Leia-me ao vivo. Meu coração tem tanto a dizer, meu estômago tantas borboletas a voar. Meu café em pó no meu nariz, meu rosto solúvel. Meus olhos involutariamente piscam e eu perco preciosidades. Que besteira, eles mentem verdades e abertos enxergam o infinito. Ainda é pouco. Agora eu quero o que for mais bonito.
Sinto passear lentamente formigas construindo o formigueiro em mim. Sou tua estrada mal-criada, inacabada. in acabada. Beija-me, sinta o gosto do meu café pela última vez. Lembre-se, será a última vez. Feitos no breu, olhos fechados encontram suspense, muitas vezes murros, muitas vezes muros. As últimas xícaras são sempre mais saborosas, e as bocas no escuro, do que somos feitos. Não deixa esfriar, beba-me.
Anda, bebi tudo, agora lê meu futuro! No fundo, borrões descrentes. Mas eu não sei ler borra de café, não vejo nada. Exatamente! Enxergo tudo embaixo do negro mar. Negro. Na superfície, eu não vejo, ela também nada. E se afoga em mim. Que amargo bom. A vida também é assim, tem seu gosto dependendo do grão.
Encontro multidões em torrados. Mastigo todos na tentativa de diminuir o mundo. Aumentar meu amargo profundo. Açúcar ou adoçante? Não, não, obrigado. Um cigarro, mas eu não fumo.
Um trago eu trago e morro.
Mas é só por alguns segundos. Logo mais acordo pro café.
3 comentários:
Muito obrigada pelos 3 goles consecutivos.
Deixou o amargo do café na boca para lembranças.
E ó..ao vivo hein?
Beijo
Ótima finalização.
"1 pra 1, sabe como é?"
Sei sim ;-)
Um luxo!
Hahahah
E eu li, adorei e ia comentar, daí percebo a data do texto e vejo que já comentei!
Tin, tin! Ao nosso café.
:*
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