Meu estômago está tão pequeno. Eu posso sentir o medo o envolvendo, comprimindo e apertando. O mesmo medo que, de fora, mediu o espaço para crescer, descrente deste ser tão amplo. E ele permanece inconsciente de que já está dentro. Do meu estômago, digo, fazendo nascer borboletas com sua sombra. A mesma que se nega existir, mantendo-se somente sombra, mas que me aceita perseguir.
Redige, então, a trilha sonora do momento. Sons desconexos que despertam as borboletas fora de hora. O frio terrível causado percorre meu corpo e elas, ao baterem as asas freneticamente, espalham os cheiros azedos das memórias amarguradas. Sinto repulsa por este cheiro, que elicia lembranças partilhadas num passado sem retorno.
Quando isso acontece, as palavras vêm a mim. Fico presa nas analogias e metáforas que não vão nunca se igualar ao meu medo do fim. São frases escondeirijo, pois todos veem que é mais fácil falar do estômago do que do coração.
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Oposto a Viagem a Darjeeling
2 comentários:
quantas mudanças, não?
outros tempos, outro tom.
As duas pontas de uma história?
Li ambos, algumas várias vezes - mas não tenho nada a dizer por ter coisas demais a dizer. Suas palavras são tocantes, essa não é a palavra, mas é.
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