Assim como há na vida de uma mulher uma época em que o mundo é um complexo ridículo, há uma época na qual queremos abraçar o mundo. Tenho vontade conversar com estranhos na rua, só porque parecem tristes. Fazer companhia. Quero partilhar os problemas, ouvir e dar aquele abraço. Chorar junto. Choro junto com a televisão e todas aquelas pessoas que não existem. Dramas irreais. Ou então choro com as pessoas que existem mesmo, mas sem elas saberem, lógico. A frase mais simples e dita sem pensar pode me fazer lacrimejar. Nessas horas, a vida tecnológica é útil. Pelo telefone, ninguém sabe o que eu faço. Nem pelo computador. Ah, mas eu falo como se fosse vergonhoso chorar. Não é não!! É apenas mais uma expressão de sensibilidade e empatia. Como um sorriso.
Esses dias, porém, tive meu momento mais absurdo de querer abraçar o mundo. Sensibilidade em alta, a caminho de uma tarde apaixonada. Passos... passos... passos. Ao longe, vejo na calçada uma mancha negra. Passo, passo, passo, a mancha está próxima. Chego perto e vejo que é um rato. Passopassopasso, para trás. Chilique na espinha, meu deus!, um rato! Nunca tinha visto um rato de tão perto. Ele parecia molhado. Olhei novamente e vi que tremia. Movia-se de forma débil, sem sair do lugar. Olhinhos cerrados, rabo descoordenado, sem forças nas patinhas. Era pequeno. Era frágil. Ajoelhei ao seu lado, quis tocá-lo. Ou era filhote ou estava morrendo. Estendi minha mão e pensei duas vezes. Não posso nem levar um cão para casa, imagina um rato. As convenções do mundo passaram pela minha cabeça. Levantei e deixei meu coração lá, na calçada.
2 comentários:
preciso falar com você!
e como ficamos dias sem nos falarmos e temos as mesmas sensações - identicas!!! Até o rato eu vi ontem de madrugada, só que este só corria de chuva, e eu também.
Vc podia dizer que era uma espécie de hamster, sabe eles são muito dóceis, já tive vários =]
Roedores nunca me deram medo...
Tem momentos que queremos abraçar o mundo mesmo.
Beijo
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