso sincero que ela só me dá quando não pode olhar através dos meus olhos. Perdida em caminhos que não levam a nenhum lugar. Bebida que te engasga. Fumaça que te cega. Sua inspiração e expiração são sempre as últimas agora. Seguro a faca como seguraria um amor caindo de um penhasco. Não tem espaço pra mais de um (o cobertor é de solteiro).

“Só desce ao inferno quem é pesado demais”. A maior ironia da vida é a Morte ser a que mais gosta de viver.

O tic vai. O tac volta e me avisa o tempo perdido. Escolher é benefício para poucos, mas às vezes concluo que é castigo por sermos covardes. As bandeiras de protesto viraram confete, os gritos viraram música, a marcha virou samba. Me trocaram por lantejoulas brilhantes e fantasias coloridas que vestem sorrisos em corpos semi-nus. É carnaval, e eu não aconteci.

Era honestidade, a mentira que eu sempre acreditei. Viver enlouquece. Pensar deprime. Por que ninguém pergunta "por quê?" quando respondemos que está tudo bem? As coisas acontecem ao acaso.

***

Dois anos. Dois anos de frases que me tocaram de diversos modos, que aguçaram meus olhos e que agora se encontram reunidas num único suspiro. Aqui está o Yuri que se despeja no Wonderlando nestes dois anos. Aqui está o que Yuri por Yuri é, para mim. Meus olhos, suas palavras.

2 comentários:

• Yuri Kiddo • disse...

Sou suspeito a comentar alguma coisa! ^^

mas que ficou muito foda, ahhh isso ficou...

Anônimo disse...

Realmente foda. Mas será que se busca amor por falta de amor próprio? Ou talvez porque você se vê tão incrível - e ao mesmo tempo tão oculto - que alguém que visse isso também seria do seu planeta, certo? Olhares que incluem enciclópédias inteiras em comum, senso de humor absolutamente apaixonado e absurdamente particular. Não pode ser isso? Tender a amar por querer sentir plenamente a coisa de estar em casa, deitar sob os braços mais adaptados a si, voltar pro seu planeta de verdade?